A temporada 2021/22 no Campeonato Nacional da 1ª Divisão
A temporada 2021/22 simbolizou a 82ª edição do campeonato nacional da 1ª Divisão de hóquei em patins, e acabou por desempatar um empate que já vinha desde a temporada 2018/19 no topo da galeria dos campeões nacionais.
Novamente num campeonato decidido em formato de playoff, os habituais cinco candidatos ao título entraram em cena com a mesma ambição de chegar ao tão desejado troféu de campeão. No final da fase regular, e sem surpresa, foram estes cincos emblemas os que terminaram no topo da tabela, com 1º e 5º separados por apenas 9 pontos, o que traduz bem o equilíbrio existente entre todos os candidatos.
Foi o FC Porto a terminar a primeira fase da época na frente com mais dois pontos do que o campeão em título Sporting, liderados em pista pelos dois melhores marcadores da fase regular, Gonçalo Alves com 41 golos, e Carlo Di Benedetto com 39.
Gonçalo e Carlo foram dois de apenas quatro jogadores a ultrapassar a barreira dos 30 golos na fase regular. Os outros dois jogadores a ultrapassar essa marca foram Ferran Font (33) e Nolito Romero (31), dois dos destaques do segundo classificado Sporting.
Em terceiro lugar um Benfica que começou mal a temporada, mas, e sobretudo após a paragem para o Campeonato Europeu de seleções, subiu de rendimento e acabou por evitar o quinto lugar que não daria vantagem do fator casa para o playoff.
De resto entre 3º e 5º, Benfica, Oliveirense e Barcelos poderiam ter terminado em qualquer posição. Apenas um ponto separou as três equipas no final da fase regular, saindo ao Barcelos a “fava” de terminar no 5º posto, o que significaria que na primeira ronda do playoff jogaria apenas por uma ocasião na condição de visitado.
Mais para trás as três formações que viriam a completar o cenário do playoff rapidamente ficariam definidas. Valongo, Braga e Tomar destacaram-se das restantes equipas que poderiam ter ambição a chegar à fase decisiva da prova, e os 13 pontos que separaram o 8º Tomar, do 9º Juventude de Viana, disso são prova.
Depois de um 6º lugar em 2020/21, o SC Tomar não foi além do 8º nesta temporada, perdendo o 6º posto para o Valongo, e o 7º para um Braga que, depois de uma época em que apenas conseguiu a manutenção na última jornada, desta vez conseguiu uma fase regular bem mais tranquila, sendo a equipa que um maior salto deu de uma época para outra, no que ao número de pontos conquistados diz respeito.
Nas posições abaixo do 8º lugar, e para lá da já mencionada Juventude de Viana, o recém-promovido Paço de Arcos, foi, das três formações vindas do 2º escalão, aquela que melhor prestação teve, conseguindo a manutenção ainda a algumas jornadas do final do campeonato.
Também o Parede, campeão da 2ª Divisão, alcançou a manutenção, ainda que apenas o tenha conseguido numa última jornada frenética.
À entrada para a última jornada ainda nenhuma equipa estava matematicamente despromovida, sendo que das quatro que entravam em campo ainda à procura da manutenção, apenas uma iria celebrar no final.
Foi o Parede, com Sanjoanense e Marinhense a terminarem a época a dois pontos do clube lisboeta, e o Turquel a três.
Para a Sanjoanense foi a despedida do escalão maior após três épocas de 1ª Divisão. Para os “Leões da Embra“ foi mais uma época de “sobe e desce”, nunca tendo o Marinhense conseguido na sua história realizar duas épocas consecutivas no escalão maior. Para a equipa da “Aldeia do Hóquei” foi o regresso ao segundo escalão após um período de 10 temporadas consecutivas entre os grandes, um record do clube.
Playoff
A fase final do campeonato nacional da 1ª Divisão arrancou com uma quase surpresa. Se primeiro e segundo da fase regular conseguiram avançar para as meias finais em apenas dois jogos, terceiro e quarto não conseguiram fazer o mesmo.
O SL Benfica esteve mesmo muito perto de tombar perante o Valongo. No jogo 1, no Pavilhão da Luz, o Valongo esteve muito perto de levar vantagem para o norte do país, mas uma reviravolta já na fase final do prolongamento valeria uma vitória bastante sofrida aos encarnados.
No jogo 2, em Valongo, a equipa da casa superiorizou-se e venceu, também num jogo que necessitou de prolongamento, por 5-2. Uma vitória que poderia ter valido uma passagem às meias finais ao Valongo se a surpresa do jogo 1 se tivesse mesmo consumado.
Com a eliminatória empatada, a “negra” acabou por ser o jogo de maior desequilíbrio, e onde uma das formações foi claramente superior, com o Benfica a vencer 5-1, e avançar para as meias finais.
No confronto de maior equilíbrio, na teoria, a Oliveirense acabou afastada da possibilidade de lutar pelo título, sem que tenha conseguido vencer qualquer jogo no playoff. Uma derrota em casa por 3-4, e nova derrota em casa emprestada do Barcelos por 3-2, após prolongamento, deixava a Oliveirense pelo caminho, e levava a turma barcelense a nova meia final do campeonato.
As meias, já à melhor de cinco partidas, tiveram destinos diferentes, uma delas ficou com contas resolvidas em apenas três jogos, a outra precisou de quinto jogo para definir um finalista.
O vencedor da fase regular FC Porto continuou a marcha triunfante até à final, e “despachou” o OC Barcelos em apenas três jogos, 8-4 no primeiro jogado no Dragão, 5-2 no segundo no Pavilhão Municipal de Barcelos, e de volta ao Dragão 4-2 no terceiro, este apenas após desempate por grandes penalidades.
No derbi da capital, leões e águias trocaram argumentos até um quinto jogo para decidir quem se juntaria a dragões na final. Com o fator casa a prevalecer em todos os primeiros quatro jogos, o quinto traçou-se com linhas diferentes, com o Benfica de Nuno Resende a arrancar uma vitória após prolongamento (7-5) do Pavilhão João Rocha para, em pleno território rival, carimbar a presença na final, e confirmar o aumento de forma que já havia verificado na fase regular.
Na final também o fator casa foi sempre fator determinante, e desta vez em todos os jogos. O FC Porto adiantou-se com uma vitória inequívoca por 5-0, mas o SL Benfica respondeu com triunfo por 3-0. Num verdadeiro festival de golos, os azuis e brancos voltaram a desempatar a final com vitória por 9-6, mas no primeiro “Match Point”, no Pavilhão da Luz, o Benfica remeteu tudo novamente para o Dragão, com vitória por 5-3.
O derradeiro jogo serviria de desempate, não só na final do playoff, mas também no número de títulos. Quem vencesse ficaria isolado no topo da galeria de honra do campeonato nacional da 1ª Divisão, uma vez que, e após o campeonato ganho pelo FC Porto em 2018/19, ambas as equipas detinham 23 campeonatos no seu historial.
Em jogo intenso, como seria de esperar numa verdadeira finalíssima, nenhuma equipa conseguiu lograr uma vantagem de dois golos, mas nunca a equipa de Ricardo Ares se encontrou em desvantagem. No final dois golos de Gonçalo Alves e um de Carlo Di Benedetto seriam suficientes para alcançar a vitória (3-2) e assim festejar a conquista do 24º campeonato da história do FC Porto.
Numa época de estreia de Ricardo Ares no comando técnico do FC Porto em que terminou a fase regular no primeiro lugar, e para além da conquista do campeonato nacional da 1ª Divisão, juntou ainda a conquista da Taça de Portugal, batendo na final igualmente o Benfica, e a Taça Intercontinental, que na passada temporada contou apenas com participação de Sporting CP e FC Porto.
Uma estreia de sonho para o técnico espanhol, que parte para 2022/23 com a responsabilidade de defender a dobradinha desta época, e com renovada ambição de reverter a “malapata” dos dragões na agora denominada de Liga dos Campeões.
(Foto de Capa: José Coelho / Lusa)