Shai Gilgeous-Alexander ou “Como os Thunder não desistem”
No verão de 2019, os OKC Thunder carregaram no temido botão do rebuild. Trocaram Paul George por Shai Gilgeous-Alexander, Danilo Gallinari e um camião de escolhas do draft; trocaram Russell Westbrook por Chris Paul. Chegava então ao fim uma bonita era no estado de Oklahoma.
Os Thunder foram, nos últimos 10 anos, a quarta equipa norte-americana mais bem sucedida. Não a quarta da NBA, a quarta do país! Apenas atrás de Pittsburgh Steelers, San Antonio Spurs e New England Patriots. Acabaram a década sem um título mas isso não significa insucesso. Lutaram sempre pelos lugares cimeiros e pelo título da NBA embora nunca tenham lá chegado.
A troca dos seus 2 melhores jogadores (um deles a cara da equipa nos últimos anos) mostrava que Sam Presti (o General Manager) estava pronto para seguir em frente. E seguir em frente na NBA normalmente significa ficar alguns anos fora do topo, ganhar escolhas altas no draft e desenvolver craques do futuro. Fizeram isso equipas como os 76ers e os Lakers e continuam numa espiral de alguns anos outras equipas desta Liga.
Apesar da troca de Paul George mostrar esta entrada num rebuild, a troca de Westbrook por Chris Paul nem por isso. A ideia inicial era trocar de imediato Paul e amealhar mais recursos de futuro. A troca não aconteceu e os Thunder entraram com tudo nesta época.
O sucesso e o porquê
56,1% de vitórias, uma equipa muito equilibrada a atacar e defender e, principalmente, bem treinada. Esta tem sido a chave para o sucesso. Billy Donovan nunca conseguiu mostrar as suas qualidades como treinador enquanto teve Westbrook a liderar a equipa e agora tem liberdade para isso. Chris Paul tem se mostrado um líder e um exemplo fantástico para a grande esperança em OKC: Shai Gilgeous-Alexander.
Shai tem 20 pontos por jogo, 5,7 ressaltos por jogo e 3 assistências por jogo. Foi o quarto jogador no segundo ano de NBA da história a fazer um triplo duplo com 20 pontos e 20 ressaltos (os outros 3 foram Shaquille O’Neal, Charles Barckley e Oscar Roberson). Uma primeira metade de época promissora, a acompanhar a prestação da equipa.
Jogo de pés incrível, ataque ao cesto irrepreensível, cada vez melhor a lançar e decisões praticamente sempre bem tomadas. Indicadores de que teremos uma nova estrela em OKC. O seu mentor, Chris Paul, parece anos mais novo. Sem a pressão de cumprir um estilo rígido e de lutar por um título como tinha em Houston, Paul está de volta ao seu antigo nível. CP3 tem sido o closer da equipa. Os Thunder têm jogado (e ganho) muitos jogos no clutch (jogos nos últimos 5 minutos com 5 ou menos pontos de diferença) e a bola tem caído sempre nas mãos de Chris Paul.
O sucesso então assenta em 3 pilares: Billy Donovan, Shai e Chris Paul. O que resta saber é: até onde pode ir este sucesso e será mesmo sucesso?
O adiar do fim ou o início de algo mais?
Com isto, os Thunder parecem estar a adiar o fim de uma era. Há quem defenda que é uma má decisão, que deviam procurar picks melhores, trocar os bons jogadores que têm e começar a olhar para o futuro. E é possível que isso aconteça. Perto do All-Star Game é possível que Presti troque Chris Paul, Gallinari, Steven Adams e até Schroder para equipas que estão a lutar pelo título. Com isto os Thunder podem amealhar mais escolhas do draft.
É um cenário possível e até provável caso apareçam boas propostas por estes jogadores. Ainda assim, os Thunder não parecem desesperados por despachar estes jogadores e vejo Presti a recusar tudo caso a oferta não lhe agrade. Com isso, os Thunder poderão ir aos playoffs e até causar dificuldades a uma das melhores equipas do Oeste.
Assim sendo é o adiar do fim, certo? Não! Experiência nos playoffs (mesmo que uma saída na primeira ronda) é a melhor forma de desenvolver talento. Ter Shai a defender Paul George ou Donovan Michell e a atacar com uma defesa bem preparada pode fazê-lo dar mais um salto.
Para além disso, tenho a certeza que enquanto Presti achar que a equipa consegue manter uma cultura vencedora (por vencedora entenda-se ser competitiva na NBA), vai tentar fazer o malabarismo de manter isso e construir o futuro. Há provas na NBA de que não é preciso destruir tudo para construir algo com qualidade (os Miami Heat são um excelente exemplo). Para isso, é preciso um bom malabarista e boas bolas para serem mantidas no ar. Sam Presti tem provado o seu talento e quer continuar a fazê-lo. Em cima disso, mistura de juventude e talento veterano ajuda a que se consiga manter tudo a funcionar.