A temporada 2021/22 nos principais campeonatos europeus

José NevesJulho 23, 20228min0

A temporada 2021/22 nos principais campeonatos europeus

José NevesJulho 23, 20228min0
A análise da temporada 2021/22 continua, desta vez fazemos seis paragens em alguns dos principais campeonatos europeus da modalidade.

A época 2021/22 fica marcada nos campeonatos europeus pela grande surpresa vinda da OK Liga espanhola, e pelo coroar de um campeão que voltou a levantar o troféu 44 anos depois em Itália.

Nos campeonatos europeus de menor expressão, destaque para a cada vez maior afirmação da dinastia do campeão alemão, e para o hexacampeonato do atual campeão inglês.

OK Liga (Espanha)

Na OK Liga espanhola, decidida em formato de playoff, a fase regular não apresentou grandes surpresas, com o super favorito Barcelona a terminar com oito pontos de vantagem sobre o Liceo, que também de forma confortável terminou no segundo lugar, na frente de Noia e Reus que completaram o Top4.

Nas restantes posições de playoff, Lleida, Calafell, o recém-promovido Alcoi, e Caldes, completram o alinhamento para a segunda e decisiva fase do campeonato.

Nos últimos lugares, Alcobendas e Manlleu não evitaram a despromoção, com Palafrugell e Girona a terminar a fase regular nos lugares de playout. Aí o Girona foi mais forte, relegando o Palafrugell para a OK Liga Plata.

Nos playoffs a primeira ronda confirmou o favoritismo dos quatro primeiros classificados da fase regular, ainda que o Reus tenha necessitado de um jogo 3 para deixar pelo caminho o Lleida, e o Noia apenas tenha ultrapassado o Calafell no desempate por grandes penalidades do jogo 3.

As meias finais entre as quatro principais equipas do hóquei em patins espanhol atual foram uma excelente propaganda à modalidade, e ao formato de playoff, com ambas as eliminatórias a serem decididas no jogo 5.

E seria aqui que viria a grande surpresa que deixou o Mundo do hóquei em patins de boca aberta. Depois de ter surpreendido o Barcelona no jogo 1, e de ter evitado a eliminação em casa no jogo 4, o Reus voltou a chocar o Palau Blaugrana com vitória por 4-3 no jogo 5, deixando o colosso Barcelona de fora da final, e garantindo novo campeão após oito títulos consecutivos dos blaugrana.

Na outra meia final o fator casa prevaleceu sempre, com o Liceo a ganhar os dois primeiros jogos, mas o Noia a responder nos dois seguintes. No jogo 5, no Riazor, o Liceo venceu por 4-2, marcando lugar na final diante do Reus.

Final que, ao contrário das meias finais, acabou por ser de maior desequilíbrio, com a equipa da Corunha a vencer em apenas três jogos, por 5-1, 5-2 e 2-5, conquistando assim o 8º título do seu historial, e destacando-se como a segunda equipa com mais títulos, atrás dos estratosféricos 32 do Barcelona.

Serie A1 (Itália)

Na Serie A1, e após várias épocas de um domínio bipartido entre Amatori Lodi e Forte Dei Marmi, uma outra equipa tentava chegar ao topo do principal campeonato transalpino, o Trissino.

E a fase regular mostrou, efetivamente, um Trissino num patamar superior a todos os seus adversários, como demonstram os 10 pontos de vantagem com que a formação de Alessandro Bertolucci terminou a fase regular.

Nos lugares de descida, e após playout entre os quatro últimos classificados, Matera, que terminou a época com 32 derrotas em outros tantos jogos, e Correggio, não evitaram a despromoção despromoção.

Já no playoff, e tal como aconteceu em Espanha, os quatro primeiros classificados da fase regular avançariam para as meias finais, com Follonica e Forte Dei Marmi, 3º e 4º respetivamente, a necessitarem de jogo 3 para deixar pelo caminho Valdagno e Bassano.

Nas meias finais, ambas as eliminatórias foram resolvidas em quatro jogos, e mais uma vez as formações que terminaram a fase regular na frente, confirmaram favoritismo, com Trissino a bater o Forte Dei Marmi, e o Amatori Lodi a vencer o Follonica.

Na final encontravam-se então, as duas melhores equipas da fase regular, o detentor do título, Lodi, frente ao novo candidato, Trissino. E tal como sucedeu na fase regular, o Trissino voltou a mostrar que estava num patamar só seu, batendo o Lodi em apenas três jogos, com vitórias esclarecedoras por 2-5, 7-2 e 8-3.

O Trissino que havia sido campeão apenas por uma vez na sua história, no longínquo ano de 1978, numa época em que os campeonatos eram realizados em anos civis, e não em temporadas desportivas como nos dias que correm, voltava 44 anos depois ao patamar mais alto do hóquei em patins italiano, coroando a sua melhor época de sempre, com a conquista da Liga Europeia.

Época 2021/22 foi histórica para o Trissino (Foto: António Lopes / WSERH)

Outros Campeonatos

No campeonato francês o Saint Omer revalidou o título conquistado em 2019/20. É o quarto bicampeonato consecutivo em França, depois de Quévert em 2013/14 e 2014/15, de La Vendéenne em 2015/16 e 2016/17, e novamente o Quevert em 2017/18 e 2018/19. Desta feita foi a vez do Saint Omer celebrar o “bi”.

Num dos poucos campeonatos disputados sem playoff, o SCRA Saint Omer foi a equipa mais forte, terminando com 12 pontos de vantagem para o vice-campeão Quévert.

Foi o 10º campeonato do palmarés para o Saint Omer, quarto clube mais condecorado do principal campeonato francês, a seis títulos do recordista US Coutras.

Na Alemanha, numa prova disputada em playoff, o Germania Herringen consolidou a sua posição como força dominante do hóquei alemão. Para além de ter terminado a fase regular na frente, com dois pontos de vantagem para os mais diretos perseguidores Walsum e Cronenberg, no playoff, disputado com rondas à melhor de três partidas, o Herringen confirmou favoritismo.

Nas meias finais bateu o Remscheid em três partidas, após derrota por 8-4, duas vitórias por 7-1 e 4-3 valeram um lugar na final. A derrota no jogo inaugural frente ao Remscheid acabaria por ser a única no playoff para o Herringen, já que na final diante do Cronenberg o tricampeão necessitaria apenas de dois jogos para revalidar o título e chegar ao “tetra”.

O 6º título de campeão para o Germania Herringen, todos alcançados na última década, tendo apenas o Iserlohn travado o domínio do Herringen entre 2014 e 2017.

No campeonato suíço depois de duas épocas sem campeão, o Diessbach voltou a conquistar o título, seis anos depois da sua última conquista. Depois do 1º lugar na fase regular, na frente de Genève, Biasca, e Dornbirn, o playoff, disputado em moldes semelhantes ao campeonato alemão, mas com uma final à melhor de cinco jogos, ditou um Diessbach mais forte.

Com duas vitórias pela margem mínima diante do Dornbirn nas meias finais (ambas por 3-2), a final frente ao Genève teve quatro jogos. Com uma vitória após prolongamento, e outra no desempate por grandes penalidades, o Diessbach venceu por 6-4 o jogo 4, que acabaria por selar a conquista do campeonato.

Foi o 3º título do palmarés do Diessbach, num campeonato suíço que, tal como o espanhol, tem um recordista que dificilmente será batido nas próximas décadas. O Montreux conta com 39 campeonatos, mais 27 que a segunda equipa mais titulada, o Genève.

Por fim, no campeonato inglês mais uma vez deu King’s Lynn. Pela 6ª temporada consecutiva a formação de Norfolk, no leste de Inglaterra leva o troféu para casa, e pela primeira vez consegue-o sem sofrer qualquer derrota na prova. O 6º título da equipa deixa-a cada vez mais perto do recordista de títulos Herne Bay, que com 16 se mantém do topo do historial do campeonato inglês.

Na próxima temporada a tarefa da revalidação poderá ser mais difícil, uma vez que o número de equipas participantes irá disparar. Depois de nas últimas épocas a prova ser disputada por sete formações, a próxima edição do principal campeonato inglês conta com 14 clubes inscritos.

King’s Lynn celebrou a dobradinha em Inglaterra (Foto: Gordon Morrison)

 

(Foto de Capa: Victor Echave)


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