Sérgio Pina foi o vencedor das eleições para a Federação Portuguesa de Judo, mas que futuro se segue para o tatami nacional?
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A Equipa Olímpica Portuguesa de Judo afina os últimos detalhes e já tem diversos elementos em Paris, onde na próxima sexta-feira terá início Paris 2024. Depois da sensacional confirmação da presença de Taís Pina, que conseguiu uma qualificação “meteórica” aos 19 anos, ficou o amargo de ver Telma Monteiro de fora daquela que seria a sua 6.ª presença olímpica. Foi por uma vaga… Telma não merecia, nós também não…
A participação nuns Jogos Olímpicos é o momento mais importante para qualquer atleta! São quatro anos de sofrimento, trabalho, desilusões, alegrias e muita superação, para garantir a presença no momento mais desafiante e marcante na carreira de um Judoca, de um desportista. Portugal já teve 3 Judocas a conquistar medalhas em Jogos Olímpicos: Nuno Delgado (81Kg) em Sidney 2000, Telma Monteiro (57Kg) no Rio de Janeiro 2016 e Jorge Fonseca (100Kg) em Tóquio 2020.
Paris terá em ação 378 Judocas, 192 do género masculino e 186 do género feminino, a representar um total de 122 países. Serão oito dias de grandes emoções, com o oitavo e derradeiro dia, reservado para a empolgante competição de equipas mistas, que contará com 19 equipas, entre elas a Equipa Olímpica de Refugiados.
A competição de Judo arranca logo no dia 27 de julho, com as categorias mais leves, 48Kg femininos e 60Kg masculinos. São estes os 7 “magníficos”:
Catarina Costa (48Kg); A experiente Judoca da Associação Académica de Coimbra, a finalizar o curso de medicina, vem de um excelente resultado em Tóquio, onde terminou numa brilhante 5.ª posição, depois de ser derrotada no combate para a medalha de bronze, pela Mongol Munkhbat. O estatuto de 7.ª cabeça de série, que garante que não se cruzará com nenhuma adversária do top 8 do sorteio antes dos quartos-de-final, melhora substancialmente as suas probabilidades de voltar a lutar pelas medalhas.
Bárbara Timo (63Kg); Serão os segundos Jogos para a Judoca do Sport Lisboa e Benfica, desta vez na categoria dos 63 Kg (em Tóquio participou nos 70Kg) onde tem oportunidade de mostrar todo o seu potencial e chegar à luta pelas medalhas. Uma vez que não é cabeça de série, os caprichos do sorteio poderão colocá-la logo nas primeiras rondas frente a uma das principais candidatas, mas Bárbara pode surpreender, e as suas adversárias sabem disso.
Taís Pina (70Kg); A ascensão meteórica de Taís, Judoca do Sport Algés e Dafundo, é a prova que temos jovens com talento em Portugal, mas que há que apoiar, dar oportunidades e apostar, e o facto é que notei alguma inércia por parte da Federação Portuguesa de Judo, quando era evidente que tínhamos uma jovem Judoca com muito potencial, já no escalão júnior e sub23, sendo o 5.º lugar no prestigioso Grand Slam de Paris deste ano, a prova de que era um nome para apostar em força… . Tardou mas, neste caso, ainda foi a tempo!
Patrícia Sampaio (78Kg); Mais um nome de peso da equipa Portuguesa, com um vastíssimo e forte currículo desportivo, participa pela segunda vez nuns Jogos Olímpicos. A Judoca da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, de Tomar, é um “às” à solta no sorteio, porque não é cabeça de série e, se o sorteio for generoso, podemos ter Patrícia a lutar pelo pódio.
Rochele Nunes (+78Kg); A Judoca superpesada Portuguesa, atleta do Sport Lisboa e Benfica, é cabeça de série, ocupando a 8.ª posição do ranking em competição. Pode ser uma surpresa a sua prestação, dada a sua experiência ao mais alto nível, e o facto de ser cabeça de série.
João Fernando (81Kg); Juntamente com Taís Pina, é o outro estreante em Jogos Olímpicos neste Paris 2024. Já com o canudo de engenheiro aeroespacial, o Judoca do Sporting Clube de Portugal é prova cabal de que temos atletas de topo que combinam com sucesso uma carreira de alta competição com os estudos, com exigentes cursos superiores. João é um Judoca que pode surpreender, mas terá de estar concentrado e focado! Já derrotou vários dos cabeças de série desta fortíssima e imprevisível categoria de peso e pode ser uma surpresa.
Jorge Fonseca (100Kg); Por último, e decididamente não menos importante, talvez o mais forte candidato ao pódio, e a, assim, repetir a brilhante prestação nos Jogos de Tóquio, onde conquistou o Bronze! Será a terceira participação do Sportinguista nuns Jogos Olímpicos, e Jorge sabe que ambiente irá encontrar, sabe como tem de gerir o turbilhão de emoções que é lutar por uma Medalha Olímpica, e também sabe que é um dos cabeças de série do sorteio (posição 7), e que é um adversário temido por todos. A inesperada ausência do Russo Matvey Kanikovskiy, na minha opinião, e não só, o mais forte candidato ao ouro da categoria dos 100Kg, abre a janela de oportunidade para poder sonhar….
Para concluir, a competição de Judo em Paris perspetiva-se muito emocionante e imprevisível, à exceção de 2 ou 3 categorias de peso, mas acaba por estar comprometida, pois a fortíssima equipa Russa saiu de cena, depois de ver recusada a presença de diversos dos seus Judocas, oficialmente qualificados e que participaram em todas as etapas de qualificação do circuito mundial, por fazerem parte das forças armadas Russas, e a ligação destas com o conflito que decorre na Ucrânia. Esta inesperada e surpreendente decisão do Comité Olímpico levou a que a Federação Russa decidisse retirar toda a equipa da competição, em sinal de protesto. Este modelo é seguido por muitos países, por exemplo a Itália, onde a vasta maioria dos seus Judocas faz parte ou das forças armadas ou das forças policiais, com o objetivo de garantir um futuro digno para os seus atletas. Um modelo muito interessante e que merecia ser replicado…
De resto, acredito que o Japão, quase garantidamente, irá dominar o quadro de medalhas, seguida de uma França anfitriã, muito motivada, forte candidata a uma prestação sólida e com várias medalhas.
Para concluir, cumpre referir que Portugal não consegue neste Paris 2024 superar a participação recorde de 8 judocas, em Tóquio 2020 (onde igualou o número de Judocas que participaram nos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992). Também não conseguiu garantir a presença na competição de equipas mistas, dois objetivos da liderança federativa, à data, encabeçada pelo “destituído” Jorge Fernandes, que, segundo consta, depois da novela a que todos assistimos, será novamente candidato à Presidência da Federação Portuguesa de Judo para o ciclo de 2024-2028… E esta, hein?!
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