João Almeida para a História!
João Almeida para a História! João Almeida confirmou duma vez por todas aquilo que os mais atentos já sabiam há um par de anos. Temos homem para três semanas! O duro das caldas conseguiu o primeiro pódio numa grande volta, um pódio que se espera ser o primeiro de muitos.
Num Il Giro que ficou ainda relativamente cedo sem alguns candidados ao pódio (Remco era mesmo um dos grandes favoritos a ganhar, a par de Roglic, mas Vlasov e Geoghegan Hart também se perfilavam como dores de cabeça fortes para o português).
Aos poucos, os favoritos iam caindo, e a esperança portuguesa aumentava, sobretudo porque Roglic parecia ressentir-se de uma queda, e tanto o esloveno como Geraint Thomas não conseguiam cavar diferenças significativas para o líder da Emirates.
João Almeida teve no segundo contra-relógio um momento chave, onde uma abordagem mais conservadora, na tentativa de evitar a queda, fez com que perdesse 34 segundos para Thomas e 18 para Roglic.
A partir daí, sabíamos que João tinha de ir para a frente e atacar.
Contou sempre com preciosa ajuda, sobretudo de Brandon McNulty mas principalmente de Jay Vine (acabou mesmo a “rebocar” o português numa das etapas de montanha), e foi mantendo a chama acesa.
À etapa 16, chegava o momento alto do ciclismo português dos últimos anos. João Almeida mostrava estar bem fisicamente, foi para a frente da corrida, e com um ritmo diabólico deixou o grupo da geral em sofrimento. Apenas Geraint Thomas o conseguiu seguir.
Ao sprint, o jovem de 24 anos venceu a etapa, e deixou todos os portugueses a sonhar com a camisola rosa.
Na etapa 18, Almeida quebrou, e voltou a perder tempo para Primoz Roglic e Geraint Thomas, terminado a etapa a quase 40 segundos do líder.
Etapa 19, nova perda ligeira de tempo para os dois da frente, que tornava a tarefa de João Almeida quase impossível. O pódio, esse, estava praticamente garantido. Caruso estava a quase 3 minutos. A camisola branca de melhor jovem também já não ia fugir, pois Thymen Arensman estava a mais de 4.
À partida para a crono escalada final, restava sonhar. E João fez-nos sonhar. Parou o relógio poucos segundos depois da marca dos 45 minutos, destronando Caruso.
No entanto, o dia era de Primoz Roglic. O esloveno guardou pernas para a etapa decisiva, ao contrário do que aconteceu noutras grandes voltas, raramente atacou/sprintou nos metros finais em busca de bonificações, e pulverizou a concorrência, parando o relogio em 44:23.
O camisola rosa, Thomas, perdeu 40 segundos para Roglic, e por consequência, a rosa.
João Almeida terminou a prova a 1:15 de Roglic. Se sabe a pouco? Sabe. Mas é o preço a pagar pela excelência. E que não restem duvidas, João Almeida é excelente.
Se o duro das caldas vai alguma vez vencer uma grande volta? Dificil saber. Pogacar, Evenepoel, Bernal e Vingegaard são jovens, e são, neste momento, melhores.
Mas João Almeida tem uma coisa que a concorrência não tem. As bandeiras portuguesas e os gritos em bom vernáculo português, por todas as montanhas que sobe.