A luta pela sobrevivência na elite do hóquei nacional

José NevesMarço 15, 201813min0

A luta pela sobrevivência na elite do hóquei nacional

José NevesMarço 15, 201813min0
O campeonato aproxima-se do seu final e todas as atenções estão viradas para o trio que luta pelo título de campeão nacional. Mas na metade oposta da tabela várias equipas protagonizam uma tão ou mais emocionante batalha pela manutenção. O Fair Play foca-se nestas equipas e analisa a luta pela sobrevivência.

O campeonato caminha a passos largos para o seu final mas ainda existe muita indecisão no que diz respeito à classificação final. As lutas pelo título de campeão nacional e pela manutenção estão ao rubro e há vários cenários possíveis em ambas as metades da tabela. Hoje analisamos a batalha pela sobrevivência na elite do hóquei em patins português, olhando com atenção para o que falta jogar e para os números que as equipas envolvidas nesta luta apresentam.

Apesar de apenas os cinco primeiros classificados terem matematicamente a manutenção garantida, é seguro dizer que Barcelos, Juventude de Viana e Tomar não têm com que se preocupar no que à permanência na I divisão diz respeito. Portanto, e com oito jogos ainda por disputar, são seis as equipas em perseguição dos três lugares restantes que garantem a presença no primeiro escalão em 2018-19.

Paço de Arcos, Valença, Turquel, Braga, Infante Sagres e Grândola são os seis conjuntos que, apesar de estarem longe dos holofotes apontados para o topo da tabela, prometem uma recta final de campeonato com muita emoção na metade de baixo da classificação.

Tabela classificativa actual após 18 jornadas (fonte: hoqueipatins.pt)

CD Paço de Arcos

O Paço de Arcos é o mais bem colocado dos emblemas na luta pela sobrevivência contando com 14 pontos conquistados, mas se olharmos para o calendário até final da temporada, o clube da linha é aquele com menores razões para sorrir.

Dos oito encontros que ainda faltam disputar, metade são contra os quatro primeiros classificados do campeonato (Oliveirense e Porto em casa, Benfica e Sporting fora), e os quatro jogos de forma consecutiva entre a 20ª e a 23ª jornadas.

O Paço de Arcos é, aliás, a única equipa do campeonato que terá de defrontar os quatro colossos do hóquei nacional, o que significa que, a menos que a equipa de Luís Duarte cause sensação em algum destes jogos, será nas últimas três jornadas, onde o Paço de Arcos defronta Infante Sagres, Grândola e Tomar, que o clube lisboeta jogará as suas mais importantes cartadas rumo à manutenção.

Com uma média de 3.4 golos marcados por jogo, o Paço de Arcos apresenta uma melhoria significativa em relação à época passada em que terminou o campeonato com uma média de 2.9, para isso muito tem contribuído Gonçalo Nunes, jovem emprestado pelo Sporting que leva 28 golos marcados no campeonato, 2º na tabela de goleadores apenas atrás de João Rodrigues.

Mas mesmo uma grande época deste jovem prodígio assim como do experiente defesa André Centeno, podem não ser suficientes para o Paço de Arcos garantir uma 8ª presença consecutiva na I divisão. Com um calendário de elevado grau de dificuldade, na próxima ronda é o Barcelos que visita o Casablanca, jogo que antecede a já referida série frente aos grandes do hóquei nacional.

É portanto, um Paço de Arcos com pouca margem para errar até final da época, apesar do actual 9º lugar na tabela a ameaça da descida está bem próxima.

Valença HC

Se olharmos para o registo do Valença no campeonato um número salta à vista, os 97 golos sofridos. Um número bem mais elevado que o das três equipas mais próximas dos minhotos na tabela (Paço de Arcos, Turquel e Braga), e que se justifica em grande parte pelos jogos realizados nos pavilhões de Benfica, Porto e Oliveirense.

Nestas três partidas de elevado grau de dificuldade os valencianos sofreram 36 golos, que representam 37% do total de golos sofridos em todo o campeonato, um registo que demonstra que o Valença não se dá nada bem quando visita os grandes do hóquei nacional.

Um dado estatístico que não augura nada de bom para a próxima partida da equipa de Orlando Graça, que se desloca ao Pavilhão João Rocha para defrontar o Sporting, actual líder do campeonato e o último dos quatro grandes que o Valença tem de visitar.

Mas após este difícil jogo a equipa do Valença terá pela frente uma série de jogos que podem garantir aos minhotos a sobrevivência entre os grandes, recebendo no seu pavilhão o Infante Sagres, o Tomar e o Turquel, e, pelo meio, desocando-se a Grândola e à vizinha Juventude Viana.

Uma sequência de partidas decisivas para o futuro da equipa do Valença no primeiro escalão, com três batalhas marcadas frente a adversários directos, duas delas no seu reduto, e mais uma no campo do actual lanterna vermelha do campeonato.

Um calendário que, não sendo de todo fácil, deixa boas perspectivas para uma terceira época consecutiva do Valença na elite do hóquei português.

Zé Braga é o melhor marcador da equipa do Valença com 15 golos (foto: zerozero.pt)

HC Turquel

A equipa que mais surpreende ver por estes lugares nesta altura da época, o Turquel habituou-nos em épocas recentes a fazer campanhas sólidas no miolo da tabela e a assegurar a manutenção de forma tranquila, mas esta temporada não tem corrido de feição aos turquelenses.

Jorge Godinho, aposta dos responsáveis do clube alvinegro para suceder a João Simões no comando técnico da equipa, não conseguiu dar continuidade ao excelente trabalho do seu antecessor, e após várias fracas exibições e uma eliminação da Taça de Portugal por expressivos 6-1 frente ao Riba d’Ave do segundo escalão, Godinho deu lugar a Nelson Lourenço, experiente técnico com várias épocas de ligação ao clube.

Para além das exibições menos conseguidas o número de golos marcados impressiona quando em comparação à época transacta, um total de 48 golos marcados (o 2º pior ataque da competição), numa média de 2.7 golos por jogo representam uma queda em relação à média de 3.5 golos marcados em 2016-17.

O Turquel é também a equipa que menos factura fora de casa, registando apenas 14 golos em 8 partidas, tendo apenas conquistado um dos seus doze pontos longe de Turquel, num empate a três em Grândola.

É então Nelson Lourenço, mais um timoneiro da casa, que terá a responsabilidade de manter o Turquel na I divisão pela sétima temporada consecutiva, e para isso conta já com dois jogos cruciais frente aos dois últimos classificados. Uma visita a casa do Infante Sagres seguida da recepção ao Grândola na “Aldeia do Hóquei”, são estas as duas partidas decisivas para as contas do Turquel que, após estes dois encontros, apenas joga por mais duas vezes diante do seu público frente a Juventude Viana e Valongo, mas conta com três jogos fora importantes nos terrenos de Tomar, Valença e Braga.

Para já, e nas cinco partidas realizadas sob as ordens do novo técnico, foi possível assistir a uma melhoria significativa da qualidade de jogo, tendo o Turquel rubricado boas exibições colectivas nas duas partidas frente aos italianos do Breganze para a Taça CERS e na visita ao Dragão Caixa numa derrota por escassos 5-3, o melhor resultado até à data de uma equipa não candidata ao título em terreno azul e branco.

Esperam agora os adeptos turquelenses que essa melhoria na qualidade de jogo se traduza em pontos na tabela classificativa.

HC Braga

No início da temporada o Braga era, dos três conjuntos vindos do segundo escalão, aquele a quem eram dadas maiores probabilidades de sucesso na tarefa de se manter entre a elite, e com 18 jogos já realizados os bracarenses mostram que eram mesmo a equipa mais bem preparada o fazer.

Com 11 pontos para já conquistados, o Braga terminou a primeira volta com um ataque pouco concretizador (33 golos apontados, apenas mais 1 que o Grândola), mas tem contado com um Pedro Delgado “Bekas” em grande nas mais recentes partidas.

Nos últimos seis encontros para o campeonato Bekas fez o gosto ao stick por onze vezes, sendo o segundo melhor marcador do campeonato neste espaço temporal apenas atrás do inevitável João Rodrigues, para além disso o jogador teve um papel preponderante no empate a três em Turquel, em que marcou por duas ocasiões, e na vitória caseira por 6-4 frente ao Paço de Arcos, onde assinou um poker.

Tal como acontece com o Paço de Arcos os próximos jogos do Braga não poderiam ser mais complicados, a equipa treinada por Vítor Silva tem agendada para as próximas três jornadas uma visita ao Benfica, uma recepção ao Porto e uma visita ao Sporting.

Perante este calendário os dois jogos imediatamente seguintes a este ciclo (recepção ao Infante Sagres e visita a Grândola) serão decisivos para que a equipa do Braga não perca definitivamente o contacto com as posições de sobrevivência e com o trio de equipas que persegue.

No caso da equipa minhota ultrapassar o duplo teste frente ás duas equipas que estão abaixo de si na tabela, as derradeiras três jornadas abrem boas perspectivas para o Braga, já que na recta final de campeonato joga no seu pavilhão por duas ocasiões, frente a Tomar e Turquel, este último no fecho do campeonato num jogo que pode ter contornos de uma verdadeira final.

C Infante Sagres

A equipa do Infante Sagres não tem vida fácil para o que resta desta temporada, com 108 golos sofridos nesta edição do campeonato, o segundo pior registo apenas à frente dos 111 do Grândola, de pouco têm valido os 19 golos marcados por João Paulo Candeias, 9º melhor artilheiro do campeonato e um de apenas dez atletas com uma média igual ou superior a um golo por jogo.

Ainda assim Candeias deixou a sua marca na conquista de todos os sete pontos que a equipa da cidade invicta averba à 18ª jornada, com dois golos apontados na vitória por 6-4 frente ao Grândola, outros dois na vitória por 4-3 frente ao Braga, e quatro tentos no empate a oito em Turquel.

Com um atraso de cinco pontos para os lugares acima da linha de água, os dois próximos encontros do Infante Sagres serão determinantes para a equipa de Fernando Almeida. Jogos frente ao Turquel, em casa, e ao Valença, no Minho, poderão deixar o Infante Sagres definitivamente fora da corrida por um lugar no principal campeonato em 2018-19, ou aproximá-lo dos seus dois adversários que são as duas equipas imediatamente acima da zona vermelha da tabela.

Mas mesmo que o Infante obtenha sucesso nestes dois encontros a manutenção pode continuar a ser uma meta difícil de alcançar, já que até final da época joga por três ocasiões perante o seu publico mas frente a três conjuntos da metade superior da tabela (Valongo, Barcelos e Benfica), jogando por duas ocasiões frente a equipas na luta pela manutenção mas ambas fora de portas (em Braga e em Paço de Arcos).

O sonho da sobrevivência para o Infante Sagres parece cada vez mais distante e os próximos jogos irão certamente desfazer todas as dúvidas sobre se a equipa da cidade do Porto estará na luta até final ou se acabará despromovida antes de chegarmos ao sprint final.

Infante Sagres e Turquel enfrentam-se na próxima ronda num jogo crucial para ambos os conjuntos (foto: Carmo Honório)

HCP Grândola

O Grândola surpreendeu tudo e todos com a subida de divisão na temporada transacta e com a conquista do título nacional da II divisão, mas para 2017-18 adivinhava-se uma época difícil para a equipa alentejana.

Para já a equipa do Grândola é última classificada com apenas seis pontos, regista o pior ataque da competição com 46 golos apontados, e a pior defesa com 111 golos consentidos, para além disso a turma alentejana é a pior equipa do campeonato em jogos caseiros, averbando apenas cinco pontos, e a pior na condição de visitante, onde apenas amealhou um ponto fruto de um empate em Paço de Arcos.

Curiosamente a equipa que esta época se estreou na I divisão marca mais golos fora de portas (28) do que em casa (18), mas também é em terreno alheio que mais vezes vê os oponentes festejar, tendo sofrido 65% dos golos (72) fora da vila alentejana.

A posição do Grândola é bastante idêntica à do Infante Sagres, não só porque estão apenas separados por um ponto na tabela classificativa, mas também porque no que falta jogar têm sete adversários em comum. Ligeira vantagem para o conjunto alentejano, ainda assim, já que recebe no seu reduto Valença, Braga e Paço de Arcos, três adversários que os nortenhos têm de visitar. Para além destes três jogos caseiros o Grândola visita ainda a “Aldeia do Hóquei”, em mais um jogo frente a um rival da segunda metade da tabela.

Juntamente com o jogo de Turquel, o lanterna vermelha do campeonato, que tal como a equipa da cidade de Alcobaça trocou de treinador com a época em andamento, substituindo Quim Zé por Nelson Mateus, visita os terrenos de Valongo, Barcelos e Benfica.

Perante este calendário o registo do Grândola enquanto equipa visitante tem tendência para piorar, mas o conjunto grandolense tem no seu pavilhão e nos seus adeptos uma última réstia de esperança em conseguir uma histórica manutenção.


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