O que é fundamental para a Patinagem de Velocidade? Destreza!
Acontece muitas vezes um patinador jovem chegar a determinado nível e estagnar. Diversos serão os fatores que poderão influenciar esta situação, desde o crescimento biológico entrar em desaceleração, à falta de motivação para treinar, entre muitos outros. Um deles é também o constrangimento que a deficiente abordagem na base causa ao desenvolvimento da técnica.
A técnica específica da modalidade é fundamental para conseguir o máximo de eficiência com o mínimo de gasto energético / esforço. Independentemente da escola técnica que possamos escolher (não existe apenas uma forma de patinar…), devemos aplicar, de acordo com as características do próprio patinador, correções para que o mesmo possa otimizar o seu rendimento. No entanto, sem uma boa base de Destreza com patins essa tarefa fica mais dificultada.
A forma como utilizamos e dispomos dos patins para nos movimentarmos, o vulgo domínio dos patins, consegue-se também através de uma abordagem consistente de um trabalho de destreza. Este trabalho poderá ser realizado com um encadeamento de tarefas / exercícios que potenciem a reação do Sistema Nervoso Central do patinador após as informações recebidas pelos diversos canais aferentes.
Já desde o final dos anos 90, com a colaboração que a Federação de Patinagem de Portugal levou a cabo com a Federação Italiana no capítulo da formação de treinadores que a abordagem de percursos de destreza ficou sistematizada.
Foram utilizados na altura alguns documentos que definiam os diversos trajetos que, de acordo com a dificuldade desejada, proporcionavam aos patinadores um conjunto de gincanas, saltos, curvas e exercícios de equilíbrio que, de forma encadeada, levavam à necessidade dos patinadores criarem soluções diversas na abordagem a tais percursos.
Atualmente esses percursos foram já revistos e são utilizados em competições dos escalões de formação nas mais diversas provas organizadas. O patinador que cumprir o percurso no menor espaço de tempo vence, sendo penalizado caso não execute alguma das tarefas propostas. O que acontece é que muitas vezes os percursos não estão adequados nem ao nível de patinagem nem às idades dos patinadores… Penso haver a necessidade de rever e categorizar esses mesmos percursos, bem como as penalizações atribuídas em cada uma das situações.
Dando como exemplo uma gincana com 3 metros de distância entre cones, fará sentido para um escalão de Escolares (6/7 anos), mas não terá benefícios para um patinador Iniciado (10/11), devido ao tamanho do patinador e ao que se pretende retirar de uma gincana nestas idades (nos mais novos a necessidade de dominar filos para mudar de direção ao passo que nos mais velhos a utilização deste domínio para, por exemplo, se movimentar de um pelotão para outro).
Fazer os percursos apenas porque é engraçado não me parece a abordagem mais correta e devemos perceber o que pretendemos com cada exercício.
Outros dos problemas é muitas vezes se treinar o percurso em vez de treinar as competências que se pretendem atingir. Se o contexto da competência for alterado, nomeadamente um percurso executado de uma forma diferente, o patinador deverá ser capaz de corresponder ao invés de memorizar determinado encadeamento.
Necessitamos, então, de definir em sede de Direção Técnica Nacional, o que se pretende desenvolver com cada um dos exercícios e/ou percursos, e passar essa informação aos técnicos quer na sua formação (cursos de treinadores) como em reuniões técnicas anuais para analisar a pertinência / eficácia da abordagem de alguns dos percursos.