Luz ao fundo do túnel para o judo nacional
Depois de uma dececionante ausência de judocas portugueses nos Campeonatos do Mundo de Júniores, surge uma luz ao fundo do túnel para o judo nacional, com uma participação muito promissora no Campeonato da Europa de Sub-23. Taís Pina e Otari Kvantidze conquistaram medalhas de bronze nesta importante competição!
Campeonato da Europa de Sub-23
No último artigo, partilhei a minha preocupação com o estado atual do escalão de júniores, que para além de uma desastrosa participação no Campeonato da Europa, deste escalão, não teve atletas com mínimos para participar na competição mais importante, o Campeonato do Mundo, que este ano decorreu em Lima, Perú.
São, sem margem para qualquer dúvida, sinais muito preocupantes e, na verdade, não devemos cair na tentação de apontar o dedo exclusivamente à Federação Portuguesa de Judo-FPJ, a que, sem dúvida cumpre desenvolver e apresentar um plano robusto e realista de desenvolvimento dos escalões de formação, fator crítico para assegurar a continuidade do estado de graça que o Judo Português tem vivido nos últimos ciclos olímpicos, onde consecutivamente conquistámos medalhas. Sem desvalorizar a responsabilidade da FPJ, o facto que me parece mais relevante é que estamos com enormes desafios geracionais. Os “jovens” estão mais preguiçosos, distraídos, céticos em sair da área de conforto, mais dispersos pela enorme oferta desportiva que atualmente existe, muita dela meramente lúdica não exigindo grande compromisso. Por outro lado, os pais/educadores raramente estão dispostos a incentivar e colaborar, não estão confortáveis com filhos a praticar modalidades extremamente exigentes, que obrigam a enormes sacrifícios, dos praticantes e das famílias! Ou seja, temos importantes desafios no momento atual e nenhuma estratégia para os ultrapassar.
Apesar deste cenário, pessimista dirão alguns, apraz reconhecer que ainda “há luz ao fundo do túnel” e a prova disso são os resultados promissores no Campeonato da Europa de Sub-23, que este ano visitou Quixinau, na Moldávia. Portugal conquistou duas Medalhas de Bronze, Taís Pina nos 70Kg e Otari Kvantidze nos 73Kg e dois 7.ºs lugares, Pedro Lima e Diogo Chantre, nos 90 e 100Kg, respetivamente.
O último dia ficou reservado para a competição de equipas mistas, onde Portugal voltou a destacar-se, com uma boa prestação que valeu a luta por uma das medalhas de bronze. A equipa portuguesa acabou derrotada frente à seleção da Ucrânia, aliás, um bom exemplo de superação e de capacidade de lutar contra as mais devastadoras contrariedades, como é caso de uma guerra.
Parabéns a todos e agora é continuar a trabalhar!
Grand Prix de Lima e Guadalajara
Este ano, os Campeonatos do Mundo de Júniores regressam ao continente Americano, mais exatamente a Lima, no Perú. A Federação Internacional de Judo-FIJ, numa iniciativa que merece destaque, e que obviamente contou com muito apoios e patrocinadores locais, aproveitou toda a logística que levou para esta competição (humana e material), para organizar dois Grand Prix do circuito mundial. Primeiro foi em Lima e, passada uma semana, foi a vez de Guadalajara, no México, receber a segunda etapa, nem foi preciso desmontar os tapetes.
Ainda num período de retoma, muitos dos principais nomes só agora regressaram aos treinos e não marcaram presença nestas etapas pós paragem de férias. Relembro que tivemos um exigente Campeonato do Mundo a meio de Junho, após o qual foi preciso descansar, recuperar e debelar algumas lesões, para arrancar em 2026 a todo o gás, pois a meio do ano terá início a janela de qualificação para o Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028.
Só Catarina Costa marcou presença nesta “perna” americana, mais exatamente em Lima, tendo terminado em 5.º lugar nos 48Kg, depois de ser derrotada na disputa do bronze, frente à judoca do Azerbaijão, Konul Aliyeva, que apostou, com sucesso, em dar a iniciativa do combate a Catarina para depois explorar o contra-ataque.
O destaque vai para o Azerbaijão, que levou os seus principais nomes a estas duas etapas, no entanto, se em Lima ficou evidente a falta de ritmo, com os dois Campeões Olímpicos em ação, Heydarov dos 73Kg e Kotsoiev dos 100Kg, a ficarem de fora dos respetivos pódios, na semana seguinte não facilitaram e acabaram por vencer as respetivas categorias em Guadalajara, no México.
Um bom aperitivo para o que ainda temos pela frente até ao final do ano, Zagreb, Abu-Dhabi e Tóquio!
Campeonatos do Mundo de Veteranos e Katas
Porque o Judo não é só alta-competição, destaco também os Campeonatos do Mundo de Veteranos e kata, que decorreram em Paris, entre os dias 3 e 9 de Novembro.
Portugal levou até Paris um vasto contingente de atletas, 24 judocas veteranos e 2 pares de judocas para a competição de Kata, com diversos tipos de experiências. Antigos competidores com experiência olímpica (caso de José Gomes), outros, ex-competidores ainda com o “bichinho” da competição bem presente, e outros ainda que, por terem iniciado a prática tardiamente, têm nesta prova uma oportunidade de experimentar a competição ao mais alto nível para a realidade do Judo de veteranos. A competição de veteranos é organizada por escalões etários, distribuídos pelas 7 categorias de peso femininas e masculinas em vigor.
A comitiva portuguesa conquistou um conjunto de resultados muito positivo, dos quais destaco:
Campeonato do Mundo de Kata
– Destaque para a dupla Pedro Gonçalves e Jorge Fernandes, que conquistaram o bronze no Itsutsu-No-Kata;
Campeonato do Mundo de Veteranos
– José Gomes – 1.º Lugar-Campeão do Mundo 66Kg M9
– Nuno António – 1.º Lugar-Campeão do Mundo 66Kg M5
– Eduardo Garcia – 2.º Lugar 66Kg M7
– João Santos – 2.º Lugar 100Kg M5
– Carolina Costa – 3.º Lugar 52Kg F4
Parabéns a todos e bons treinos!




