Oliveirense lidera de forma isolada após o fecho da primeira volta

José NevesJaneiro 25, 201916min0
Dos 182 jogos referentes à 1ª Divisão Nacional 2018-19, 91 foram já realizados, o que significa que estamos no ponto intermédio da competição. Com a primeira volta do campeonato a terminar no dia de ontem, o Fair Play analisa as primeiras 13 jornadas de um campeonato repleto de emoções.

O empate a duas bolas entre o OC Barcelos e o Sporting CP marcou o final da primeira volta do campeonato, e foi também graças a este resultado que a UD Oliveirense obteve a liderança isolada da prova.

Ainda assim, e como se previa no arranque da temporada, os quatro candidatos ao título de campeão nacional têm todas as possibilidades de vencer a prova, estando 1º e 4º separados por apenas 2 pontos.

Classificação no final da 1ª volta do campeonato (Foto: Hoqueipatins.pt)

Uma corrida a quatro

Assim, no que ao título diz respeito, a corrida é ainda a quatro, com Oliveirense, Porto, Sporting e Benfica a batalharem pelo primeiro posto. Nesta luta a ligeira desvantagem vai para as duas formações lisboetas, que das quatro foram as duas que perderam pontos frente a adversários que não figuram na luta pelo titulo.

O Benfica foi o primeiro a cair com uma derrota por 6-3 no Pavilhão das Goladas, em Braga, seguindo-se dois empates nos redutos de Barcelos (3-3) e de Oeiras (4-4), este último acabaria por ditar o afastamento do técnico Pedro Nunes do comando técnico das águias, naquela que foi a primeira de apenas duas mudanças nos bancos das equipas da 1ª Divisão.

Já os leões seguraram a liderança isolada do campeonato até bem perto do final da 1ª volta, mas uma fase menos boa no capítulo das exibições e dos resultados fê-los cair para junto do eterno rival. Uma surpreendente derrota caseira frente a um fragilizado Paço de Arcos, que se apresentou no João Rocha com três baixas por lesão, mas que ainda assim conseguiu sair de casa do campeão com uma vitória por 5-7, e o recente empate no sempre difícil pavilhão do OC Barcelos, que foi a jogo também ele com duas baixas, Alvarinho e Gonçalo Nunes, jovens jogadores contratualmente ligados ao Sporting, e por isso impossibilitados de entrar em rinque nessa partida.

Um ponto conquistado nas derradeiras duas jornadas da primeira volta que deixam o Sporting com os mesmo 30 pontos de Benfica, e em vésperas de visitar o Pavilhão da Luz. A primeira ronda da segunda volta dá aos adeptos da modalidade um sempre emocionante Benfica x Sporting. Com ambas as equipas a passarem por uma fase menos positiva, uma derrota pode ser fatal para as aspirações de qualquer uma ao título de campeão nacional.

Águias e Leões correm atrás dos rivias, e defrontam-se este fim de semana (Foto: Arquivo Pessoal)

Um ponto mais acima encontramos o FC Porto, a turma de Guillem Cabestany foi a que menos pontos amealhou no “mini campeonato” dos quatro candidatos, mas em contrapartida foi aquela que menos vacilou frente às restantes equipas que compõem o Campeonato da 1ª Divisão.

Os 8 pontos desperdiçados pelos dragões dividem-se em derrotas no pavilhão do Sporting (5-3), e do Benfica (4-3), e um empate a uma bola em Oliveira de Azeméis. Em todos os outros jogos o FC Porto conseguiu ultrapassar os seus oponentes com relativa facilidade, sendo que agora na segunda volta, os azuis-e-brancos jogam no Dragão Caixa frente aos 3 rivais directos na luta pelo campeonato.

Ainda que nestes jogos entre quatro das melhores equipas do Mundo, o resultado seja sempre imprevisível, o factor casa pode ser preponderante, e nesta segunda volta de campeonato, o factor casa está do lado do FC Porto.

Na primeira posição de forma isolada surge a Oliveirense. A equipa de Renato Garrido  tem conseguido apresentar a consistência que faltou em épocas anteriores, principalmente frente às equipas “não candidatas”, e apesar de ter passado por dificuldades em algumas partidas, também a Oliveirense apenas perdeu pontos frente aos rivais directos. No caso da Oliveirense foram apenas dois os pontos amealhados nas três partidas realizadas frente aos rivais, com derrota caseira diante do Benfica, e dois empates frente ao Porto, em casa, e no Pavilhão João Rocha diante do Sporting.

Neste momento, e ainda com 13 jornadas para disputar, é justo concluir que a luta pelo título está a ser em grande parte definida pelas equipas “não candidatas”, que graças aos pontos que roubaram aos grandes de Lisboa, os deixam numa posição mais delicada, agora que entramos na série clássicos da segunda volta.

A meio está o Minho: o crónico quinto classificado, e duas surpresas

A meio da tabela, e a ocupar quatro das cinco vagas de qualificação para WS Europe Cup, estão os quatro representantes minhotos do campeonato.

No quinto posto surge o OC Barcelos, uma equipa que está bem familiarizada com esta posição, tendo terminado o campeonato no quinto lugar em duas das últimas três épocas. Com um plantel maioritariamente jovem, mas de qualidade inquestionável, os barcelenses somam apenas duas derrotas no campeonato, frente a FC Porto e UD Oliveirense, tendo no seu pavilhão roubado pontos a Benfica e Sporting. Ainda assim, e se a equipa do Barcelos aparece a já 7 pontos do duo lisboeta, muito se deve ao facto de ser a equipa com mais empates do campeonato. São 5 os empates do OC Barcelos nas primeiras 13 jornadas, para além dos empates caseiros frente a Benfica e Sporting, conta-se também um 4-4 frente ao Riba d’Ave, e divisões de pontos nos terrenos de Valongo e Tomar, este último pelo pouco usual resultado de 0-0.

Na sexta posição aparece a grande surpresa do campeonato, o Riba d’Ave. Recém promovido ao principal escalão do hóquei em patins português, o Riba d’Ave desde cedo mostrou que não vinha novamente de passagem, como foi o caso à duas temporadas, e arrancou com três resultados surpreendentes frente a três equipas com muito mais experiência de primeira divisão. Um empate na primeira jornada a 4 bolas em Barcelos, uma vitória caseira frente ao Valongo na terceira ronda, e logo de seguida na quarta jornada uma vitória no pavilhão do Turquel, lançaram o Riba d’Ave para as posições da primeira metade da tabela, de onde não mais saiu.

Apesar do Riba d’Ave ser uma das equipa que, frente aos quatro grandes somou quatro derrotas, a verdade é que esses são os únicos quatro desaires dos minhotos no campeonato até este momento, e isso justifica a excelente posição que ocupa na tabela classificativa.

Hugo Azevedo é a figura maior de um Riba d’Ave surpreendente (Foto: Facebbok Riba d’Ave Hóquei Clube)

Nas restantes posições europeias surgem mais duas equipas minhotas, a Juventude de Viana e o Braga. Os vianenses podem ver a época até agora dividida em dois, nas primeiras seis rondas a Juventude de Viana segurava a lanterna vermelha do campeonato com apenas 2 pontos, só após a 7ª jornada a equipa de André Azevedo começou a galgar posições na tabela, com 5 vitórias em 7 jogos, perdendo apenas para Benfica e Sporting.

O Braga tem também surpreendido pela positiva, principalmente pela contundente vitória caseira diante do SL Benfica por 6-3 na 5ª jornada do campeonato. Para além da vitória frente às águias, o HC Braga triunfou por mais três vezes diante das três formações que ocupam neste momento a zona de despromoção, o que vai valendo ao Braga um, para já, tranquilo lugar a meio da tabela.

Na nona e última posição europeia surge uma das decepções da primeira volta. A equipa do Valongo soma apenas 12 pontos em 13 jogos, tendo abandonado a zona vermelha da tabela nesta derradeira jornada da primeira volta após uma vitória diante do Braga. Com um plantel que sofreu poucas alterações em relação aquele que terminou a época transacta na quinta posição, a equipa de Miguel Viterbo não tem conseguido exibir-se a um nível semelhante ao de 2017-18, encontrando-se numa posição pouco confortável e usual para o campeão nacional de 2013-14.

Zona centro/sul em risco de perder representantes

Se olharmos para a classificação do campeonato é fácil de percepcionar que, à excepção de Benfica e Sporting, todas as restantes equipas do centro/sul do país estão envolvidas na luta pela manutenção. No final da primeira volta as cinco últimas posições da tabela são todas ocupadas por equipas desta zona do país, com Paço de Arcos, Oeiras, Tomar, Turquel e Marinhense a ter de arregaçar as mangas nesta segunda volta para fugir à segunda divisão.

No caso do Paço de Arcos, o primeiro deste grupo, pode-se falar em surpresa tendo em conta as circunstâncias em que o clube da linha se vê envolvido. Desde cedo privado de dois dos seus jogadores por lesão (Nelson Ribeiro e Filipe Fernandes), o Paço de Arcos foi, juntamente com o vizinho Oeiras, a equipa que mais tempo passou na zona de despromoção nesta primeira volta, num total de 7 jornadas abaixo da linha de água.

Tudo mudou após a 10ª jornada, num electrizante derby frente ao Oeiras, em que o Paço de Arcos perdia por 0-3 a pouco mais de 2 minutos do fim, mas acabaria por virar para 4-3, com o golo da vitória no derradeiro segundo do jogo. Depois, na 12ª ronda, veio uma das maiores surpresas deste campeonato, com a vitória no terreno do campeão Sporting por 5-7, num jogo em que, para além de Nelson Ribeiro e Filipe Fernandes, a equipa da linha não contou também com Diogo Silva, o elemento mais experiente da equipa.

Com a hipótese de despromoção ainda bem real, é possível que, em caso de manutenção, daqui a 13 jornadas se olhe para os derradeiros dois minutos  do jogo frente ao Oeiras como aqueles que viraram por completo a época do Paço de Arcos.

Tomás Moreira tem sido um dos grandes destaques de um Paço de Arcos desfalcado (Foto: HoqueiPT)

O Oeiras, outro dos recém promovidos ao escalão principal, vai confirmando aquilo que era esperado no início de época. Uma temporada em que a luta pela manutenção se poderia arrastar até aos derradeiros jogos do campeonato, sendo que para já o Oeiras se encontra imediatamente acima da linha de água com os mesmo pontos da primeira equipa abaixo.

Uma equipa que tem no seu trio de argentinos as suas principais figuras, tendo sido eles os principais responsáveis pelos 10 pontos até agora amealhados pelo Oeiras no campeonato, marcando 8 dos 10 golos do Oeiras nas suas 3 vitórias. Franco Ferruccio, o jogador de maiores capacidades técnicas do plantel vai sendo o destaque da equipa, tendo apontado 12 dos 33 golos marcados pelo Oeiras no campeonato.

Abaixo da linha de água surgem desde logo, outras duas decepções da época, o Tomar e o Turquel.

A equipa nabantina vinha de uma das melhores temporadas da sua história recente sob o comando técnico de Nuno Domingues, mas a troca no banco efectuada no defeso não parece estar a ser positiva para o Tomar. Jorge Godinho soma apenas duas vitórias para o campeonato, uma delas logo na jornada inaugural, e o Tomar que na época passada foi a surpresa da época, termina a primeira volta com apenas 10 pontos amealhados.

Apesar de ser uma das melhores defesas do campeonato (apenas Oliveirense, Porto e Sporting sofrem menos golos) o Tomar é o pior ataque da prova com apenas 23 golos apontados, não tendo marcado qualquer golo em quatro partidas, três delas no seu próprio pavilhão.

O caso do HC Turquel é semelhante, com uma defesa pouco batida durante grande parte do campeonato (apenas nas últimas duas jornadas o número de golos sofridos disparou graças a duas goleadas sofridas frente a Oliveirense e Porto), o Turquel apresenta apenas 25 golos marcados, algo que deixa os alvinegros na 13ª e penúltima posição da tabela.

Ainda que também tenha sofrido com lesões durante a primeira volta, com André Moreira e o capitão Vasco Luís a falharem jogos com problemas físicos, o Turquel acaba por ser a única equipa do campeonato a não amealhar qualquer ponto na condição de visitante esta época, somando por derrotas todas as seis partidas que realizou longe do seu pavilhão.

Com o ano de 2019 a trazer várias novidades para os turquelenses, um reforço sonante de inverno que chegou à “Aldeia do Hóquei” (João Souto ex.Valongo), e o regresso do técnico que guiou o Turquel à primeira divisão e lá o manteve durante cinco temporadas (João Simões), o HC Turquel tem a obrigatoriedade de começar a somar pontos nos primeiros jogos da segunda volta, para fugir à zona vermelha da tabela.

Por fim o Marinhense terminou a primeira volta do campeonato na posição onde ninguém deseja estar. A segurar a lanterna vermelha à já três jornadas, a equipa de Tiago Sousa conseguiu alcançar alguns resultados interessantes, mas insuficientes para levar a equipa da Marinha Grande a uma posição mais tranquila.

Se Tomar e Turquel, as outras duas equipas em posição de descida, têm os piores registos ofensivos, o Marinhense conta com a pior defesa do campeonato com 70 golos sofridos, um número para o qual muito contribuíram as goleadas sofridas na Embra frente ao FC Porto (3-11) e no reduto do Sporting (14-3).

Com o Marinhense a sair derrotado por quatro ocasiões pela margem mínima, em Turquel (2-1), em Braga (2-1), em Riba d’Ave (4-3), e frente ao Paço de Arcos (5-6), os leões da Embra necessitam urgentemente de transformar estas derrotas mínimas em pontos, sob o risco de voltar à Segunda Divisão Nacional.

Diogo Alves, do SC Tomar, é dos guardiões menos batidos da 1ª Divisão (Foto: Facebook Diogo Alves)

Mercado de inverno com algumas movimentações

É muito pouco frequente no hóquei em patins haver movimentações no decorrer da temporada, mas nesta época já houve algumas trocas nos plantéis, nomeadamente de equipas da segunda metade da classificação.

Como referido acima, duas equipas trocaram bem recentemente de treinador, o Benfica e o Turquel. O clube da Luz procedeu à troca no final de 2018 após o empate a 4 bolas em Oeiras, chegando no início de 2019 o argentino Alejandro Dominguez, actual seleccionador espanhol. Para já o técnico argentino leva para o campeonato duas vitórias diante de Juventude de Viana e Paço de Arcos, tendo no entanto o clube encarnado sofrido em ambas as partidas para sair de rinque com os três pontos.

Em Turquel a troca ocorreu um pouco mais tarde, após o primeiro jogo de 2019 o técnico turquelense Nelson Lourenço abandonou o cargo sendo substituído por outro homem da casa, João Simões. Um treinador que orientou o Turquel durante 10 temporadas entre 2006-07 e 2016-17, guiando o clube à primeira divisão e às competições europeias. Com três jogos realizados até agora, dois para o campeonato e um para a WS Europe Cup, tendo empatado um e perdido os dois para o campeonato de forma compreensível tendo em conta os adversários (Oliveirense  e Porto), é com o início da segunda volta que a mudança pode começar a fazer efeito.

No que diz respeito a jogadores a mudança mais sonante envolve também o Turquel. João Souto, internacional português que na temporada transacta defendeu as cores da Oliveirense, mudou-se no verão para Valongo por motivos académicos. Agora, com o curso de medicina já concluído, Souto viu-se forçado a viajar para a zona centro do país, optando por continuar a sua carreira de hoquista na “Aldeia do Hóquei”. Um reforço de peso para o Turquel na segunda metade da época, ele que em quatro jogos já facturou por quatro vezes.

Também o Oeiras se reforçou no inicio deste ano civil, João Alves, defesa/médio que alinhou pelo SC Tomar no último ano e meio, deixou os nabantinos por motivos pessoais reforçando o Oeiras. Curiosamente a estreia do jogador pelo Oeiras aconteceu no pavilhão de Tomar, tendo João Alves contribuído para a vitória do Oeiras por 0-2.

Por fim também o Riba d’Ave foi forçado a promover uma troca no seu plantel, o capitão de equipa Raul Meca abandonou a equipa por motivos pessoais, sendo substituído por Guilherme Ferreira. O jovem defesa/médio de 21 anos alinhava no Limianos do segundo escalão e substitui assim um experiente jogador que defendeu as cores do Riba d’Ave por 6 épocas e meia.

João Souto é reforço sonante para o HC Turquel (Foto: Facebook Hóquei Clube de Turquel)

A segunda volta está já aí à porta (a 14ª jornada arranca amanhã, culminando no domingo com o derby SL Benfica x Sporting CP), e a maioria das 14 equipas participantes no campeonato têm de arregaçar as mangas, quer estejam envolvidas na luta pelo título, pela Europa ou pela manutenção. Uma coisa é certa, se a primeira volta nos deu grandes jogos e muita emoção, os amantes da modalidade que se preparem, pois a segunda volta promete ainda mais espetáculo.


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