2ª ronda do Mundial de Rugby Feminino: um Le Crunch de alta loucura

Helena AmorimOutubro 17, 20225min0

2ª ronda do Mundial de Rugby Feminino: um Le Crunch de alta loucura

Helena AmorimOutubro 17, 20225min0
Que 2ª jornada do Mundial de Rugby feminino, com nota de destaque para o Le Crunch que quase acabava em surpresa!

Nesste fim de semana realizou-se a segunda jornada do Mundial Feminino de Rugby com mais dois dias e seis jogos de grande interesse, tendo um Le Crunch roubado as atenções dos fãs da bola oval!

BLACK FERNS CONTINUAM IMPARÁVEIS

No Grupo A, a Escócia sucumbiu à Austrália por 12-14,num jogo onde praticamente dominou durante a primeira hora com 12-0, fruto de muita consistência do set-piece e da fisicalidade suprema da talonadora de 24 anos Leah Bartlett. Muita indisciplina Australiana mas com uma ponta final muito concreta e dois ensaios marcados e convertidos.

No outro jogo, a Nova Zelândia cilindrou Gales com 10 ensaios e um resultado final de 12-56. Mais uma prestação de superior entendimento do jogo por parte das Black Ferns, com mais dois ensaios de Portia Woodman e uma exibição de luxo da abertura Ruahei Demant, com um ensaio e mais seis pontos saídos do seu pé, além de oito offloads. Nesta situação, a Nova Zelândia segue na frente com 10 pontos, seguidas de Austrália e Gales com igualdade pontual (4) e em último a Escócia com 2 pontos.

No Grupo B, os Estados Unidos superiorizaram-se com naturalidade frente ao Japão (6ª classificada no ranking contra a 12ª), com o resultado final a quedar-se em 30-17. No outro jogo do grupo, a Itália perdeu frente ao Canadá por 12-22, tendo no entanto começado da melhor maneira possível com um ensaio de “autor”, aos 30 segundos de jogo, da defesa italiana Vittoria Ostuni Minuzzi, recebendo a bola a meio campo de um pontapé mal conseguido das Canadianas e com boa passada e bom trabalho de pés, ter corrido até à linha de meta.

As canadianas mostraram a sua superioridade com bons entendimentos entre as avançadas e as linhas atrasadas e com finalizadoras muito eficazes, nomeadamente a ponta esquerdo Paige Farries que nos últimos quatro jogos, contando com este, marcou um total de seis ensaios pelo seu lado. De referir que esta equipa tem um set piece muito poderoso e controlado, com movimentos muito clínicos: a talonadora Emily Tuttosi, finalizou por duas vezes, esses movimentos estruturados. A capitã e nº 8 canadiana Sophie De Goede fez um jogaço e como tal, foi eleita a Player of the Match.

Neste grupo, o Canada lidera com dez pontos, Itália e USA com cinco pontos e em último, o Japão, ainda sem ter pontuado.

LE CRUNCH QUE QUASE MASTIGOU A INGLATERRA

Finalmente, o grupo C, com um tão esperado Le crunch!

A equipa francesa tem uma nova equipa técnica liderada por Thomas Darracq e sem dúvida que o factor desconhecido, foi muito tido em conta pelo lado Inglês, com algum receio e expectativa e de certa maneira a explicar algumas bolas caídas e knock ons, de jogadoras que normalmente não falham tanto a este nível.

A pressão defensiva Francesa foi sempre muito intensa, tendo sido um jogo com um anormal nível de atrito entre as jogadoras de ambas as equipas.

As Francesas, viram-se privadas de Laure Sansus, que saiu com uma lesão na perna e de Romane Ménanger que saiu depois de ter ficado inanimada após choque com a cabeça. Mais tarde, veio-se a revelar que Sansus (que já tinha decidido abandonar a carreira depois do Mundial, aos 28 anos) contraira uma ruptura dos ligamentos cruzados anteriores do joelho esquerdo, joelho esquerdo esse que, já anteriormente e por duas vezes, havia sido fustigado com lesões graves. Para substituir Sansus, foi chamada Marie Dupouy do Blagnac.

Apesar deste contratempo, a França esteve dentro do resultado deste Le Crunch até cerca de 10 minutos do fim, não tendo resistido à avalanche de momentos ofensivos, com as avançadas Inglesas a desgastarem muito a defesa contrária, com constantes e robustas incursões ao contacto. Marjorie Mayans, a asa de França, conhecida por Blonde, the Destroyer, fez jus ao nome e na sua 50ª internacionalização fez umas nada simples 28 placagens.

O lado Inglês teve um sucesso de 20 em 21 lineouts (95,2%) contra 12 em 15 do lado Francês mas em termos de mêlées, a França conseguiu 6/6 e a Inglaterra apenas 7/10.

Nota-se que a selecção comandada por Middleton está muito dependente da sua especialização nas fases-estáticas do jogo, o que não é coisa pouca, mas mais dia, menos dia, terá de diversificar um pouco as suas opções de estratégia de jogo, de modo a não acontecer como neste Le Crunch, em que sofreu desnecessariamente.

A Player of te Match foi Alex Matthews, a flanqueadora do lado fechado, devido aos seus carries, metros e à sua explosividade: merecido, sem dúvida. Não posso no entantto, deixar de mencionar Emily Scarratt que marcou todos os pontos para o seu lado. É uma jogadora já com 32 anos, 1.81m, 77 kg e verdadeiramente intratável na posição que ocupa, de segundo centro, além de ter um pontapé certeiro, quando se trata de atirar aos postes (embora na primeira jornada somente 7 ensaios foram convertidos, 5 deles pela Emilly).

Sarah Hunter igualou Rochelle “Rocky” Clarck com 137 internacionalizações. Finalmente, Fiji obteve a sua merecida primeira vitória, frente à Africa do Sul (que está três lugares acima, no ranking) por 21-17.

A Fijiana mostrou novamente que sabe tratar a bola com muita qualidade e respeito, um bom handling geral, sabe explorar bem o espaço e tem jogadoras que além da intensidade física emprestam uma grande capacidade técnica nos seus movimentos. Bom apoio, muitos metros, offloads, dummies, trabalho de pés da formação (Lavena Cavuru) que parece um bailado…mas defensivamente ainda têm muito que construir.

Siteri Rasolea, a pilar esquerdo foi um autêntico portento no jogo aberto, sendo a grande responsável pelas oportunidades de ensaio que houve para Fiji.

Inglaterra segue na frente com nove pontos, seguida de perto pela França com seis, Fiji com quatro e África do Sul com apenas um ponto.


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