LIII Campeonato da Europa de Hóquei em Patins coroa Espanha campeã

José NevesJulho 25, 201822min0

LIII Campeonato da Europa de Hóquei em Patins coroa Espanha campeã

José NevesJulho 25, 201822min0
Na passada semana disputou-se no Palácio dos Desportos do Riazor, na Corunha, a 53ª edição do Campeonato da Europa de hóquei em patins. Veja aqui os vencedores e os destaques desta competição.

Em Espanha se disputou e em Espanha ficou o troféu mais desejado. Nuestros Hermanos eram considerados de forma unânime como os mais fortes candidatos ao triunfo final e provaram em pista o porquê de lhes ser atribuído o favoritismo à partida para este Campeonato da Europa de hóquei em patins. É a 17ª conquista europeia da seleção espanhola que assim se volta a aproximar do ainda recordista Portugal, que conta com 21 títulos continentais.

Para além da seleção da casa também os seus vizinhos de Andorra se destacaram na prova. Com uma média de idades a rondar os 19 anos de idade, o jogador mais velho dos dez andorrenhos era Llorenç Miquel com 23 anos, e foi com esta juventude em pista que a jovem seleção de Andorra garantiu um surpreendente 6º lugar na competição.

Os quatro semi-finalistas esperados

Na seleção espanhola de Alejandro Dominguez oito dos jogadores que venceram o Campeonato do Mundo em 2017 nos World Roller Games, na China, repetiram a chamada para este Europeu, registando-se apenas as saídas do guardião da Oliveirense Xavier Puigbi e do jovem Jordi Burgaya, que em 2017-18 também representou a equipa de Oliveira de Azeméis. Para os seus lugares foram convocados dois jogadores que se mostraram preponderantes nesta conquista espanhola, Sergi Fernandez, guarda redes do Barcelona, e Ferran Font, uma das maiores jovens promessas do hóquei espanhol, ele que se sagrou campeão português na temporada transacta ao serviço do Sporting.

Fernandez e Font foram importantes mas não foram os únicos, cinco dos oito jogadores de campo espanhóis terminaram a prova com o número de golos na casa das dezenas, Raul Marin e Pau Bargalló (14 golos), Ferran Font (13), Jordi Adroher (11) e Eduard Lamas (10). É verdade que para estes números muito contribuiu a goleada por 22-0 frente à seleção belga, mas a verdade é que mesmo nos jogos de maior dificuldade a turma espanhola apresentou-se sempre em grande nível, bastante coesa defensivamente, cometendo muito poucos erros no último terço da pista, e mais objectiva no ataque mesmo quando dispôs de menos oportunidades de golo que o adversário, que foi o caso da final frente a Portugal.

Num conjunto que aliou a experiência e a juventude com quatro jogadores acima dos 30 anos, Raul Marin (31 anos), Albert Casanovas (33), Sergi Fernandez (33) e Jordi Adroher (33), e com três jovens abaixo dos 23, Ignacio Alabart (22 anos), Ferran Font (21) e Nil Roca (20), o selecionador Alejandro Dominguez voltou a apostar no lançamento da próxima geração espanhola, como já havia feito no Mundial do ano passado onde também levou três jogadores com idade de sub-23, e mais uma vez obteve sucesso. Dominguez, que rendeu Quim Pauls no comando técnico da seleção no ano passado, venceu as três competições que disputou – Campeonato do Mundo 2017, Taça Latina 2018 e Campeonato da Europa 2018 – iniciando com o patim direito o seu percurso enquanto selecionador espanhol.

Pau Bargalló capitaneou a seleção ao título (Foto: Arquivo Pessoal)

Portugal entrava neste campeonato da Europa com a responsabilidade de defender o título conquistado em 2016, em Oliveira de Azeméis. Dessa equipa que atingiu o topo e conquistou o 21º título europeu para Portugal, Luís Sénica promoveu três alterações, com as saídas de Reinaldo Ventura, Ricardo Barreiros e do guarda redes Nélson Filipe, substituídos por Vítor Hugo (do Sporting), Poka (Valongo), e Pedro Henriques (Benfica).

Com uma fase de grupos 100% vitoriosa, apesar do susto frente à jovem equipa francesa, desde cedo se destacou um jogador na formação portuguesa, João Rodrigues venceu o prémio de melhor marcador da competição com 24 golos marcados, mais oito que o 2º classificado, Cesar Vives da Holanda. Rodrigues foi mesmo o único jogador em toda a competição a marcar em todos os jogos que realizou, marcando por 18 vezes na fase de grupos e por mais 6 na fase a eliminar, incluindo 2 dos 3 golos que Portugal marcou na final frente à Espanha.

Ainda que tenha chegado à final averbando apenas vitórias, a seleção portuguesa não se livrou de um susto frente aos franceses, na fase de grupos.  Na última jornada da fase inicial da prova Portugal disputava com a França o primeiro lugar do grupo, sabendo que quem vencesse evitaria a favorita Espanha até à final, ao passo que o derrotado do jogo a poderia encontrar mais cedo, nas meias finais. Num jogo pouco conseguido pela turma portuguesa, a França esteve perto da surpresa chegando a meio da 2ª parte a vencer por 4-1, mas com uma forte pressão do conjunto luso nos 10 minutos finais, e com o maior desgaste da seleção francesa que apenas pode contar com oito jogadores neste Europeu, Portugal acabaria por dar a volta com dois golos já nos derradeiros quatro minutos.

Ainda assim Portugal seria incapaz de bater a seleção da casa na final, perdendo por 6-3. Apesar de alguns erros defensivos que acabariam por custar caro à equipa de Luís Sénica, é verdade que Portugal se pode queixar da sorte, ou falta dela. Num jogo em que foram os jogadores portugueses a criar o maior número de oportunidades de golo,mas que encontraram em Sergi Fernandez, e nos postes da sua baliza – foram 6 os remates que Portugal enviou aos ferros – adversidades que impossibilitaram Portugal de mais uma vez revalidar o título. Curiosamente, também na última vez em que Portugal entrou em prova como campeão europeu em título, no Euro 2000 realizado na cidade suíça de Wimmis, os então liderados por Vítor Hugo acabariam por cair na final frente à seleção espanhola… com uma derrota de 6-3.

João Rodrigues foi o principal artilheiro da prova (Foto: Facebook João Rodrigues)

A seleção italiana é a crónica 3ª classificada dos Europeus, nas 51 participações dos transalpinos nesta competição a squadra azurra ficou com o bronze por 22 vezes, a última das quais neste Europeu. Depois da conquista do título em 2014, e do 2º lugar em 2016, desta feita os italianos voltaram ao lugar mais baixo do pódio.

Outra das seleções que contou com alguns jovens com idade de sub-23, sendo que dois deles se destacaram neste Campeonato da Europa, falamos de Alessandro Verona e Giulio Cocco, ambos de 22 anos, dois jogadores que certamente irão comandar a seleção do seu país por vários anos em Europeus e Mundiais. Verona foi o principal goleador italiano na prova marcando por 15 vezes, Cocco, que está a caminho do campeonato português para reforçar o FC Porto, foi um dos motores do jogo ofensivo da sua equipa criando várias vezes perigo às balizas adversárias.

Um dos pontos negativos desta equipa italiana neste Europeu foi a eficácia nas situações de livre directo. Um tipo de lance que no hóquei actual pode ser determinante em jogos equilibrados, e em que os italianos apenas marcaram por 2 ocasiões em 13 livres directos a favor. Nos dois jogos em que a Itáila perdeu foram três os livres directos desperdiçados, dois frente à Espanha na última jornada da fase de grupos, e um nas meias finais perante Portugal, sendo que nas três situações os italianos perderam por uma margem de 2 golos, e os livres directos apareceram em alturas chave, podendo, em caso de golo, alterar o rumo dos jogos.

Com a base da seleção toda abaixo dos 30 anos de idade, o selecionador Massimo Mariotti certamente olha já para o Campeonato do Mundo do próximo ano em Barcelona, esperando que esta geração italiana possa finalmente bater Portugal, Espanha ou Argentina num jogo eliminatório do Mundial, algo que já não acontece desde as meias finais do Mundial de 2003, altura em que os italianos bateram a Espanha por 4-3.

Seleção italiana voltou a terminar no 3º lugar (Foto: Marzia Cattini)

A geração de ouro do hóquei francês chegava ao Europeu com esperança de bater os crónicos favoritos, mas antes ainda do início da prova sofreu um duro revés. Fruto da perda do estatuto de modalidade de alta competição, e com os devidos cortes estatais, o orçamento da federação francesa foi drásticamente reduzido, e a França apenas se apresentou neste Euro com oito jogadores.

Assim, com apenas seis jogadores de pista, era previsível que os franceses passassem por dificuldades para realizar sete jogos no espaço de uma semana, e foi isso que se verificou. No jogo frente a Portugal que ditava o vencedor do grupo A, a França chegou a estar a vencer por 4-1, mas o sufoco provocado pelo portugueses nos últimos dez minutos de jogo aliado ao desgaste notório na jovem equipa francesa neste período ditaram a reviravolta portuguesa, e consequente 2º lugar do grupo para a França.

A consequência dessa derrota surgiu nas meias finais, depois de bater a Alemanha nos quartos por 5-2, os franceses defrontavam a favorita Espanha, não se prevendo tarefa nada fácil para os comandado por Fabien Savreux. E novamente, apesar de uma primeira parte muito boa dos franceses que foram para o intervalo em vantagem, as consequências de ter uma rotação bem mais curta que os adversários voltou a vir ao de cima na segunda metade, com a Espanha a transformar o 1-2 com que se regressou aos balneários num 8-2 final.

Destaques individuais para Carlo Di Benedetto e Keven Correia, o primeiro é o grande ás do hóquei francês, a disputar o Europeu no pavilhão do clube que representa, o Liceo da Corunha, Carlo foi a grande figura da França neste Europeu. Com 12 golos marcados Carlo Di Benedetto foi o melhor artilheiro da sua nação, não fazendo o gosto ao stick apenas no jogo de atribuição do 3º e 4º lugares. Também em grande esteve Keven Correia, o guarda redes que na próxima época se muda do Noisy Le Grand para o Valença da 2ª divisão portuguesa foi uma das revelações do torneio e um dos melhores guarda redes da competição.

Um 4º lugar final para a equipa francesa atrás das três principais potências europeias da modalidade, o resultado esperado para esta jovem geração de França que mesmo com as adversidades que encontra neste momento no seu país, deu muito boa conta de si neste Campeonato da Europa.

Carlo Di Benedetto é o líder da seleção francesa (Foto: Marzia Cattini)

Do 5º ao 11º, houve um pouco de tudo

Um dos grandes pontos positivos deste Europeu esteve no facto de se apresentarem onze seleções para a competição, o maior número de participantes desde o Europeu de 1994, realizado no Funchal, onde estiveram treze equipas. Uma grande evolução para a modalidade tendo em consideração que à apenas quatro anos, no Euro 2014, estiveram apenas representados seis países.

Para a edição deste e ano e em relação ao último Europeu regressaram a Holanda, que não comparecia num Europeu desde 2008, a Andorra, que não participava desde 2006, e a Bélgica, que participou pela última vez em 1996.

Nestas seleções que terminaram para lá do 5º lugar houve vários destaques, e o principal elogio que se pode fazer à competitividade deste Europeu é que, à exceção da Bélgica, em todas as seleções houve várias individualidades em destaque.

Desde logo nas duas seleções que disputaram o jogo de atribuição do 5º e 6º lugares. Nesse jogo a Suíça bateu Andorra por 5-3, uma partida onde o experiente avançado suíço Gael Jimenez se destacou com um hat-trick. Para além dele também o capitão Pascal Kissling e o jovem Gian Rettenmund se mostraram em bom plano no Europeu, o primeiro foi o melhor marcador da sua seleção com 9 golos apontados, e mais uma vez foi o grande impulsionador do jogo da equipa suíça. O segundo é a maior promessa do hóquei do seu país, com 20 anos Gian foi titular em seis dos sete encontros da Suíça na prova, e mostrou qualidades para substituir o capitão Kissling como a próxima figura do hóquei em patins suíço.

Gian Rettenmund é estrela emergente na Suíça (Foto: Marzia Cattini)

Andorra foi a grande surpresa do Campeonato da Europa, com a seleção mais jovem em prova, o jogador mais velho dos dez andorrenhos era Llorenç Miquel, com 23 anos. Uma média de idades a rondar os 19 anos de idade, mas que não acusou a inexperiência e bateu seleções como a Inglaterra e a Alemanha para chegar a este inédito 6º lugar, a melhor classificação de sempre de Andorra num Europeu. Gerard Miquel foi o grande destaque de Andorra na competição, o jogador dos espanhóis do Igualada marcou por oito ocasiões na prova e apesar da sua ainda tenra idade, 20 anos, foi o líder do conjunto andorrenho dentro de rinque.

Na 7ª posição terminou a Alemanha, que apesar de ter apresentado bons pormenores em alguns jogos, foi surpreendida por Andorra, acabando por piorar o registo de 2016 onde havia terminado no 6º lugar. Com várias alterações em relação à equipa que participou no Mundial do ano passado, foram apenas três os jogadores a repetir a convocatória, houve uma clara intenção do selecionador Jordi Molet em renovar a sua seleção, como provam as chamadas dos jovens Daniel Strieder (20 anos), Max Thiel (18) e Alexander Ober (18). Strieder acabou mesmo por ser o melhor marcador da sua equipa com 11 golos, os mesmo que o seu companheiro Mats Zilken. Não sendo fácil apontar o dedo a qualquer jogador por ter estado aquém das expectativas, a verdade é que este 7º lugar provém mais por mérito da seleção de Andorra do que de uma grande decepção alemã.

No 8ª lugar surge uma rejuvenescida equipa inlgesa, liderada por João Carlos Amaral no banco, e por Alex Mount em pista, a Inglaterra apresentou-se a um bom nível na prova. Com Alex Mount, de apenas 20 anos, em plano de evidência, a turma inglesa acabou por rubricar boas exibições frente a Bélgica, Holanda, e mesmo contra a Itália. Apesar disso nos últimos dias de competição Inglaterra acabaria por ficar no 8º lugar apôs goleadas frente a Andorra por 8-2 e Alemanha por 12-6, acusando claramente a menor preparação física de grande parte dos jogadores ingleses a actuar no seu campeonato.

Descendo na classificação final encontramos a Áustria na 9ª posição. Uma jovem equipa austríaca que se apresentou no Europeu com os dois jogadores mais novos de toda a competição, Elias Rohner e Jonas Fassler, ambos de apenas 16 anos. O grande destaque individual da Áustria foi outro jovem de 18 anos, Kilian Hagspiel, jogador do Dornbirn. Apesar do melhor marcador da equipa ter sido o jovem de 16 anos Jonas Fassler, com 4 golos, aquele que mostrou ser o jogador tecnicamente mais evoluído foi Hagspiel. Numa seleção que apresentou dificuldades frente a equipas mais experientes, as diferenças do jogo austríaco com e sem Hagspiel foram notórias. Áustria despede-se do Europeu com apenas uma vitória (por 5-4 frente à Holanda) mas foi esse o resultado que permitiu à equipa treinada pelo português João Meireles de alcançar o 9º posto, e fugir pela 3ª vez em sete participações ao último lugar.

Killian Hagspiel é á um dos principais valores do hóquei austríaco (Foto: Marzia Cattini)

No 10º e penúltimo lugar ficou a seleção da Holanda, que terminou o Europeu apenas com duas vitórias, ambas frente à Bélgica. Apesar desta posição final, dois jogadores holandeses destacaram-se dos demais, os irmão Cesar e Eric Vives, ambos a jogar em Espanha, terminaram o Campeonato da Europa entre os melhores marcadores da prova. Cesar Vives, jogador do Igualda da primeira divisão espanhola, marcou 16 vezes tendo sido apenas batido pelos 24 de João Rodrigues, já o irmão Eric, jogador do Piera dos escalões secundários, terminou logo depois com 15 golos apontados. Ainda assim, e apesar de contar com dois jogadores de nível elevado, os restantes jogadores da seleção da Holanda foram incapazes de acompanhar os irmão Vives, e levar a Holanda a uma melhor posição na tabela final.

No último lugar do Campeonato da Europa ficou a Bélgica, a seleção mais veterana da competição. Com uma média de idades a rondar os 34 anos, faziam parte da seleção belga os quatro jogadores mais velhos da prova, três deles com idade acima dos 40 anos. E no meio de tanta veterania, um jogador sobressaiu, Serge Berthels, de 52 anos. O veterano belga havia participado em 1996, na última presença da Bélgica em Campeonatos da Europa, e devido à pouca relevância que a modalidade, infelizmente, tem por terras belgas, no ano do regresso 22 anos após a última participação Berthels voltou a representar o seu país. E Berthels acabaria por fazer história a dobrar, primeiro por ser o jogador mais velho de sempre a participar num Europeu, depois por ser o jogador mais de sempre a marcar em jogos do Europeu, foi contra a Inglaterra na 3ª jornada da fase de grupos, num jogo em que os belgas foram derrotados por 14-2.

As jovens revelações em seleções secundárias

Quando se pensa em jovens talentos no hóquei em patins os primeiros nomes que vêm à cabeça são de nacionalidade portuguesa, espanhola, argentina ou italiana, são estas as quatro grandes potências da modalidade e nível Mundial, e são daqui que saem grande parte dos maiores astros dos patins.

Neste Europeu foram vários os jovens a mostrar-se em grande nível, muitos deles de países com menor tradição no hóquei em patins. Ainda que, por vários factores, seja muito pouco provável que cheguem ao topo da modalidade e se juntem a nomes como Hélder Nunes, Pau Bargalló ou Pablo Alvarez, é um bom pronúncio para a modalidade ver jovens oriundos de países de segunda linha aparecer a um bom nível.

Na Alemanha os já referidos Daniel Strieder, Alexander Ober e Max Thiel responderam à convocatória do seu selecionador com positivas exibições, se no caso de Strieder falamos de, e apesar dos seus 20 anos, uma das maiores figuras do campeonato germânico, Ober e Thiel estão ainda a ganhar o seu espaço no panorama hoquístico alemão. Ober, do Remscheid, é já presença assídua da sua equipa em jogos da Bundesliga, onde marcou 26 golos na temporada passada, neste Europeu Alexander Ober colocou a bola no fundo das redes adversárias por 5 ocasiões. Já Max Thiel, que regressa esta temporada ao Cronenberg depois de na temporada passada ter alinhado nas camadas jovens dos catalães do Vic, tal como Ober mostrou que apesar da idade tem qualidade para estes palcos, marcou também 5 golos no Europeu, incluindo um hat-trick na goleada por 15-0 frente à Bélgica.

Ober e Thiel não são desconhecidos dos grandes palcos europeus, no último Europeu de sub-17 em 2016, ambos os jogadores lideraram a Alemanha a um fantástico 4º lugar. Nesse Europeu a seleção alemã bateu a sempre favorita Itália por 5-3, com três golos de Ober e dois de Thiel.

Mas não foi só na Alemanha que a juventude apareceu, em Andorra, a seleção mais jovem em prova, foram vários os jogadores a mostrar qualidade. Desde logo Gerard Miquel, a estrela da companhia que alinha no Igualada da OK Liga espanhola. Com 20 anos Gerard foi a grande figura da seleção andorrenha, mas não foi o único, o seu irmão Llorenç Miquel (23 anos), os irmão Antequera, Adriá (19) e Oriol (21) e o guardião Carlos de Sousa (20), foram todos preponderantes para a melhor classificação de sempre de Andorra num campeonato da Europa. Outra das grandes atrações deste Europeu era Nil Dilmé, jogador de apenas 16 anos que foi a grande estrela na seleção de Andorra de sub-17 no último Europeu da categoria em 2016, e onde Dilmé contava com apenas 14 anos. Mas apesar do talento que lhe é reconhecido, Dilmé foi dos menos utilizados pelo seu selecionador na competição, tendo no entanto marcado o seu primeiro golo em Campeonatos da Europa de seniores na vitória por 6-0 frente à formação austríaca.

Formação Austríaca essa que também apresentou alguns jovens valores para o futuro, Killian Hagspiel e Jonas Fassler foram as duas principais individualidades da Áustria neste Europeu. Hagspiel de 18 anos mostrou qualidade técnica muito superior àquela que os jogadores austríacos nos habituaram, e Fassler de apenas 16 anos, apontou quatro golos, foi o melhor marcador da Ásutria neste Europeu, e apesar de ser o segundo jogador mais jovem em toda a competição – apenas batido por Elias Rohner, guarda redes suplente desta mesma Áustria – Fassler provou ser um nome a ter em conta para o futuro do hóquei em patins no seu país. Com ambos os jogadores a alinharem na equipa austríaca do Dornbirn, que alinha na principal divisão da Suíça, veremos se no futuro ambos conseguirão levar a Áustria a patamares mais elevados.

Por fim, a Suíça e a Inglaterra presentearam-nos também com duas das jovens figuras da prova. No lado suíço foi Gian Rettenmund um dos destaques dos helvéticos, com apenas 20 anos, Rettenmund foi um dos melhores elementos suíços deste Europeu, sob a liderança em pista do capitão, e grande figura do hóquei da Suíça na última década, Pascal Kissling, Rettenmund mostrou bons pormenores em ambas as metades da pista, colocando-se em posição de render Kissling como a grande figura do hóquei suíço para a próxima década.

Na Inglaterra jogou a grande revelação deste Campeonato da Europa, Alex Mount. O jogador de 20 anos, e que à três alinha pelas camadas jovens e pelos seniores da Sanjoanense, evidenciou-se dos companheiros provando que a experiência de três temporadas em Portugal o ajudou a transformar-se no jogador que é hoje. Com 14 golos apontados, tendo apenas ficado em branco em um dos sete jogos que realizou, Mount mostrou à Europa do hóquei que na 2ª divisão portuguesa também existe bastante talento, e apesar dos seus 20 anos confirmou ser já um dos melhores hoquístas ingleses das últimas décadas.

Todos estes jovens talentosos jogadores a emergir em países sem grande tradição na história recente da modalidade, deixam antever que a competitividade para o futuro próximo do hóquei em patins está garantida, ainda que seja difícil contestar o domínio das potências a nível europeu e mundial.

Alex Mount foi uma das figuras do Europeu (Foto: Marzia Cattini)

As escolhas do Fair Play

Melhor Cinco:

Sergi Fernandez (Espanha), Eduard Lamas (Espanha), Alessandro Verona (Itália), Ferran Font (Espanha), João Rodrigues (Portugal)

Melhor Jogador:

Eduard Lamas (Espanha) – O jogador do Liceo foi a grande figura deste Europeu, exibindo-se a um grande nível nas missões defensivas, Lamas foi um dos pilares que fez desta Espanha a defesa menos batida da prova. Para além da já reconhecida qualidade no processo defensivo, Lamas ajudou a sua seleção com 10 golos marcados, tendo apenas ficado em branco no jogo frente à Itália.

Melhor guarda redes:

Sergi Fernandez (Espanha) – Sergi Fernandez foi o melhor guarda redes do Europeu, e com larga margem para os restantes. Fernandez sofreu 5 golos, em 5 jogos realizados, mostrando um nível exibicional excelente, principalmente frente aos principais rivais.

Maior revelação:

Alexander Mount (Inglaterra) – Os adeptos portugueses já conhecem as qualidade de Alex Mount, jogador da Sanjoanense, mas para os mais desatentos Mount mostrou nesta semana de Europeu que na 2ª divisão portuguesa também se trabalha muito bem, e também por lá jogam grandes jogadores.


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