Judo português: a caminho de Paris!
A lista com os nomes dos ilustres judocas qualificados para os Jogos Olímpicos de Paris está definida! A equipa olímpica portuguesa contará com 6 judocas, no entanto, até ao dia 2 de julho, os Comités Olímpicos de cada país terão de confirmar as inscrições dos atletas qualificados e, caso alguns destes falhem a presença, abrem uma janela de oportunidade para que atletas que ficaram à porta da qualificação possam conseguir uma vaga através das cotas de realocação. Taís Pina, que na lista inicial estava fora da qualificação, recebeu na passada sexta-feira, dia 28, a noticias de ter garantido a vaga via cota de realocação. O contingente de judocas presente em Paris passa assim para 7. Fica a dúvida sobre Telma Monteiro, que só num cenário resultante de uma conjugação perfeita de eventos, quase irrealista, conseguirá estar presente em Paris.
Campeonatos do Mundo de Abu Dhabi
Portugal teve 13 judocas (Joana Crisóstomo acabou por ser baixa de última hora) em ação nos Campeonatos do Mundo de 2024, que decorreram na capital dos Emiratos Árabes Unidos, Abu Dhabi, entre os dias 19 e 24 de maio.
Os 658 judocas em ação lutaram pela glória de um pódio nuns Campeonatos do Mundo, mas também por conquistar preciosos pontos, não só para garantir a vaga nos Jogos Olímpicos de Paris, mas também para tentar ter uma posição de qualificação dentro do top 8, que garante um estatuto de cabeça de série e evita defrontar os restantes cabeças de série antes dos quartos-de-final. Estes Campeonatos do Mundo tiveram ausências de peso, a equipa principal japonesa e diversos judocas de topo, incluindo alguns dos líderes dos rankings mundiais das respetivas categorias de peso que, claramente, apostaram em focar-se na preparação para a competição olímpica que terá lugar no final do mês de Julho.
Esmiuçando a prestação portuguesa, o destaque vai inteiramente para os dois judocas que chegaram à luta pelo bronze, Catarina Costa (48Kg) e Jorge Fonseca (100Kg), apesar de acabarem derrotados, terminaram num honroso 5.º lugar.
Catarina mostrou, mais uma vez, o pragmatismo com que aborda estas importantes competições, muito focada e eficaz, muito bem preparada, a provar que a parceria com João Neto, seu treinador de longa data, é uma parceria de sucesso! No entanto, a irreverência e excelente qualidade de ligação com o trabalho no solo da jovem Sueca de 18 anos, Tara Babulfath, no combate de disputa da medalha de bronze, acabou por ser determinante para afastar Catarina do pódio. Esta jovem sueca é uma atleta a acompanhar com muita atenção, um enorme potencial que pode ser uma das surpresas em Paris.
Jorge arrancou a todos o gás, com vitórias de tirar o ar, especialmente a quem foi projetado pelo bicampeão do Mundo Português. Mostrou uma consistência e determinação- confesso que já tinha saudades- a provar que estava ali para voltar a fazer história. Jorge avançou no quadro com uma prestação consistente e demolidora, mas as meias-finais, revelaram-se matreiras. Defrontou um velho conhecido, o Azeri Zelym Kotsoiev, e as dificuldades que evidencia sempre que tem pela frente este fortíssimo adversário, acabaram por surgir, ao fim de 2 minutos. Começou a perder a disputa de pegas, fruto do cansaço, e acabou derrotado e relegado para a disputa da medalha de bronze, onde foi derrotado pelo jovem japonês, Arai Dota, atual campeão do Mundo de júniores.
Em jeito de conclusão, a prestação da equipa portuguesa deixou um amargo de boca, não só por ter dois judocas que ficaram à porta do pódio, mas acima de tudo, por um resultado globalmente aquém do potencial dos judocas que representaram o nosso país. É verdade que tivemos judocas com sorteios muito complicados, a defrontarem logo nas primeiras rondas cabeças de série das respetivas categorias, mas também foi evidente, em alguns dos judocas mais experientes da vasta equipa que Portugal levou até abu Dhabi, que evidenciaram alguma falta de concentração, o que culminou com derrotas inesperadas, frente a adversários menos cotados. Portugal terminou classificado na 25.ª posição, num total de 107 países.
Globalmente, o Japão, com os seus principais nomes ausentes, a prepararem a participação nos jogos de Paris, foi, mais uma vez, o país em destaque, dominando, convencendo, e arrecadando 3 títulos mundiais (ouro), 2 pratas e 4 bronzes, com a cereja no topo do bolo do titulo mundial de equipas mistas, onde contaram com muita juventude, vários judocas da equipa oriundos do escalão de juniores!
Jogos Olímpicos de Paris
A lista oficial dos judocas qualificados para os Jogos Olímpicos de Paris foi enviada pela Federação Internacional de Judo aos Comités Olímpicos de cada um dos países com atletas elegíveis para estarem presentes na competição Olímpica de judo. Portugal tem 7 atletas confirmados. Via qualificação direta: Catarina Costa (48Kg); Bárbara Timo (63Kg), Patrícia Sampaio (78Kg), Rochele Nunes (+78Kg), Jorge Fonseca (100Kg); via cota continental: João Fernando (81Kg) e via cota de realocação: Taís Pina (70Kg).
Conforme expliquei na introdução do artigo, os Comités Olímpicos estão no processo de confirmação dos atletas qualificados que estarão presentes e, caso algum falhe, por exemplo por lesão, abre-se a porta para a colocação de atletas via cotas de realocação. Taís Pina foi uma das contempladas com esta vaga, e o sonho da presença olímpica confirma-se, aos 19 anos de idade! Telma Monteiro, que se viu arredada do sonho de chegar pela 6.ª vez à mais importante competição na vida de um judoca, devido a uma lesão contraída nos Campeonatos da Europa de 2023, em Montpellier, tem uma posição mais comprometedora. Tem diversas judocas à sua frente na lista, o que praticamente impossibilita a sua elegibilidade para preencher uma destas vagas.
No entanto, tenho de voltar a destacar a postura, compromisso, capacidade de sofrimento e trabalho de Telma Monteiro. Uma verdadeira inspiração, um exemplo a seguir por todos, no judo ou fora do judo! Contra todos os prognósticos, mais otimistas, foi atrás do sonho, regressou aos tapetes em tempo recorde, lutando pelo sonho de estar novamente nuns Jogos Olímpicos. Não foi possível… ou será que pode ser?!
…nas últimas horas temos desenvolvimentos “bombásticos”, relativamente à presença, ou não, da equipa Russa, que podem resultar numa extraordinária sequencias de eventos que culminem com a qualificação de Telma… Resta recorrer ao divino, quiçá, alguém lá em cima mexa os cordelinhos e um milagre aconteça… e o curioso, é que pode mesmo acontecer…