Família Gracie, o jiu-jitsu contado da Grécia antiga ao Rio de Janeiro!

Renan BrunacciSetembro 27, 20186min0

Família Gracie, o jiu-jitsu contado da Grécia antiga ao Rio de Janeiro!

Renan BrunacciSetembro 27, 20186min0
Qual a relação dos Jogos Olímpicos gregos com a formação atual do jiu-jitsu brasileiro? A Família Gracie tem grande parcela nesse desenvolvimento, entenda!

Como a maioria dos temas de história, é praticamente impossível descrever com precisão a origem do Jiu-jitsu, mas existem registros de que em todos os povoados e civilizações passadas a cultura da luta corporal sempre esteve presente.

Examinando cronologicamente a história dos combates, é possível dizer que as técnicas de luta do jiu-jitsu tenham sido influenciadas pela Grécia antiga. Os gregos desenvolveram os jogos Olímpicos e tradicionalmente o desporte mais popular, o pancrácio, envolvia técnicas de pugilismo e combate corporal.

Fonte: Deskgram

Na época do Império de Alexandre Magno (336-323 a.C.), os gregos conquistaram algumas regiões como Mesopotâmia, Síria, Pérsia, Egito, chegando até a Índia. Alexandre introduziu os costumes e a cultura grega, para esses povos, aonde provavelmente fora o berço do jiu-jitsu.

Ao longo de muitos estudos…

A versão mais aceita entre os historiadores, é de que as técnicas sistematizadas das artes marciais vieram da Índia, junto com o budismo (Dharma). Reza a lenda, que os monges budistas do norte da Índia muito contribuíram para o desenvolvimento inicial do jiu. Em suas longas viagens pela Índia, os monges eram constantemente assaltados por bandidos e, pelos seus valores religiosos e morais, o budismo não permitia o uso de armas, o que fez com que desenvolvessem um sistema de autodefesa usando as mãos nuas.

Fonte: Sonora Marcial

Com o tempo, o estilo de luta começou a ser usado nos treinos militares de Esparta, envolvia socos, chutes e estrangulamentos no solo e durava até um dos oponentes ficar inconsciente. O vale-tudo moderno, no entanto, só começou a surgir mais de 2.500 anos depois, no Rio de Janeiro.

O surgimento de uma era!

Em 1914, o campeão de jiu-jitsu japonês Esai Maeda teve a oportunidade de viajar ao Brasil como parte de uma grande colônia de imigração japonesa. No Pará, estado da região norte do país, Maeda tornou-se amigo de Gastão Gracie, que ajudou o japonês a estabelecer-se. Como forma de gratidão, Maeda prontificou-se a ensinar o jiu tradicional japonês a Carlos Gracie, filho mais velho de Gastão.

Fonte: BJJ Madrid

Carlos aprendeu por alguns anos e, depois, passou seu conhecimento para os irmãos. Helio Gracie, o mais novo dos oito filhos (três eram meninas), era uma criança fisicamente delicada, subia um lance de escada e já tinha vertigens e ninguém entendia os motivos. Com 14 anos, foi morar com seus irmãos no Rio de Janeiro, onde ensinavam jiu-jitsu.

Na época, Helio ficou limitado apenas a observar as aulas por recomendação dos médicos, mas aos 16 anos aproveitou a ausência de Carlos Gracie, o então professor, e assumiu uma das aulas. Ao fim da aula, já com a presença de Carlos, o aluno pediu se poderia continuar tendo as próximas aulas com Helio, Carlos concordou e então Helio tornou-se professor.

Fonte: Paul Sampaio

Pela sua fragilidade, Helio logo percebeu que não conseguia executar facilmente a maioria das técnicas que havia aprendido ao observar as aulas de Carlos. Determinado a executá-las eficientemente, começou a modificá-las para que se adaptassem à sua frágil constituição física, enfatizando assim princípios de alavanca e a escolha do momento certo, sobre a força e a velocidade.

Helio praticamente modificou todas as técnicas e, por meio de tentativas e erros, criou o Gracie Jiu-Jitsu, o Jiu-Jitsu Brasileiro. Daí em diante o lutador passou a provar a eficácia do seu novo sistema de luta, desafiando publicamente todos os praticantes de artes marciais mais respeitados do Brasil.

Helio participou de 18 lutas, incluindo desafios contra o antigo campeão mundial peso pesado de luta-livre, Wladek Zbyszko, e o segundo maior judoca do mundo na época, Kato, a quem estrangulou e deixou desacordado após 6 minutos de combate. Com essa vitoria, Helio qualificou-se para subir no ringue contra o campeão mundial Masahiko Kimura, quase 35 kilos mais pesado. Kimura ganhou a luta, mas ficou tão impressionado com as técnicas de Helio, que o convidou para ensiná-las no Japão, além de reconhecer que aquelas técnicas eram muito refinadas e não existiam por lá.

Fonte: Sherdog Forums

De geração em geração…

Ao passar dos anos a Família Gracie foi ganhando tamanho, e espalhando-se pelo mundo, academias com o nome Gracie abriram ao redor do planeta. Não por menos, a família é realmente grande. Somando as 3 gerações que temos, começando por Helio e seus irmãos, soma-se pelo menos 60 nomes, com pelo menos 30 entre homens e mulheres que ainda carregam a bandeira da família nos tatames, lecionando para novos adeptos desde então.

Com isso, a Família Gracie virou uma espécie de religião, os fãs pelo mundo buscam seus ensinamentos, suas filosofias de vida. Rorion Gracie por exemplo é um dos criadores e fundadores do maior evento de MMA de sempre, o UFC. Hoje não faz mais parte da organização. Mais recentemente Rorion publicou um livro, ”A dieta Gracie – O Segredo dos Campeões”. Um livro de rápida leitura, mas muito interessante para quem quer sincronizar vida desportiva, alimentação, saúde mental, qualidade e vida longa.

Fonte: Família Gracie

 


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