Mas afinal, quem é que são os favoritos a vencer a 75ª época da NBA?

Nuno CanossaMaio 11, 20227min0

Mas afinal, quem é que são os favoritos a vencer a 75ª época da NBA?

Nuno CanossaMaio 11, 20227min0
A época da NBA está na sua fase decisiva, mas quem são os verdadeiros favoritos a vencer? O Nuno Canossa e a matemática explicam!

Quem vai vencer a NBA este ano? Ora, a resposta mais sucinta seria: qualquer um dos 8 elencos restantes em competição. E, certamente, conseguiríamos arranjar argumentos para qualquer uma delas, não fossem tantas as certezas tidas no seio de cada uma das comunidades adeptas em questão. Mas e se fosse possível olhar para esta matéria de uma forma menos subjectiva? É focado nesse pensamento que proponho uma fórmula de 5 fatores, evitando ao máximo manifestar uma singela opinião sobre o assunto. Nota: se preferirem, avancem para a tabela no final do artigo antes de o lerem).

A FÓRMULA

Antes de partir para a apresentação dos resultados – fator a fator e só depois a classificação final -, tentarei justificar e explicar cada um dos mesmos. Primeiramente, é importante notar que tantas outras condições poderiam ter sido seleccionadas, podendo ter tanto ou mais peso do que as aqui foram eleitas. Isto posto, subdividi aquilo que define um candidato ao título nos seguintes parâmetros: história recente, sucesso na época regular, performance no tempo clutch, superstardom, e a saúde do plantel; sendo que a distribuição do peso foi equitativa, ou seja, cada um detém 20% da fórmula final.

HISTÓRIA RECENTE

Então, o que é isto de história recente? Como é que se define uma janela temporal em que nos seja permitido equiparar outras temporadas de uma equipa à atual de forma precisa? Ora, neste caso decidi delinear o seguinte critério: analisar o desfecho das épocas transatas lideradas pelos treinadores atuais e/ou com, pelo menos, 50% do core do plantel da temporada 2021/2022.

A flexibilidade deste critério, permite analisar casos delongados como os de Warriors ou Bucks (amostras superiores a 3 anos), sem prejudicar casos mais recentes como os de Suns ou Grizzlies (menores a esse mesmo número). É importante ainda referir que foram só analisadas as prestações em postseasons, sendo atribuída uma pontuação de 0 (não atingiu os playoffs) a 5 pontos (venceu o anel). Das equipas presentes, apenas Bucks, Warriors, Heat e Suns atingiram as finais nos últimos anos, com os dois primeiros a conseguirem erguer o tão desejoso troféu.

Quanto a Mavs, Sixers, Grizzlies e Celtics, só os últimos foram além da 2ª ronda, conseguindo a melhor das pontuações entre aqueles que não atingiram o momento decisivo da época. Posto isto, nem sempre o panorama corrente de uma equipa é relevante para o seu sucesso numa postseason – atentar no caso de Phoenix na época anterior. Ainda assim, na última década apenas Lakers (2020) e Warriors (2015) foram campeões sem na época anterior terem marcado presença na 2ª ronda dos playoffs.

Duas das maiores estrelas destes playoffs (Foto: MARCA)

SUCESSO NA ÉPOCA REGULAR DA NBA, COM UM TWIST

Cada vez mais, a época regular tem vindo a ser desvalorizada. E se há críticas a tecer à falta de competitividade em certos momentos da temporada, é também importante compreender a relevância dos 82 jogos disputados durante os 6 meses de competição. Uma amostra de tempo tão extensa permite-nos não só avaliar as principais qualidades e fragilidades de um plantel, como a forma como os mesmos se emparelham entre si. Por essa razão, creio ser de maior interesse não analisar o registo total da época regular, mas sim os confrontos com as equipas restantes nesta postseason, adicionando-lhes o registo atual das séries em disputa – que, de momento, interfere só na série entre Warriors (3-1) e Grizzlies (1-3).

Com esta condição, apenas Suns mantêm a sua posição – de líderes -, com Mavericks, Celtics e Bucks a saltarem 3 lugares e os Grizzlies a ficarem no fundo da tabela. Inegavelmente, a relevância deste parâmetro ficará condicionada por ausências, ajustes e ocorrências no próprio jogo, mas o intuito do mesmo é exclusivamente compreender como se comportaram os envolvidos em confrontos com adversários diretos.

PERFORMANCE NO TEMPO ‘CLUTCH’

Clutch time: o tempo em que a diferença pontual entre as duas equipas é inferior a 5 pontos nos últimos 5 minutos de um jogo. Esta será a primeira definição a reter para compreender o próximo parâmetro, ao qual fiquei hesitante em não atribuir um peso superior aos restantes. Isto porque a história nos diz que nesta fase da temporada, as partidas tenderão a ser disputadas até ao apito final e tornar-se-á de extrema importância a capacidade de uma equipa superiorizar-se à outra nos últimos minutos da mesma. Ora, para que os dados não fossem exclusivamente referentes à época regular ou à pequena amostra de jogos disputados nos playoffs, optei por atribuir 45% de valor às conseguidas nos primeiros 82 jogos e 55% às partidas vencidas em clutch time nesta postseason.

Esta fórmula permitiu que equipas como Celtics (.371) ou Sixers (.533) não fossem tão prejudicadas pelos maus inícios de temporada, não desmerecendo o domínio que Suns (.786) ou Grizzlies (.656) tiveram na primeira fase da mesma.

SUPERSTARDOM

É neste momento que admito ter sofrido para tentar calcular a qualidade individual de um jogador e equipará-lo a outro. Nesta caso, o cenário ainda é mais complicado, já que aquilo a que me propus foi avaliar o peso que o mesmo tem na prestação da equipa. Posto isto, não querendo partir para a turbulenta análise subjectiva, priorizei as opiniões dos fãs e dos media. Somando selecções para o jogo All-Star, nomeações para as equipas All-NBA e prémios individuais – durante o período de tempo determinado no critério história recente e calculando a média por temporada – foi sem qualquer surpresa que obtive os Milwaukee Bucks como líderes da presente categoria. No outro lado da tabela, era também esperado que Grizzlies e Mavericks ocupassem os últimos lugares.

Aponto desde já duas falhas a este modelo: a saúde dos protagonistas (ver critério seguinte) e os eventuais confrontos entre equipas, havendo claramente cenários em que uma certa ‘estrela’ teria mais dificuldades do que noutros. Ainda assim, a fórmula utilizada dá-nos a seguinte ordem: Giannis/Middleton, Embiid/Harden, Curry/Thompson/Green, CP3/Booker, Butler/Bam, Tatum/Brown, Luka e Morant. Será assim tão controverso?

SAÚDE

Nesta fase da época, qualquer lesão é indesejável. Indesejável, imprevisível e argumentativa, dada a facilidade com que se justifica o insucesso colectivo com a ausência de um jogador X. E ainda mais desafiante do que contemplar um cenário em que lesões seriam inexistentes, é analisar as mesmas como um fator influente numa caminhada de uma equipa ao título. Posto isto, sendo eu desprovido de capacidades proféticas, resta-me analisar o passado.

Assim sendo, para além das ausências prolongadas de Khris Middleton (Bucks) ou Tim Hardaway Jr. (Mavs), é importante notar questões físicas relevantes em Joel Embiid (76ers), Robert Williams (Celtics) ou Kyle Lowry (Heat). Tentando calcular o peso que cada jogador tem (ou teria) em cada uma das rotações, parece-me pouco surpreendente que Suns e Warriors estejam confortavelmente no topo, enquanto Bucks, Grizzlies ou Heat terão mais razões para se preocuparem com a questão física dos seus elementos.

CONCLUSÃO

Apresentada a fórmula de 5 fatores, qual é afinal o mais sério candidato ao título?

O domínio na época regular aliado à presença na final da última temporada, atribui o favoritismo ao Suns com o cenário mais provável a ser a reedição dessas mesmas Finais frente a uns Bucks – que ainda sem contarem com Middleton – são os favoritos a sair do Este.

A Oeste, a principal concorrência dos Suns deverão ser os Warriors, que têm a sua presença nas finais de Conferência praticamente carimbada. Heat, Celtics e Sixers têm probabilidades semelhantes de conseguirem roubar o lugar da equipa de Milwaukee, evidenciando o equilíbrio demonstrado a Este na época regular. Quanto a Mavericks e Grizzlies, o sonho de levantar o troféu Larry O’Brien parece improvável, mas não sou eu que o digo. É a matemática.

Nota final: um agradecimento a uma série de colegas tão ou mais apaixonados pela NBA e que me auxiliaram na elaboração dos fatores que vos apresentei.


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