Standby e… à espera do Masters
O mês de julho fica marcado por uma pausa no circuito mundial para um regresso em agosto, muito promissor, com uma das mais importantes etapas do calendário de 2023, o Masters. A prestação da equipa portuguesa nos campeonatos da europa de equipas mistas, que decorreu em Cracóvia, na Polónia, acabou por ganhar honras de destaque.
Jogos Europeus 2023
Os jogos europeus, uma iniciativa de implantar uma versão de “jogos olímpicos europeus”, estão a tornar-se numa competição cada vez mais secundária, longe do peso e importância que tiveram na sua primeira edição, que decorreu em Baku, Azerbaijão, no ano de 2015. Em tempos, a União Europeia de Judo aproveitou o evento para realizar os Campeonatos da Europa, mas este ano, os jogos europeus, no que respeita ao judo, contaram somente com uma competição de equipas mistas, que teve a presença de 22 equipas.
A equipa portuguesa acabou por surpreender pela positiva. Chegou à disputa de uma das medalhas de bronze, acabando derrotada pela poderosa equipa italiana e terminando num honroso 5.º lugar. A equipa portuguesa, que contava com judocas poucos experientes a este nível, claramente uma equipa secundária e sem contar com os principais judocas portugueses, superou-se, transcendeu-se, e deu uma cabal prova que temos judocas que deverão ter oportunidades, que merecem uma aposta, pois o judo de competição não se resume à elite, que obviamente deverá continuar a ser apoiada pois continuamos a ter resultados de excelência, mas sem perder de vista que é fundamental garantir a continuidade de todo o investimento que tem vindo a ser feito e estes jovens provaram que merecem a aposta.
A competição foi ganha pela poderosa equipa da Geórgia, que levou até Cracóvia a sua melhor versão e assume, com toda a legitimidade, aspiração a uma medalha na competição de equipas dos Jogos Olímpicos de Paris.
Circuito Mundial e qualificação Olímpica
Com a janela de qualificação olímpica ao rubro, relembro que desde junho os pontos contam a 100% e que, o mês de julho teve uma pausa no calendário, com diversos estágios de competição a acontecerem por toda a Europa, que contaram, inclusive, com a presença da poderosa equipa japonesa, entre outras.
Em junho, tivemos 3 etapas, com a última, Ulan Bator, já a contar a 100% para o ranking de qualificação olímpica. Na etapa, que pela primeira vez visitou Dushanbe, no Tajiquistão, destaque para Anri Egutidze, que conquistou o bronze dos 81Kg e Rochele Nunes que venceu, depois de recuperar de uma lesão que a impediu de estar presente nos mundiais de Doha, na categoria dos +78Kg. Na etapa de Astana, Cazaquistão, destaque para a prata de Patricia Sampaio nos 78Kg. Por último, no Grand Slam de Ulan Bator, Mongólia, destaque para o Bronze de Catarina Costa nos 48Kg e o bronze de Patricia Sampaio nos 78Kg. Um mês de junho com bons indicadores, onde também destaco o regresso de Jorge Fonseca, em Ulan Bator, numa versão ainda a necessitar de muito trabalho, depois de uma longa ausência por lesão.
O circuito mundial recomeça em agosto, com uma das mais importantes etapas, o Masters, que reúne os top 36 de cada categoria de peso. Só os atletas dentro deste intervalo poderão participar, o que garante, à partida, emocionantes embates por uma classificação que vale muitos, muitos pontos, fundamentais para garantir um lugar nos jogos olímpicos de Paris.
À data, Portugal tem dentro da qualificação 8 judocas: Patricia Sampaio 78Kg; Catarina Costa 48Kg, Rochele Nunes +78Kg, Bárbara Timo 63Kg, Telma Monteiro 57Kg, Jorge Fonseca 100 Kg (cota continental que facilmente pode perder), Maria Siderot 52Kg e Rodrigo Lopes 60Kg.
Nos 81 Kg temos dois atletas com potencial de garantir a presença em Paris 2024, João Fernando e Anri Egutidze, sendo que a nota dominante é que ainda falta muito tempo para fechar a qualificação e Portugal tanto pode superar a participação de judocas dos Jogos Olímpicos de Tóquio como poderá ter um número inferior, o que seria dececionante, dado tudo o que tem sido conquistado pelos judocas portugueses nos últimos anos. Está tudo em aberto e tudo pode acontecer. Vamos estar atentos!
Campeonatos Nacionais de equipas juvenis
Tenho, reiteradamente, criticado a tendência, crescente, de muitos clubes incluírem nas suas equipas atletas estrangeiros, maioritariamente provenientes de Espanha, que se deslocam ao nosso país para disputar unicamente estas provas. Partilhei a minha posição no artigo de abril, depois de ter acompanhado os campeonatos nacionais de equipas de cadetes e juniores.
A cereja no topo do bolo foi o que tive oportunidade de presenciar nos campeonatos nacionais de equipas de juvenis… lamentável! Se é questionável que os clubes construam as equipas com atletas provenientes de outros clubes nacionais, pois fica a dúvida de quem será efetivamente o clube a merecer o destaque, trazer atletas estrangeiros com o único propósito de participarem nas competições de equipas é obsceno, é desvirtuar a realidade, é criar um mundo virtual de sucesso sem qualquer suporte!
Tenho criticado os vários clubes que reiteradamente usam esta estratégia, e até posso aceitar que se permita a participação de atletas estrangeiros no escalão de seniores, ou mesmo juniores para ter um nível competitivo mais elevado, mas fiquei sinceramente estupefacto de ver vários clubes, na sua maioria os suspeitos do costume, a recorrerem a esta estratégia, ou aldrabice, num escalão de formação, como é o caso dos juvenis, crianças de 13 e 14 anos de idade! Será este o caminho? Que valores estamos a transmitir? Ganhar a qualquer preço? Vale tudo para um momento efémero de destaque nas redes sociais?