O prometedor calor de Miami
Com 50 partidas jogadas, os Miami Heat são quartos no Este. 29 vitórias e 21 derrotas colocam a equipa de Miami num bom lugar para os Playoffs. Em jogos dentro da conferência a fasquia sobe para 20-11. Mas conseguirão manter-se por lá? E as expectativas eram assim tão boas? Respondemos a essas questões ao longo deste artigo.
As expectativas em Miami
Depois de terminar a época passada com 41 vitórias e 41 derrotas e na nona posição, algo tinha que ser feito. Miami ficou fora dos Playoffs mas longe de uma boa pick no draft. E a escolha foi acreditar na equipa que já tinham. Apenas se juntaram Bam Adebayo (draft) e Kelly Olynyk (free agency). Miami apostou em renovar os contratos dos seus jogadores e confiar na mestria de Erik Spoelstra.
Depois de perder (gradualmente) o seu trio bicampeão (LeBron-Wade-Bosh), os Heat têm tido uma vida complicada, mas este ano parece ser diferente. Ainda que as expectativas fossem de um lugar baixo nos Playoffs, o quarto lugar é prometedor.
Sem um único allstar no seu plantel, a equipa tem uns incríveis 8 jogadores com mais de 10 pontos por jogo (PPG). E era exatamente isto que Pat Riley (executivo de Miami) esperava com as suas decisões. Um plantel variado, com um banco competente numa boa mistura de juventude e experiência.
Os problemas e as limitações
Apesar do início prometedor, a equipa de Erik Spoelstra não está livre de problemas. O maior de todos são as lesões. Dion Waiters fez 30 dos 50 jogos da equipa e não joga mais esta época. Whiteside já perdeu 18 jogos e Dragic 5. Isto sem sair dos 3 principais jogadores. Com isto sobressaiu a capacidade do banco e do treinador em fazer os ajustes necessários.
A lesão de Waiters é preocupante para a equipa, mas com contributos de vários jogadores a sua ausência tem passado despercebida. Ajuda ter um regular Wayne Ellington a sair do banco com 11.4 PPG num aproveitamento de 40.5% de triplo. E ainda Tyler Johnson a tentar agarrar a titularidade com 11.9 PPG. Um plantel cheio de alternativas aceitáveis e regulares.
Outra das limitações é a organização ofensiva. Apesar de ser 4º no Este, Miami ataca mal. 25º (de 30 equipas) em Offensive Ratting (ORtg) mostra isso mesmo. ORtg mostra os pontos marcados por 100 posses de bola. Com 105.6, os Heat são uma das piores equipas da liga, ofensivamente falando.
É mesmo no ataque que Spoelstra tem que trabalhar melhor a sua equipa. Pouco movimento da bola e muito assente em cortes para o cesto, muitas vezes inconsequentes. O pouco uso de Whiteside é incompreensível. O poste tem a melhor percentagem de acerto da equipa e seria de esperar que fosse a primeira opção ofensiva. Uma força dominante no garrafão (como mostram os 11.9 ressaltos por jogo (RPG)), Whiteside aponta apenas 14.6 PPG. A única forma de explicar esta menor utilização ofensiva é as lesões do poste de Miami.
As forças e qualidades
Mas com um ataque tão previsível e facilmente anulável, como conseguiram os Heat 29 vitórias. Com defesa, claro! Miami é 6º em Deffensive Rating (DRatg) que mostra os pontos permitidos por 100 posses de bola do adversário. A presença de Whiteside é crucial neste parâmetro com os seus 1.8 blocos por jogo.
Mas não só! A defesa do perímetro de Miami é, também ela, excelente. Boas rotações e um compromisso gigante com o trabalho defensivo tornam Miami uma equipa difícil de bater. Sempre foi assim com Spoelstra, um treinador exímio defensivamente.
Outra das principais forças de Miami dá pelo nome de Goran Dragic. O base é o motor da equipa. Com 17.0 PPG, 4.8 assistências por jogo e 4.1 RPG, o esloveno faz tudo. É um excelente pontuador (43.7% de acerto) e faz a equipa funcionar seja a controlar a bola ou a cortar para cesto. Um talento puro que, aos 31 anos, encontrou o seu lugar como titular numa boa equipa.
Por fim, salientar a juventude prometedora de Miami. Richardson (extremo titular nos 50 jogos da equipa) tem 24 anos e está em claro ascendente. Justice Winslow (21) é um talento a partir do banco com uma margem de progressão fantástica. Tyler Johnson (25) assinou um super contrato com os Heat e tem cumprido como alternativa a Dragic.
E por fim, destacar o rookie Adebayo. Um poste forte mas móvel, dominante no garrafão e forte a defender. Adebayo aproveitou as lesões de Whiteside para se mostrar e há já quem fale em trocar o poste de 28 anos. O potencial de Adebayo é gigante e tem características que Whiteside não tem. É mais capaz a defender jogadores mais rápidos graças à sua agilidade e é mais versátil no ataque. Veremos o que consegue Spoelstra fazer com a 14ª escolha do draft deste ano.
Expetativas e o futuro
O presente de Miami passa por chegar o mais longe possível na tabela e, depois, nos Playoffs. Uma vitória hoje em Cleveland elevará os Heat ao terceiro lugar no Este! O sonho comanda a vida e, sem objetivo definido, Miami quer, acima de tudo, ganhar.
O futuro é, ainda assim, mais complexo. Apesar do plantel jovem, as estrelas de Miami não são novas. Dragic tem 31 anos, Whiteside 28 e Waiters 26, todos com histórico de lesões. Pat Riley terá que mexer no plantel para trazer ajuda aos jovens da equipa para que, nos próximos anos, possam lutar por algo mais.
Uma dinastia como a conseguida com Wade e LeBron não parece próxima. Mas fazer dos Heat uma equipa forte nos Playoffs é algo alcançável. Melhorando o ataque e fugindo das lesões, um futuro risonho espera esta equipa de Miami.