Patrícia Sampaio de ouro no regresso a Paris
Com o cancelamento do Grand Prix de Portugal, o Grand Slam de Paris marca o arranque do circuito mundial da FIJ-Federação Internacional de Judo. A etapa contou com a presença de sete judocas Portugueses e Patrícia Sampaio voltou a fazer história.
2025
No derradeiro artigo de 2024, escrevi sobre a anunciada revisão das regras de arbitragem e o provável impacto, que aparentava ser considerável, na condução dos combates. No entanto, pude constatar este fim-de-semana no Grand Slam de Paris, que a transição foi bastante mais suave do que vaticinei e, por exemplo, a reintrodução da vantagem de Yuko, acabou por ter um impacto bastante positivo, pois muitas situações que não eram passiveis de ser enquadradas na vantagem mínima de Waza-ri, passaram a valer a vantagem de Yuko, desbloqueando vários combates, especialmente através da conquista da vantagem de Yuko através de imobilização (5-9 segundos).
Ainda é cedo para tirar conclusões, mas creio que a continuar assim, é bastante provável que as alterações venham a ter um impacto positivo, apesar de ter sido acrescentada mais alguma complexidade e, assim, dificultar, ainda mais, a quem não está familiarizado com o judo, a compreensão do que está a acontecer.
Grand Slam Paris
Portugal levou até Paris 7 judocas; Catarina Costa (48Kg), Taís Pina e Joana Crisóstomo (70Kg), Patrícia Sampaio (78Kg), Miguel Gago (66Kg), Otari Kvantidze (73Kg) e Jorge Fonseca (100Kg). Aidna estamos em fase de retoma, ressaca pós jogos olímpicos, mas já temos muitos dos principais protagonistas da atualidade a regressar à alta roda do judo.
A emblemática e, unanimemente considerada, etapa rainha do circuito mundial, onde só triunfaram os ilustres Telma Monteiro e Pedro Soares, viu juntar-se à restrita lista de vencedores Patrícia Sampaio. Uma prestação épica, sólida, afinal Patrícia é uma das melhores judocas da atualidade, que valeu o título nesta etapa, provando que o bronze olímpico de Paris e o bronze na etapa que marcou o final do circuito de 2024, Grand Slam de Tóquio, não aconteceram por acaso.
Também destaque para as prestações de Jorge Fonseca, claramente ainda a ganhar ritmo, mas a deixar boas indicações, e de Otari Kvantidze, que valeu chegar à disputa pela medalha de bronze. Infelizmente, ambos terminarem na 5 posição, respetivamente nas categorias dos 100 e 73Kg. Se Jorge dispensa apresentações, Kvantidze, judoca de origem Geórgiana mas que está no nosso país há alguns anos, detalhe importante para evitar considerações oportunistas sobre naturalizações “à pressa”, já tinha deixado excelentes indicações nas provas do circuito onde participou, depois de uma brilhante prestação nos campeonatos da europa de juniores de 2023, onde terminou com a prata. Kvantidze tem condições para sonhar com uma presença olímpica, apesar de estar numa complicada e disputadíssima categoria de peso, ficou evidente em Paris que é um judoca com condições para chegar ao patamar da excelência.
Nos 70Kg femininos tivemos 2 judocas em acção: Joana Crisóstomo, com uma prestação muito positiva. Venceu o primeiro combate frente à sul coreana Park, mas os caprichos do sorteio colocaram logo na segunda ronda a portuguesa frente à japonesa, que seria finalista, Honda, que derrotou a Portuguesa com um contra ataque muito oportuno; Taís Pina também está de regresso, mas ainda denota alguma insegurança e falta de ritmo, afinal está a regressar depois de uma lesão que a afastou dos tapetes durante alguns meses e, apesar de ser cabeça de série, acabou surpreendida, por uma judoca menos cotada, a Romena Moscalu.
Catarina Costa acabou derrotada na segunda ronda e eliminada pela japonesa Kondo, que viria a vencer a categoria de pesom dos 48Kg. Para terminar Miguel Gago, o jovem judoca de 21 anos da categoria dos 66Kg ainda tem um longo caminho a percorrer, apesar do enorme potencial, Miguel percebeu que a este nível os erros pagam-se, e a derrota frente a um judoca francês que não tinha ranking nesta categoria, com duas vantagens obtidas com a mesma técnica, evidenciou alguma falta de experiência a este nível, mas este é o caminho e deverá continuar a trabalhar.
Em jeito de balanço, apesar de Portugal ter levado até Paris uma delegação reduzida, comparativamente a participações anteriores, ficaram boas indicações. Portugal terminou na 8ª posição no quadro de medalhas, num universo de 50 países, o que é desde logo notável. Apesar desta etapa ainda não estar com o nível competitivo que normalmente observamos, consequência da proximidade à competição Olímpica de Paris, há razões para acreditar que podemos ter esperança, apesar de pecar pelo reduzido número de elementos, e o facto é que não temos muito mais opções para poder adicionar a esta comitiva, é importante ter referências e elas existem!