3 Destaques da 3ª ronda do The Rugby Championship 2022

Francisco IsaacAgosto 29, 20225min0

3 Destaques da 3ª ronda do The Rugby Championship 2022

Francisco IsaacAgosto 29, 20225min0
História feita pela a Argentina neste The Rugby Championship 2022, que Francisco Isaac te explica tudo o que se passou na 3a ronda

História feita pela a Argentina neste The Rugby Championship 2022, que Francisco Isaac te explica tudo o que se passou na 3a ronda

Num ano que já estava a ser desolador para os All Blacks, a Argentina decidiu arregaçar as mangas para garantir novo registo histórico, com os Pumas de Michael Cheika a conquistarem, pela primeira vez, uma vitória em território neozelandês, mantendo-se no topo do The Rugby Championship 2022 quando faltam três rondas para o seu fim. Vamos aos três destaques de um fim-de-semana que voltou a ser electrizante!

MVP: NOAH LOLESIO

Playmaker que é playmaker consegue descortinar espaços mesmo quando se depara com uma defesa de alto timbre e adornada pelos placadores e/ou defesas mais letais e eficazes, como foi o caso do médio-de-abertura da Austrália, Noah Lolesio frente aos Springboks, tendo conseguido abrir falhas na linha-de-defesa contrária sem precisar de correr muito com a oval ou de estar sempre no centro de todas as atenções, optando por um approach mais “frio” ou calculado, com as suas poucas acções a resultarem não só em jogadas perigosas como em ensaios.

O sistema de ataque idealizado por Dave Rennie tem sofrido as suas falhas, especialmente no segurar a posse de bola após uma quebra-de-linha, com os Wallabies a reagirem mal ao contra-ataque adversário, como acontecu frente aos Pumas na 2a ronda do The Rugby Championship. Contudo, quando entra em sintonia e se dá uma clara conexão dos sectores, a Austrália dá um pulo qualitativo imenso conseguindo não só chegar aos pontos, mas também de dominar o ritmo de jogo e a meter em xeque a equipa contrária, algo visto nesta terceira ronda.

Com Lolesio em forma e com confiança, os Wallabies desenvolvem um tipo de ataque mais entusiasmante e pulsante, com o n°10 tanto a poder funcionar como o criativo principal ou segundo receptor de bola nas combinações em jogo aberto, operando excelentemente bem com Hunter Paisami e Len Ikitau para atingir esse fim. Duas assistências para ensaio, duas quebras-de-linha, três passes para quebras-de-linha de um parceiro seu e uma inteligência mordaz na boa parte das acções tomadas, sendo nuclear para esta vitória dos Wallabies ante a África do Sul.

O MOMENTO: PUMAS FAZEM HISTÓRIA!

Depois de em 2020 terem somado a primeira vitória da sua história frente à Nova Zelândia, os Pumas trataram de ganhar, também pela primeira vez, em solo neozelandês frente aos All Blacks, com Michael Cheika a poder sorrir depois de uns (muito) tensos e intensos 80 minutos, num encontro que até podia ter terminado de outra forma, não fosse a excelente reação dos argentinos a um alinhamento perdido pela Nova Zelândia. Sabem o que são 192 placagens encaixadas em 198 tentativas?

Praticamente 100% de eficácia, sendo este um dos registos mais extraordinários dos últimos anos, especialmente quando consideramos o facto dos Pumas terem conseguido marcar 25 pontos, mantendo sempre os dois olhos abertos no caso de surgir uma boa oportunidade para desferir mais um golpe em contra-ataque. Marcus Kremer com 26, Julián Montoya com 18 e Tomás Lavanini com 19 foram três dos principais placadores e manipuladores da defesa dos Pumas, que soube contrariar bem o ataque neozelandês, mesmo quando este parecia ter a posse de bola controlada, o que não significou avanço credível em direção à linha-de-ensaio.

Indo ao momento da felicidade total, a Argentina forçou um erro dos All Blacks num alinhamento com o relógio a apontar os 79:20, forçando uma simples saída na formação-ordenada (bem lido e decidido por Pablo Matera) e mal a corneta tocou, a oval foi enviada para fora, encerrando uma das maiores vitórias de sempre dos Pumas no The Rugby Championship!

A FAVA: BOKS E A VITIMIZAÇÃO CONSTANTE

Ponto prévio: a vitória da Austrália ante a África do Sul foi justa para esta 3ª jornada do The Rugby Championship, não há como negar esse facto e o comentário que se segue não tem como objetivo contestar os 4 pontos conquistados pelos Wallabies. A arbitragem de Paul Williams foi, no mínimo, calejada por uma série de erros de análise e que na maior parte das ocasiões puniram os Springboks, com a ombrada de Marika Koroibete a passar impune (o ponta não faz tenções de placar, e simplesmente abalroa Makazole Mapimpi quando este estava a centímetros da linha-de-ensaio) assim como um possível amarelo para Rob Valentini na segunda-parte por derrube intencional do maul quanto este avançava perigosamente em direção à área-de-validação australiana, o que levantou um certo tumulto entre adeptos e não só afectos ao País do Arco Iris.

Porém, e apesar das queixas serem válidas, o ataque em gangue de jornalistas, sites e fãs ao juiz do jogo prova que existe um problema profundo na África do Sul no que concerne em aceitar derrotas sem tentar criar uma narrativa que árbitro A ou B prejudicou propositadamente, injectando uma raiva profunda contra todos os agentes associados ao rugby.

É um discurso perigoso e tóxico que pode ajudar a unir uma comunidade, mas à conta de criar um ambiente nocivo para o desenvolvimento e crescimento da modalidade, uma que faz questão de dizer que tem valores melhores que outras modalidades…


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