Últimos dias do ano são sinónimo de balanço. O Fair Play não foge à regra e nos próximos dias trazer-lhe-á os melhores nadadores de 2017
Altura de retrospectivas e de recordar o ano 2017. O Fair Play dará destaque aos nadadores internacionais e nacionais que estiveram em maior destaque ao longo do ano que agora finda
Em ano de Mundiais de Natação, a escolha dos 10 melhores nadadores de 2017 reflecte em larga medida o que se passou na Duna Arena, em Budapeste.
A grande competição de natação do ano 2017 foi um evento de um nível bastante interessante, sobretudo tendo em conta tratar-se de um ano pós-olímpico. Na Hungria bateram-se 11 recordes mundiais em 9 diferentes provas e para além dos máximos mundiais, os campeonatos trouxeram-nos várias revelações, confirmações e consagrações de vários nadadores. Quase todos eles estão no nosso top.
Para além dos 10 nadadores que referiremos em seguida, destacamos aqueles que foram para o Fair Play as revelações do ano. Do lado masculino escolhemos o número 2 do nosso top: Caeleb Dressel…as razões estão apresentadas na galeria.
Do lado feminino a nossa escolha recai na norte-americana Mallory Comerford, a nadadora que deu nas vistas em Março, ao empatar com Katie Ledecky no título de campeã nacional universitária das 200 jardas livres e que, nos Mundiais, se sagrou penta-campeã mundial na sua estreia em campeonatos do mundo. É certo que nenhum dos títulos foi individual, mas ser seleccionada para nadar 5 estafetas americanas não está ao alcance de qualquer um(a).
Fique com o nosso top-10 da natação mundial em 2017:
#10 - Chase Kalisz (EUA)
Foto: SIPA USA
O legado norte-americano nas provas de estilos está assegurado. Depois de nas últimas 7 edições os americanos terem vencido sempre a prova de 200 estilos, alternando entre Phelps e Lochte, com a ausência dos dois em Budapeste era possível (e até provável) que os EUA se vissem obrigados a passar o testemunho, mas Chase Kalisz não o permitiu.
Se nos 200 prolongou a dinastia, nos 400 interrompeu o reinado de Seto, bi-campeão mundial da prova, e venceu-a passando a ser o 3º melhor nadador de todos os tempos nessa prova, apenas superado pelos seus dois extraterrestres compatriotas.
#9 - Simone Manuel (EUA)
Foto: Valerie Macon
Mais uma vez a americana desafiou as probabilidades. Depois de se ter sagrado campeã olímpica em 2016, superando nadadoras mais favoritas como as irmãs Campbell ou Sarah Sjöström, este ano levou o título mundial da prova, vencendo novamente a sueca, com a diferença que desta vez Sjöström tinha batido o recorde mundial 5 dias antes.
A par com a sua compatriota Katie Ledecky, Simone Manuel foi a nadadora mais medalhada na Hungria.
#8 - Sun Yang (China)
Foto: NBC Olympics
O gigante chinês teve um excelente ano nas suas mais recentes funções de meio fundista. O recordista mundial dos 1500 metros livres é agora o melhor nadador do mundo dos 200 e dos 400 metros livres. Há 2 anos tinha sido campeão mundial dos 400 e 800, mas em Budapeste até foi nos 200 livres que esteve melhor ao estabelecer um novo recorde da Ásia, marcando o 2º melhor tempo de sempre sem fatos.
Pelo andar da carruagem, daqui a dois anos vamos vê-lo nadar os 100 livres. Os seus 2 metros de altura já lhe dão a garantia de, até nessa distância, se poder dar bem.
2017 esteve longe de ser um dos melhores anos para a dama de ferro. Pela primeira vez em 6 anos não foi a vencedora da Taça do Mundo, só bateu um recorde do mundo (100 estilos) - o que para ela é pouco (em 2014 bateu 9) - e ainda perdeu o dos 400 estilos em piscina curta para Mireia Belmonte, mas mesmo assim foi das melhores nadadoras do mundo!
Venceu 4 medalhas individuais nos mundiais (igualando Ledecky e Sjöström como as mais medalhadas em provas individuais), sendo duas de ouro.
Ainda terminou o ano a ser hexa-campeã europeia de piscina curta.
#6 - Kylie Masse (Canadá)
Foto: Zwenza
Já nos começamos a habituar a ver as canadianas no topo da natação mundial. Em 2016 foi Penny Oleksiak que esteve em grande evidência com apenas 16 anos, em 2017 foi Kylie Masse, de 21 anos.
A costista é a nova recordista do mundo dos 100 metros costas, um recorde que este ano ameaçou bater por várias vezes e conseguiu-o na altura certa: na final do mundial, sagrando-se assim campeã do mundo.
58.10 é o novo máximo mundial da prova.
#5 - Adam Peaty (Grã-Bretanha)
Adam Peaty tem de ser considerado um visionário, já que está muito anos adiantado no tempo. Ou seja, as marcas que ele faz agora, só daqui a muitos anos alguém conseguirá nadar lá perto.
Este ano tornou-se no primeiro de sempre a nadar 50 bruços abaixo de 26 segundos, em piscina longa...e já o fez por duas vezes. 25.95 foi o tempo que fez nas meias-finais dos Mundiais, depois de nas eliminatórias já ter batido o recorde do mundo (aí com 26.10). Na final (a mais rápida de sempre da prova, que ainda assim Peaty venceu com mais de meio segundo de vantagem) marcou 25.99.
Nos 100 bruços venceu com 1,3 segundos de vantagem, apesar de ficar a 3 décimos do seu recorde do mundo.
Outra prova impressionante foi a que protagonizou na estafeta de 4x100 estilos. Partiu em penúltimo, chegou em primeiro!
#4 - Lilly King
Foto: Budapest2017
Os americanos estão em força neste top (e ainda não fica por aqui).
2017 foi o ano em que Lilly King se notabilizou como a melhor brucista do mundo. E logo numa altura de forte concorrência, principalmente de Yuliya Efimova.
Lilly tornou-se na nova recordista mundial dos 50 e 100 metros bruços, com as marcas de 29.40 e 1:04.13, respectivamente.
Em ambas é também a nova campeã mundial, assim como também é campeã e recordista mundial dos 4x100 estilos femininos e mistos pelos EUA.
#3 - Katie Ledecky (EUA)
Foto: FINA
Nos últimos 5 anos, este foi o primeiro em que Katie ficou em branco na lista dos recordistas mundiais do ano, ainda assim foi mais um ano em que a americana fez história.
Aos 20 anos de idade, Katie passou a ser a nadadora com mais títulos mundiais da história: vai em 14 no total, 10 individuais.
Em Budapeste aumentou a conta com 5 ouros e, pela primeira vez, nadou uma prova em Mundiais que não ganhou. Foram os 200 livres que perdeu para Pellegrini.
Mesmo no primeiro ano da carreira internacional de Ledecky onde se pode considerar que houve uma mácula, ela continuou a fazer História!
#2 - Caeleb Dressel (EUA)
Foto: FINA
Sobre os dois primeiros da lista já falámos num outro artigo.
Basta acrescentar que em 2017 Caeleb Dressel passou de um nadador de 2ª linha para o maior trunfo de propaganda da FINA rumo a Tóquio 2020.
Um nadador que supera o registo de Phelps em títulos, logo no primeiro mundial que participa só pode ser um fenómeno.
E Dressel é isso mesmo. Faltam-lhe ainda os recordes mundiais (individuais), mas quando aparecerem o americano vai ser o "man to watch" nestes primeiros anos da natação pós-Phelps.
#1 - Sarah Sjöström (Suécia)
Foto: FINA
Não podia ser outr@. Mesmo com o aparecimento do fenómeno Dressel, mesmo com o lugar na História de Ledecky, mesmo com o extraterrestre Peaty, Sarah foi imperial!
Em 2017 passou a ser a nadadora com mais recordes mundiais em vigor, em piscina longa (também considerando os homens). No início de 2017 tinha 2, no final de 2017 tem 4 (aos quais juntou o dos 100 mariposa em curta).
Foi tricampeã mundial (50 e 100 mariposa e 50 livres) e vencedora da Taça do Mundo.
A única nódoa no pano de seda que foi o ano de Sjöström foi a final perdida para Simone Manuel (100 livres).
É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.