Jogos Olímpicos 2024: Team Dreams!
Ora cá estou mais uma vez para vos dar mais um artigo cheio de coisinhas minhas! Pois bem, depois de um europeu de futebol cheio de emoções, dou por mim saturado da modalidade a que dedico mais tempo, senão a única. Com este sentimento em abundância, decidi dedicar o meu tempo aos Jogos Olímpicos 2024, e à segunda modalidade que mais aprecio – o Basquetebol! Sou fã dessa modalidade desde que o meu pai se cansou do futebol, depois do craque do clube pelo qual torcíamos proferir palavras menos simpáticas aos seus aficionados. Obrigado Jó (ex-jogador da U.D. Oliveirense)!
Após esse acontecimento, o meu pai apresentou-me o Basket Nacional, os craques portugueses como Carlos Seixas, Francisco Jordão, e até alguns norte-americanos como o Kevin Van Veldhuizen, ainda com sparkles para a realidade portuguesa. Ainda bem que, nessa modalidade, a minha equipa era uma das melhores a nível nacional. Quer dizer, ainda é! Falo claro da minha União Desportiva Oliveirense. A partir daqui, o escalar para ver jogos da NBA, e o basquetebol mundial foi muito rápido. Tendo este background como ponto de partida, vamos lá ao tópico central deste artigo que é a fabulosa equipa do Sudão do Sul.
Este país africano é ainda muito novo como nação, já que o Sudão se dividiu em 2011, depois de uma guerra civil para lá de sangrenta. Com o horror da guerra, milhares de crianças refugiadas foram registadas como menores não acompanhados ou separadas dos seus pais ou cuidadores, segundo o site da ONU.
Este ponto torna a seleção estreante nos JO, uma das seleções mais duras e mais resilientes da competição. Os traumas do passado, tudo o que perderam e tudo que tiveram que fazer para chegar até Paris faz com que, nunca deitem a toalha ao chão e joguem o jogo pelo jogo, independentemente do seu adversário.
O que me chamou mais atenção, foi o facto desta seleção ser composta por refugiados, que tiveram que procurar exílio noutras nações, para poder sobreviver. Wenyen Gabriel, extremo desta seleção, foi um refugiado de guerra e falou que no Sudão do Sul não existem recintos cobertos para a prática da modalidade.
“A gente sequer tem quadras cobertas no nosso país. Somos refugiados que se reúnem por algumas semanas no ano.
Para nós, isso é muito maior que o desporto. O basquetebol na África é o futuro.”
Wenyen Gabriel após o Sudão do Sul quase vencer os EUA no basquete:
"A gente sequer tem quadras cobertas no nosso país. Somos refugiados que se reúnem por algumas semanas no ano.
Pra nós, isso é muito maior que o esporte. O basquete na África é o futuro."
Gigantes! pic.twitter.com/E7HfTwxzDV
— NBA da bad (@NBAdabad) July 21, 2024
Esta declaração foi feita depois da derrota contra os EUA, num jogo de preparação para os JO, no qual perderam apenas por um ponto (101-100) e onde lideraram o placar por algumas vezes durante a partida. Feito que se fez sentir pelo mundo inteiro, pela forma como jogaram e se debateram contra LeBron James e companhia. Outra história idêntica é a de Nuni Omot, que nasceu e viveu num campo de refugiados por 3 anos no Quênia, país que ajudou bastante os refugiados dessa localidade. Algum tempo depois acabou por se exilar nos EUA, mais concretamente em Minnesota.
Por falar em Minnesota, Luol Deng, atual presidente da Federação de Basquetebol do Sudão do Sul, foi também refugiado. Fez a sua carreira na NBA, em franchises como Chicago Bulls, LA Lakers e Miami Heat e, após terminar carreira como jogador nos Minnesota Timberwolves, assume a presidência da Federação, reúne os melhores talentos espalhados pelo mundo e a ascensão tem sido meteórica.
O Sudão do Sul é um dos países com o IDH mais baixo e não tem um campo de basquetebol indoor. Em 2019, Luol Deng começou a liderar a modalidade numa nação independente desde 2011. O ex-NBA recrutou refugiados para a equipa que chegou aos Jogos e, na estreia, ganhou. Que história! pic.twitter.com/utPGeih4P3
— Francisco Martins (@kiko13_martins) July 28, 2024
No dia 28 de julho de 2024, fizeram a sua estreia nos JO de Paris. Começaram nervosos, lentos na resposta ao jogo porto-riquenho, mas lá conseguiram encontrar o seu caminho e fazer história ao derrotar uma seleção porto-riquenha muito forte por 90-79.
Na próxima quarta-feira, irão defrontar novamente os EUA e todos os amantes de desporto, e dos underdogs no geral, querem que o sonho continue. O jogo em si não é decisivo, faltando ainda o 3º jogo do grupo, no dia 3 de agosto contra a Sérvia, mas Who cares?
Que esta história de superação não acabe por aqui, e que o bronze, prata ou ouro, seja destes guerreiros africanos sonhadores!
A JORNADA INCRÍVEL DO SUDÃO DO SUL NO BASQUETE MASCULINO.
• 2014: 1° amistoso como nação.
• 2020: Luol Deng assume a presidência da federação de basquete e profissionaliza.
• 2021: primeira competição FIBA oficial, o AfroBasket.
• 2022: classificação pra Copa do Mundo de… pic.twitter.com/egWW9xdhVR
— Coast to Coast Brasil | NBA (@brasilcoast2) July 28, 2024