Patinagem de Velocidade: Parou tudo! E agora o que fazemos?
Em tempos de emergência sanitária como os que vivemos, muitas são as atividades que sentem as restrições para se conseguirem desenvolver. No caso do desporto, por ser uma área intimamente ligada à saúde, acaba por ser importante a sua continuidade, embora tendo que se adaptar a todas as contingências vigentes. Numa altura em que a consciência social se deve sobrepor a tudo e o bem estar da população deve ser o bem maior a preservar, importa também tentar, dentro da medida do possível, minimizar o impacto de que tais constrangimentos podem ter (e terão, de certeza) no trabalho que vinha sendo desenvolvido por todos na época desportiva 2020.
No que à Patinagem de Velocidade europeia e mundial diz respeito, o mês de março marca a entrada nas grandes competições, como campeonatos nacionais, Taças da Europa e outros torneios internacionais. Para alguns treinadores, terminou agora o período de preparação específica, para outros o de preparação geral. Para todos, definitivamente, a ausência de grandes objetivos a curto prazo deixa apenas uma opção: apontar aos Campeonatos da Europa e Campeonatos do Mundo, estes últimos já reagendados para Setembro (em vez da sua realização ser em Julho). Podemos discutir vários modelos de periodização do treino desportivo, mas tendo em conta que a Patinagem de Velocidade é uma modalidade individual, modelos com um ou dois pontos altos de forma física são os mais utilizados, ainda que possam surgir várias nuances.
A questão macro que se coloca é: esta fase de competições que foi agora suspensa / cancelada servia grandemente para potencializar a componente de treino e dar ritmo competitivo aos patinadores. Como podemos então nós, treinadores, dar esta componente aos nossos atletas?
A opção dos treinadores passará então por criar estratégias que visem manter a condição física dos seus atletas sem que tenham um calendário formal desenhado à exceção dos Europeus e Mundiais. A manutenção dos índices aeróbios, dos índices de potência conseguidos e dos níveis de força (resistente, rápida e explosiva) adquiridos até ao momento.
O “desenho” fisiológico efetuado até agora será, efetivamente, posto em causa, e sem ter a noção de quando a competição voltará à normalidade, trabalharemos com base em suposições, com todos os riscos que isso acarreta. Arriscamos uma baixa de forma agora para depois tentarmos recuperar em tempo útil? Estabilizamos os índices físicos dos atletas e tentamos, depois, continuar a escalada da forma física? Continuamos com o plano inicialmente delineado e esperamos que esta seja uma fase o mais breve possível?
É difícil prever a evolução desta Pandemia de COVID-19, mas os constrangimentos são efetivos, com consequências no desempenho de todos os atletas. Esperam-se competições internacionais muito condicionadas pela habilidades de treinadores e atletas em gerir toda esta situação…