Perguntas e consequências do fim do futebol de praia no Sporting CP

Tiago PelicanoOutubro 25, 20224min0

Perguntas e consequências do fim do futebol de praia no Sporting CP

Tiago PelicanoOutubro 25, 20224min0
Tiago Pelicano explica as implicações do fecho da secção de futebol de praia no Sporting CP. Que consequências poderão surgir?

O Sporting CP decidiu colocar um ponto final na modalidade de futebol praia no clube. No passado dia 6 de Outubro, foi anunciado em comunicado oficial no site dos Leões que seria encerrada a secção de futebol praia, os motivos? Pelo menos os apresentados foram que a modalidade não vai de encontro ao ADN do Sporting CP, ao não existir escalões de formação.

A meu ver, Sportinguista assumido e sócio do clube e amante da modalidade, é uma decisão precipitada e talvez até com outros fundamentos que não só os apresentados, mas nos bastidores não sabemos se será realmente apenas este o motivo para terminar… Isto porque não é 100% verdade que não existam escalões de formação, inclusivamente o Sporting CP foi pioneiro na criação de uma equipa B em 2019, com o intuito de formar jogadores para a equipa principal, equipa esta extinta mais tarde em 2021 no período da Covid 19, participou também na Madjer Youth Cup, uma prova para equipas sub-16 e sub-18 e por fim participou nos últimos 2 anos, na Seixalíada, um evento realizado no Seixal para promover desporto, que no caso do futebol praia realizou um dia para os mais pequenos, sub-10 e sub-11

Portanto, parece que a teoria de que não existem escalões de formação na modalidade cai por terra… Mas por que razão terminou? Falta de títulos? Não será… o Sporting CP foi campeão nacional à 2 épocas atrás (2020), sempre marcou presença na fase final do campeonato e tirando as ultimas duas épocas, em que a CBL investiu forte e conseguiu superar o Sporting CP, sempre foram finalistas do campeonato, nos anos em que não venceu terminou em 2º classificado.

E visto que nas últimas 2 épocas foi ultrapassado pela CBL, ao invés de investir e procurar recuperar o título nacional, termina com a modalidade… Ficará aqui um enorme ponto de interrogação sobre os reais motivos que leva um clube a terminar uma modalidade que tem já a sua história, sem sequer falar na lenda viva do futebol praia mundial, melhor jogador de sempre e Sportinguista de coração Madjer, que certamente está devastado com esta notícia, uma vez que foi ele o maior impulsionador da modalidade no clube.

E agora? Que consequências é que isto trás para a modalidade? Irá certamente ter um impacto negativo, isso é certo. A saída de um dos “Grandes” clubes nacionais de qualquer modalidade retira força à mesma e retira também visibilidade. Outra consequência será como os outros 2 “Grandes” nacionais vão olhar para isto, será que algum irá apostar na modalidade ou será que o pensamento por “o Sporting CP saiu, vamos apostar para quê?” Neste momento, no universo do futebol praia nacional paira uma pergunta… E agora?

Quem ocupa a vaga? Será a AD Buarcos, que foi despromovida? Será o CD Nacional, que foi semifinalista vencido (isto porque o outro semifinalista vencido é a CBL B)? O que fará mais sentido é subir o CD Nacional, mas teremos de esperar pelo veredito da FPF.

Para onde irão os jogadores do Sporting CP? Estamos a falar de jogadores campeões do mundo e da europa, dos melhores que existe na modalidade, como por exemplo, Rui Coimbra, Nuno Belchior ou João Gonçalves Von. E se o problema foi a falta de formação, porque que o Sporting CP, com a força que tem junto da FPF e como “Grande” nacional, não propôs uma solução para a criação de competições e dos tais escalões que não existem?

Ficam muitas perguntas no ar e é com muita tristeza que escrevo este artigo, nunca pensei ver este dia chegar, inclusivamente depois de estar em 2019 na equipa B e com o objetivo de regressar e representar o clube do meu coração novamente, ver isto tudo cair por terra por uma decisão que não faz qualquer sentido.

Certamente fica marcado como um dia negro para a modalidade em termos nacionais e internacionais, esperemos que a decisão seja temporária e que num futuro próximo a modalidade seja reativa no clube do leão rampante e possamos ver novamente a camisola verde e branca nos areais nacionais.


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