O maior desafio do Andebol Português… para agora e o futuro

Nortberto CordeiroAgosto 16, 20224min0

O maior desafio do Andebol Português… para agora e o futuro

Nortberto CordeiroAgosto 16, 20224min0
Poderá o andebol português realmente dar o salto que falta, e se assumir como um dos principais países da Europa na modalidade?

Um dos maiores desafios do andebol português, senão mesmo o maior, é colocar a nossa Seleção A a disputar as fases finais dos Europeus e Mundiais com excelentes resultados, como acontece na formação. São vários os exemplos ao longo dos últimos anos, o mais recente foi a prestação da nossa seleção sub-20 que se sagrou vice-campeã europeia. Podem alguns dizer que já temos um nível muito elevado na Seleção A mas, na minha opinião, isso deve-se aos jogadores naturalizados, sem eles muito dificilmente estaríamos no nível atual, especialmente a defender. O que queremos no futuro é elevar o nível sem ter que recorrer a jogadores naturalizados.

O que falta fazer para a passagem para o escalão máximo ser mais eficaz?

Existem três fatores que, na minha opinião, são fundamentais para o andebol nacional conseguir dar o “passo” decisivo. O primeiro, é colocarmos os nossos melhores jogadores nas ligas mais fortes do mundo, caso do André Gomes, só jogando ao mais alto nível todas as semanas podemos potenciar todo o talento do atleta português. Basta ver o caso da seleção sueca, com uma liga de baixa qualidade mas com os seus melhores jogadores nas melhores ligas, a seleção colhe esses frutos. Já começamos a ver alguns jogadores nacionais nos melhores clubes do mundo, falta aumentar esse número de atletas para garantirmos uma seleção forte e com experiência de grandes jogos.

Outro fator que considero fundamental é garantirmos espaço nos clubes para os jovens talentos se começarem a desenvolver na PO01, limitarmos o número de estrangeiros pode ser uma solução. Temos alguns clubes a dar espaço para esses atletas, caso do FC Gaia, devido a um protocolo com o FC Porto (detentor da maior parte dos jovens talentos portugueses), mas podemos fazer mais. Temos alguns clubes com atletas estrangeiros de qualidade baixa, “tapando” muitas vezes o espaço para os jovens portugueses aparecerem. A nossa liga deve servir de rampa para estes jovens, aqueles que mais qualidades possuam devem sair para outras ligas, como referenciei no ponto anterior. Estes dois fatores em simultâneo garantirão não só qualidade nas seleções mais jovens, como na Seleção A.

Outro fator importante, mas que infelizmente não se prevê grandes melhorias num futuro próximo, é a questão salarial. Deveria ser suficientemente atrativa para a profissionalização ser uma realidade para quase toda PO01, e não para apenas três clubes. Temos aqui ao lado os “nuestros hermanos” a colocar já regras que ajudam a mudar a mentalidade e a realidade, por exemplo existe uma tabela salarial para os treinadores por escalões.Temos que começar a dar pequenos passos neste sentido, a começar nos próprios selecionadores.

Não posso deixar de referir outros fatores que considero importantes e que neste momento já ocorrem. O caso de já vermos alguns atletas das seleções jovens do andebol português a disputar PO01 é evidente, e os frutos desse trabalho já estão a ser colhidos. Francisco Costa, Vasco Costa, Diogo Rêma, Gabriel Cavalcanti e Pedro Oliveira são apenas alguns exemplos perfeitos disso mesmo. Agora entramos na fase de aumentar ainda mais estes números, só assim vamos ter à disposição dos nossos selecionadores qualidade e quantidade. Outra situação que ocorre cada vez mais e bem, é vermos vários atletas de muita qualidade estarem a jogar vários escalões acima ao correspondente da sua idade. Temos que acabar de uma vez com a “campeonite” e focarmos apenas no desenvolvimento do atleta.

Outro fator importante que também já se verifica, é termos os nossos clubes a disputar as provas europeias ao mais alto nível. O FC Porto já o faz há vários na EHF Champions League, tivemos também o Sporting CP a demonstrar um nível muito elevado e o caso mais recente a vitória histórica do SL Benfica da EHF European League.

Acredito que o Andebol Português tem um futuro promissor, basta acreditar e trabalharmos todos em prol da modalidade e não apenas do nosso clube.


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