Magnus Andersson e o FC Porto: a cultura nórdica instaurada no Dragão

Bernardo GalanteJulho 7, 20225min0

Magnus Andersson e o FC Porto: a cultura nórdica instaurada no Dragão

Bernardo GalanteJulho 7, 20225min0
O treinador dos dragões influenciou o clube numa direcção positiva, mas o que pode Magnus Andersson fazer mais na Invicta?

Magnus Andersson, atual técnico do andebol do Futebol Clube do Porto chegou na época 2018/19 e, desde aí, existe uma linha a ser seguida pelo timoneiro dos azuis e brancos que revolucionou o paradigma do andebol portista.

QUEM É MAGNUS ANDERSSON?

Magnus Andersson, antes de iniciar a sua carreira como treinador principal foi um jogador de elevado gabarito. Vencedor de dois Mundiais e quatro Europeus ao serviço da sua seleção, a Suécia – pela qual faturou por 922 vezes em 307 internacionalizações -, sendo bastante demonstrativo do contributo elevadíssimo que deu ao andebol sueco. Aos 56 anos, vai fazendo história no andebol do Futebol Clube do Porto, mas anteriormente, foi deixando a sua marca por onde passou…

A sua carreira como técnico iniciou-se no HK Drott – onde também conquistou vários troféus como jogador – em 2001, sendo que se estreou logo com um Campeonato Sueco no palmarés. A partir daí, seguiram-se mais três temporadas na Suécia, antes de rumar à Dinamarca para representar o FC Kobenhavn por seis épocas (sendo que, na última temporada, passou a denominar-se como AG Kobenhavn), conquistando dois campeonatos dinamarqueses e uma taça da Dinamarca.

Em 2014, Magnus Andersson assinou pelo Goppingen da Bundesliga, onde se manteve até 2018. Em quatro temporadas ao leme do emblema alemão, o técnico sueco ergueu por duas vezes a EHF Cup, em 2015 e 2017, respetivamente.

Todas estas conquistas levaram o Futebol Clube do Porto a avançar para a contratação deste treinador, que detém um palmarés extremamente interessante, sendo que se fez dotar de todos os conhecimentos adquiridos noutras paragens, aplicando-os no emblema português.

A INFLUÊNCIA DE MAGNUS ANDERSSON NO ANDEBOL PORTISTA

O timoneiro sueco fez do 7×6 portista uma referência mundial e, num período de tempo, causou surpresa à europa do andebol – tudo isso fez com que os dragões subissem o nível do panorama português. Após a terceira posição na EHF Cup em 2018/19 e a conquista do campeonato nacional, o FC Porto competiu na EHF Champions League obtendo vitórias caseiras perante o Meshkov Brest, Kielce ou Vardar e, surpreendendo, tudo e todos com vitórias em Montpellier e em Kiel. À data, teria sido o suficiente para medir forças com o campeão dinamarquês da altura, o Aalborg, mas a pandemia de Covid-19 fez com que tal não se realizasse, ficando apenas a boa imagem deixada à elite europeia da modalidade.

Na época seguinte, os azuis e brancos conquistaram o bi-campeonato e a Taça de Portugal, sendo que, mais uma vez, deixaram uma excelente imagem nas competições europeias. Apesar de terem sido eliminados nos oitavos-de-final pelo Aalborg (finalista vencido da Liga dos Campeões) e terem visto o seu guarda-redes, Alfredo Quintana, partir precocemente devido a uma paragem cardiorrespiratória. Os dragões muniram-se de forças e bateram o pé aos dinamarqueses do Aalborg nos oitavos-de-final da competição (sendo eliminados devido aos golos marcados fora de casa).

As prestações desportivas em Portugal e na Europa, têm sido de uma consistência impressionante por parte do Futebol Clube do Porto, desde a chegada de Magnus Andersson. O técnico sueco já conquistou três Campeonatos Portugueses, duas Supertaças Portuguesas e duas Taças de Portugal. Tudo isto foi alcançado, devido a contratações muito criteriosas por parte do treinador azul e branco, apostando na continuidade e em atletas da sua confiança e da estrutura, respetivamente.

A LINHA CRITERIOSA DE CONTRATAÇÕES SEGUIDA PELO SUECO

53% – ou seja, 8 em 15 – dos atletas contratados pelo emblema da cidade invicta desde que Magnus Andersson é o técnico da equipa principal do clube foram treinados pelo mesmo, anteriormente, ou competiram frente a ele num longo período noutro campeonato. E existem vários exemplos que o comprovam.

Na primeira época de Magnus no FC Porto, o emblema azul e branco contratou três atletas: Fábio Magalhães, Djibril M’Bengue e Thomas Bauer. Quanto ao primeiro trata-se de um regresso a casa, após passagens por outras paragens, contudo, os restantes nomes foram treinados pelo sueco ou competiram durante um longo período contra o mesmo.

Thomas Bauer, guarda-redes que, na altura, deixou o OIF Arendal da Noruega para reforçar o Futebol Clube do Porto, tinha sido chamado à Seleção Austríaca no Euro 2010 e Mundial 2011 – altura em que Magnus Andersson era selecionador da Áustria.

Djibril M’Bengue, lateral-direito alemão, defrontou o técnico sueco durante quatro temporadas quando o mesmo estava ao serviço do Goppingen. M’Bengue, representou o TVB Stuttgart entre 2014 e 2018.

Na temporada seguinte, o Futebol Clube do Porto não fez qualquer tipo de aquisição, contudo em 2020, Manuel Spath assinou pelos campeões nacionais. O pivô alemão tinha sido jogador do Goppingen entre 2014 e 2017, período que coincidiu com o atual técnico do FC Porto.

Em 2021/22, os bi-campeões nacionais assinaram com o guarda-redes Sebastian Frandsen (competiu contra Magnus em 2011/12 no Campeonato Dinamarquês), Diogo Oliveira (central formado no FC Porto), Pedro Cruz e Pedro Valdés – ambos jogadores que se destacaram no Campeonato Português ao serviço de Águas Santas e Sporting CP, respetivamente.

Para atacar o penta, o Futebol Clube do Porto já oficializou a chegada de três jogadores nórdicos e um pivô espanhol: Jack Thurin (ex-IFK Skodje), Nikolaj Laeso (ex-Aalborg), Jakob Mikkelsen (ex-Istres Provence) e Ignacio Plaza (ex-AEK) – atleta que representou o Fuchse Berlin entre 2016 e 2018, quando Magnus Andersson orientava o Goppingen.

Magnus Andersson é o responsável maior pelo êxito do andebol portista nas últimas épocas. A escola nórdica trouxe ao Futebol Clube do Porto, exigência que se materializou na subida de um patamar qualitativo de um dos maiores emblemas do país e, indiretamente, ajudou a contribuir para a evolução do andebol nacional.


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