Boston Celtics: quem não tem Kyrie caça com Kemba

Rui MesquitaNovembro 13, 20197min0

Boston Celtics: quem não tem Kyrie caça com Kemba

Rui MesquitaNovembro 13, 20197min0
Os Boston Celtics estão a fazer um excelente início de época, mas como explicar este sucesso. Fácil, quem tem Kemba Walker tem... quase tudo!

Os Boston Celtics entraram nesta época com desfalques importantes na sua equipa, e com mudanças interessantes. Pela primeira vez em alguns anos não entraram como favoritos no Este. Perderam Al Horford, Terry Rozier, Kyrie Irving e adicionaram Kemba Walker. O base que atuava nos Charlotte Hornets sempre esteve mal aproveitado e chegou para um desafio interessante de lutar pelo título.

Apesar da boa adição, a equipa parecia mais fraca. Então como explicar o começo avassalador dos Celtics? Depois da derrota no primeiro jogo contra os Philadelphia 76ers, Boston venceu 8 jogos seguidos! Estão 8-1 esta época e por isso lideram não só o Este mas também toda a Liga. O leitor deve estar a pensar: “Ok, mas foram apenas 9 jogos, é caso para alarme?”. Sim, é.

O mentor e obreiro desta equipa: Brad Stevens (Foto: USA Today)

Com a saída de Kawhi Leonard para o Oeste, os Raptors deixaram de contar como favoritos no Este. Desta forma sobram os 76ers de Embiid e os Bucks de Giannis. A terceira força são os Celtics e, pelo que vemos neste início, podem muito bem atacar o top 2 e surpreender nos playoffs. Mas percebamos porquê.

Kemba mais 4

A posição de poste (center) é aquela em que Boston está mais desfalcada. Enes Kanter chegou aos Celtics mas fez ainda só 2 jogos e, apesar de ofensivamente ser talentoso, compromete na defesa. A escolha tem recaído em Daniel Theis, alemão de 27 anos na terceira época em Boston. É incomparável a qualidade de Theis com a de Al Horford mas os Celtics têm vivido bem com a mudança. Theis defende bem, cumpre debaixo do cesto, ganha ressaltos e dá bons screens para Kemba e companhia.

Falando em Kemba, que jogador! Já era sabida a sua qualidade com a bola nas mãos. Excelente lançador, rápido a atacar o cesto, virtuoso no drible. Um base completo que nas 4 últimas temporadas vinha marcando mais de 20 pontos por jogo (PPG) e 5 assistências por jogo (APG). Tudo isto numa equipa com pouco mais a acrescentar. Agora, liderando uma equipa melhor, o que aconteceram aos seus números?

Kemba mantém o número de turnovers: 2,2 por jogo e baixou um pouco o número de assistências para 4,6 por jogo. Isto advém de não ser o único playmaker em campo. Mantém 25 PPG mas há um aspeto em que disparou: triplos. Kemba sempre foi um bom lançador de triplos mas esta época, com o espaçamento que outros bons lançadores oferecem e pelas oportunidades que uma boa ofensiva dá, está noutro nível. 43,7% de acerto em quase 10 lançamentos por jogo! Um registo impressionante da nova aquisição dos Celtics.

Para efeitos de comparação, na época passada, Kyrie Irving lançou (de triplo) 6,5 vezes por jogo com um acerto de 40,1%. O único número em que Irving ganha é em APG, fazendo 6,9. Kemba chegou para liderar a ofensiva mas também para lançar, que é o faz melhor.

Os miúdos estão a crescer, Brad…

Brad Stevens surpreendeu muita gente quando pegou nos Celtics e os colocou a jogar bom basquetebol. Bem organizados ofensivamente, eficazes a defender. Conseguia extrair o máximo dos seus jogadores, muitos deles tendo as melhores épocas da carreira quando treinados por Stevens.

O core dos Celtics são, para além de Kemba, os jovens que draftaram. As picks adquiridas na famosa troca com os Nets deram frutos, nomeadamente Jaylen Brown e Jayson Tatum. E o sucesso destes “novos” Celtics passa muito por eles.

Brown, nos 6 jogos que fez esta época, passou de 13 PPG para 19,8, enquanto lança com 53% de acerto. Piorou um pouco nos triplos mas, em compensação, melhorou um dos seus pontos fracos: lançamento de lances livres. Está a assistir mais e a ganhar mais ressaltos que nunca.

As duas grandes esperanças dos Boston Celtics (Foto: YouTube)

Já Jayson Tatum é, ainda, a grande esperança do Stevens para alcançar o máximo sucesso (entenda-se, um título na NBA). Tatum está a marcar quase mais 4 PPG do que na época passada, mas baixou as percentagens de acerto. Isto deve-se à maior preponderância na ofensiva dos Celtics que levam a que Tatum faça mais 5 lançamentos por jogo.

Esta maior preponderância e melhoria nos dois é fruto da evolução deles enquanto jogadores e dentro de um sistema criado para os potenciar. Espera-se que deem o salto esta época e, no caso de Tatum, que comece a aproximar-se do nível all-star que os Celtics precisarão nos playoffs.

Hayward azarado e uma conclusão

Do 5 inicial dos Celtics falta falar num nome: Gordon Hayward. Depois da lesão feia no primeiro jogo pela equipa de Boston, Hayward voltou na época passada e desiludiu. Baixa percentagem de acerto, pouca mobilidade a atacar e defender, muito longe do nível exibido nos Utah Jazz. Pelo contrário, nesta época Hayward entrou forte. Praticamente 19 PPG, 4,1 APG e 6,4 RPG. Tudo isto com menos de 2 turnovers por jogo e percentagens de acerto de 60% de lançamentos de 2 pontos e 43,3% de triplo!

Ao fim de 8 jogos, este início de época deslumbrante acabou com mais uma lesão. Hayward fraturou a mão num choque com LaMarcus Aldridge e não volta até, pelo menos, o Natal. Resta perceber como vai voltar (a lesão foi na mão esquerda, a mão não dominante de Hayward), se teremos o mesmo jogador que agora parou.

A equipa dos Celtics é muito talentosa e treinada de forma excelente por Brad Stevens, mas na nossa opinião, isso não será suficiente. Nos playoffs dará jeito o ritmo mais lento que a equipa tem mantido nos jogos mas falta músculo. Al Horford era uma arma perfeita para tentar parar tanto Giannis como Embiid e agora encontra-se junto a este último. A jogar com Kemba, Brown, Tatum e Hayward, sobra apenas Theis para dar altura e força à defesa. O poste não tem mobilidade para aguentar com a velocidade e o talento de Giannis e Embiid, respetivamente.

Tanto os Bucks como os 76ers têm bons bases para limitar a ação de Kemba Walker. Ben Simmons é alto e móvel e tanto Middleton como Bledsoe são bons o suficiente a defender para afetar o domínio de Kemba.

Assim, será complicado para os Celtics chegarem até à derradeira luta pelo título contra alguém do Oeste. Brad Stevens terá de tirar vários coelhos da cartola e até o General Manager Danny Ainge terá que ajudar ao trazer músculo a esta equipa. Neste momento, apesar da qualidade inegável de Kemba Walker e da evolução constante de Tatum e Brown, os Celtics estão ainda longe de conseguirem dominar o Este.


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