Judo nacional vai a eleições em tempo de competição

João CamachoOutubro 6, 20247min0

Judo nacional vai a eleições em tempo de competição

João CamachoOutubro 6, 20247min0
Eleições, medalhas e mudanças, João Camacho traz todas as novidades do judo nacional nestes últimos dois meses

Enquanto decorre, a todo o gás, o processo eleitoral para os membros dos órgãos sociais da Federação Portuguesa de Judo, o Judo Português vive um momento que desperta preocupação: a ausência de judocas nos Campeonatos do Mundo de Cadetes e a presença de uma única atleta nos Campeonatos do Mundo de Juniores.

Eleições Federação Portuguesa de Judo-FPJ

Depois da abrupta interrupção do mandato de Jorge Fernandes, consequência de uma série desprestigiante e inacreditável de eventos, que colocou o Judo Português nas notícias, pelas piores razões, e findo o ciclo olímpico de Paris 2024, está na hora de eleger novos corpos sociais.

Três candidaturas vão a jogo:

Lista A – Joaquim Sérgio Pina, o presidente em funções, vice-presidente da direção liderada por Jorge Fernandes, é a candidatura que aposta na continuidade, sem grandes sobressaltos. Liderada por um candidato a presidente com pouco protagonismo e com um perfil de liderança muito questionável, esta é a lista mais bem posicionada para vencer estas eleições, tendo como referência a lista de delegados que alegadamente a apoia. Será mais do mesmo, e destaco o detalhe de o seu programa mencionar como pressuposto tentar debelar e superar algumas das sequelas das gestões anteriores, como a alarmante situação financeira. O facto curioso é Sérgio Pina ter sido membro da direção das “gestões anteriores” que mais contribuíram para a desastrosa situação atual… .

Lista B – José Mário Cachada, volta a candidatar-se, com o lema “Nova Alternativa”, o mesmo que apresentou há 4 anos. Vai a jogo com uma lista com nomes menos sonantes que os da candidatura anterior, por exemplo, saiu um dos nomes fortes da lista que Cachada apresentou há 2 anos, Pedro Caravana, antigo atleta olímpico e nome muito respeitado no meio. O programa é claramente o mais detalhado, mais trabalhado e pensado, aquele que aborda questões pertinentes para quem irá liderar os destinos da FPJ. No entanto, falta força a esta candidatura, nomeadamente no que respeita a apoios de peso e em número de delegados subscritores da lista, dentro do “universo” do Judo Português.

Lista C – Jorge Fernandes, sim, está de volta, por incrivel e surpreendente que pareça e após ter sido destituído como consequência de um dos momentos mais negros da história do Judo Português. O antigo presidente da FPJ volta à carga e apresenta uma candidatura com um programa muito ambicioso, especialmente para uma Federação que está a travessar uma grave e preocupante crise financeira, onde se destaca o monstruoso passivo. Jorge Fernandes conhece bem os cantos da casa, mas os danos reputacionais que o acompanham são, na minha opinião, irreparáveis. Mesmo assim, conseguiu um conjunto de apoios notável, que o colocam em jogo, apesar de as probabilidades de conseguir vencer serem muito reduzidas. Do seu programa destaco a seguinte afirmação; “Almejamos voltar a tornar Portugal uma referência internacional no mundo do judo, tanto em termos de excelência desportiva quanto de integridade ética”.

Dia 12 de Outubro será o dia de todas as decisões.

Juniores e Cadetes em ação

Os escalões de Cadetes (Sub 17) e Juniores (Sub 20), estiveram em plena atividade em Agosto e Setembro.

Lima, capital do Perú, recebeu os Campeonatos do Mundo de Cadetes, entre os dias 28 de Agosto e 1 de Setembro. Portugal não apresentou qualquer atleta pois nenhum cumpriu os requisitos (mínimos) para estar presente. Individualmente o Japão liderou o quadro de medalhas, com duas medalhas de ouro e uma prata, seguido do Azerbaijão e da França. Ficou evidente que temos um escalão etário muito “democrático”, com muitos países a conquistarem medalhas, e também a apresentarem judocas com muita qualidade, já com um nível competitivo muito alto. Na competição de equipas mistas, o Japão conquistou o ouro, derrotando numa emocionante final a França, “vingando” a derrota dos seu colegas mais “velhos” na competição de equipas mistas dos Jogos Olímpicos de Paris.

Talin recebeu entre os dias 5 e 8 de setembro o Campeonato da Europa de Juniores. Portugal teve 4 judocas em prova, e o destaque da prestação Portuguesa vai inteiramente para Fábia Conceição, que conquistou uma brilhante medalha de Bronze na categoria dos 78Kg. Fábia foi derrotada nas meias-finais pela Francesa Lila Mazzarino, que viria a conquistar o título europeu, e na luta pela medalha de bronze, Fábia derrotou a Ucraniana Anna Kazakova. A judoca do Sport União Sintrense esteve muito consistente, sempre muito concentrada e ganha alento para começar a sonhar com voos mais altos, e referências não faltam, afinal está no peso da medalhada olímpica de Paris, Patricia Sampaio. Além de Fábia, Portugal levou a estes campeonatos, Taís Pina (70Kg), que se lesionou no primeiro combate, ela que era a principal candidata às medalhas da equipa portuguesa, Raquel Brás (57Kg) e Filipe Almeida (81Kg), que acabaram derrotados logo na primeira ronda de combates das respetivas categorias de peso.

Por fim, terminaram hoje, em Duchambé, no Tadjiquistão, os Campeonatos do Mundo de Juniores. Portugal levou a esta importante competição só uma atleta, Fábia Conceição (Taís Pina, lesionada, ficou a recuperar), que há duas semanas conquistou o bronze nos Campeonatos da Europa deste escalão. Fábia foi derrota logo na 1.ª ronda, em menos de 1 minuto.

O Japão foi o país dominador, com mais uma cabal demonstração de poder e qualidade. No total, o Japão conquistou 6 medalhas de ouro, 5 de prata e 2 de bronze, juntando a esta impressionante prestação, o título mundial de equipas mistas junior, tendo derrotado, a França! Estamos a observar um total domínio destes dois países, nas competições de equipas mistas, em todos os escalões etários! Longe vão os tempos em que Portugal derrotou a poderosa equipa Gaulesa na competição de equipas mistas dos campeonatos da Europa/Jogos Europeus de Minsk, em 2019.

Em jeito de balanço, creio que está na altura de analisar e refletir sobre quais os motivos por que estamos numa autêntica travessia do deserto na formação.  Temos conquistado alguns resultados de excelência, o que não deixa de ser notável para o conjunto reduzido de judocas de alto nível nestes escalões etários! Somos um país pequeno, com óbvias dificuldades em ter uma base consistente em número de atletas, mas quando observo os jovens Portugueses em ação, e repito, salvo honrosas exceções, fico com a ideia de alguma falta de atitude, ritmo e, inclusive, qualidade, comparativamente ao desempenho de judocas de outros países, e aqui comparo com países da nossa dimensão, nem me atrevo a comparar com judocas do Japão, França ou Brasil. Espero que o novo elenco federativo trabalhe no sentido de melhorar esta realidade, porque o desafio é ao nível dos clubes, é aí que tem de ser feito o investimento e o acompanhamento antes destes jovens chegarem a estes patamares competitivos.

Rentrée

Depois de mais de 3 meses desde a etapa do Cazaquistão, e com uma emocionante competição Olímpica pelo meio, o circuito mundial regressou à atividade com o Grand Prix de Zagreb.

Esta etapa contou com a participação de muitos jovens, muitas caras novas, a lutar por marcar uma posição, ganhar estatuto, agora que arranca um novo Ciclo Olímpico. Portugal não participou, os judocas olímpicos ainda estão a recomeçar os treinos, depois de um exigente e desgastante momento competitivo, e os jovens que deviam estar a começar a lutar por dar nas vistas, tardam em se afirmar…


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