O estranho caso de Chase Budinger

Nuno CanossaAgosto 4, 20243min0

O estranho caso de Chase Budinger

Nuno CanossaAgosto 4, 20243min0
Dos holofotes da NBA para o voleibol de praia, Chase Budinger é detentor de uma história que Nuno Canossa tenta descobrir neste artigo

Uma boa história requer uma ainda melhor sequela e a realidade é que Jimmer Fredette não é o único ex-atleta da NBA a competir por estes dias em Paris. Desta feita, a história de Chase Budinger: também norte-americano, escolhido no draft de 2009 e que, 15 anos depois da sua estreia nos maiores palcos do basquetebol mundial, disputa os Olímpicos, no mesmo ano em que competiu profissionalmente em Portugal. O twist é ainda maior: não foi nos maiores pavilhões de Porto, Ovar, Oliveira de Azeméis ou Lisboa, mas nas areias de Espinho.

Chase Andrew Budinger, 36 anos, jogador profissional de voleibol de praia. Há duas décadas, nos tempos do liceu, partilhava o amor, mas também o talento, entre as duas modalidades de pavilhão. No voleibol, ajudou a sua escola a vencer três campeonatos estatais e foi nomeado jogador do ano por uma das revistas mais conceituadas de voleibol. No basquetebol, a famosa nomeação All-American da McDonald’s e um MVP desse mesmo jogo dividido com uma das maiores figuras da história do desporto: Kevin Durant. Não podendo tornar-se profissional simultaneamente em ambas, optou por aquela que poderia traduzir-se em maior sucesso, rentabilidade, fama, assim como a que seria mais difícil de competir ao mais alto nível numa fase mais tardia da sua vida. Assim confirmou a sua escolha por representar a equipa de basquetebol do Arizona, ao invés das propostas para representar as mais célebres faculdades de UCLA ou USC em ambos os desportos.

De 2006 a 2015, divide simetricamente a sua estadia em três cidades. Depois de três anos universitários, três anos em Houston, representando a equipa que trocou por si na noite de draft com os Pistons, e, por fim, 3 anos em Minneapolis. Abandona a liga em 2016, após curtas estadias em Indiana e Phoenix.

Escolhido na 2ª ronda, Budinger entrava na NBA com expectativas consideravelmente menores às de Jimmer Fredette, mas sairia com uma carreira consideravelmente mais bem conseguida. Nas 407 partidas que disputou, das quais fez parte do cinco inicial em 50 ocasiões, e em cerca de 20 minutos por jogo, assinalou em média 8 pontos e 3 ressaltos com 43% de lançamentos de campo, 35% de triplo e 79% de lances livres. Foi ainda finalista do concurso de afundanços de 2012 e autor de dois jogos de 30+ pontos, com o máximo de carreira a situar-se nos 35.

Um ano após a última partida disputada na liga norte-americana de basquetebol (2017), e após um ano a jogar Euroliga ao serviço do Saski Baskonia de Espanha, Chase Budinger opta por dizer adeus a uma carreira que resultou em cerca de 20 milhões de dólares colhidos em contratos de NBA.

Ainda com 29 anos, o jogador de basquetebol californiano tornar-se-ia finalmente o jogador de voleibol californiano, com tempo ainda de construir uma carreira tão ou mais longa. E seria a opção pela vertente de praia que o levaria a competir na costa portuguesa, sendo um dos atletas da AVP e da World Tour, com o seu 13º lugar no ranking mundial a permitir sonhar com as medalhas em Paris.

Por fim, não sendo de espantar, Chase Budinger é mesmo o primeiro e único atleta a disputar pelo menos uma partida de NBA e outra num torneio olímpico de voleibol de praia. E, ao lado de Miles Evans, já garantiu o acesso à 1ª ronda dos playoffs da competição.


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