16 anos depois Portugal volta ao topo do hóquei mundial

José NevesJulho 20, 201920min0

16 anos depois Portugal volta ao topo do hóquei mundial

José NevesJulho 20, 201920min0
Foi em Barcelona, num dos pavilhões míticos da modalidade, que Portugal voltou a subir ao lugar mais alto do pódio do hóquei mundial conquistando o ouro no Campeonato do Mundo, 16 anos depois de o ter feito pela última vez, em Oliveira de Azeméis.

A região da Catalunha recebeu a 44ª edição do Campeonato do Mundo de hóquei em patins, a segunda edição em que a competição se incluí nos World Roller Games, com um número record de 27 seleções a participar no certame. Com uma estreia, alguns regressos, e ainda assim, algumas ausências que podem fazer com que em 2021 se chegue às três dezenas de equipas participantes, os pavilhões de Sant Cugat, Terrassa, Vilanova, e o Palau Blaugrana, mítica casa do FC Barcelona, foram os palcos onde durante uma semana todas as equipas presentes disputaram o Mundial.

Tal como havia acontecido em 2017, na primeira edição dos World Roller Games, o campeonato foi dividido em três divisões (Campeonato do Mundo, Campeonato Intercontinental, e Taça Challenger) de forma a evitar grandes goleadas naquela que é a maior competição mundial da modalidade, e de forma a permitir que todas as seleções, independentemente da sua valia, pudessem estar presentes no mesmo local durante toda a semana de competição, permitindo uma troca de experiências entre as potências mundiais do hóquei em patins e os países que ainda descobrem a modalidade.

Um formato que provou ser uma mais valia, já que na principal divisão do Mundial por nenhuma ocasião uma equipa chegou à dezena de golos, tendo a maior goleada se cifrado nos 9-0 com que a Espanha venceu a Colômbia nos quartos de final.

A muralha Girão e Portugal de ouro

Não poderíamos deixar de iniciar este artigo de análise ao que foi o campeonato do Mundo sem destacar o triunfo da seleção portuguesa. Ainda que apenas tenha vencido duas partidas das seis que disputou no tempo regulamentar, a formação liderada por Renato Garrido alcançou o objectivo de se tornar campeã do Mundo de hóquei em patins, 16 anos depois da última conquista.

Com um estilo de jogo nem sempre pautado pela qualidade, Portugal fez-se valer, nomeadamente nos jogos da fase a eliminar frente a Itália, Espanha e Argentina, de um Ângelo Girão quase intransponível na baliza, tendo estado aí grande parte do sucesso luso na competição.

Nas três partidas eliminatórias do Campeonato do Mundo, o guardião titular do Sporting e da baliza portuguesa travou um impressionante número de 20 bolas paradas em 21, tendo apenas sido batido pelo penalty do argentino Carlos Nicolia, no desempate do jogo da final. Para trás tinham ficado quatro livres directos frente a Itália, um dos quais a apenas 30 segundos do final da partida, assim como quatro penaltys no desempate frente aos italianos. Contra a Espanha, Girão opôs-se a dois livres directos e um penalty. Na final perante os argentinos, e antes de quatro penaltys no desempate, já tinha defendido três penaltys e dois livres directos durante a partida.

Para além do registo a roçar a perfeição nas bolas paradas, Ângelo Girão realizou defesas impressionantes nas três partidas decisivas, fazendo dele, de forma destacada, o melhor e mais decisivo jogador deste Campeonato do Mundo.

O Campeonato do Mundo marcou a estreia de Renato Garrido e do seu adjunto, Edo Bosch, ao serviço da seleção em importantes provas internacionais, a equipa técnica da Oliveirense chamou os mesmos 10 atletas com os quais havia triunfado no Torneio das Nações, em Montreux, naquela que tinha sido a primeira convocatória de Garrido e Bosch ao leme da seleção. A aposta na continuidade, ainda que tenha sido recebida com alguma surpresa pela ausência de Diogo Rafael, jogador do Benfica e presença assídua nas últimas competições internacionais, acabou por dar frutos e mostrar-se acertada.

Ângelo Girão foi a figura maior do Mundial (Foto: Filipe Amorim / Global Imagens)

A desilusão Itália e a histórica França

Na principal prova do Campeonato do Mundo foram vários os destaques, desde logo aquela que terá sido a maior desilusão, a Itália. Vista desde sempre como uma das principais candidatas à vitória final, a seleção transalpina voltou a falhar a presença na meias finais da prova, esta foi a 5ª vez nas últimas seis edições do Mundial em que os italianos falharam o acesso às meias finais, sendo que neste século, e em dez Mundiais já disputados, a Itália apenas conta com duas presenças no pódio.

Com uma geração de jogadores a atuar em várias da melhores equipas do planeta, com principal destaque para Federico Ambrosio, atacante do Forte Dei Marmi, e os jovens Giullio Cocco, do FC Porto, e Alessandro Verona, futuro reforço do Sporting CP, os últimos resultados dos italianos em Campeonatos do Mundo têm tanto de desapontante como de surpreendente. Depois do título europeu conquistado em Alcobendas, Espanha, no ano de 2014, nada faria prever que em dois dos três Mundiais seguintes a seleção italiana acabaria derrotada pela Alemanha, nos quartos de final em 2015, e pela França, na fase de grupos em 2019.

Essa derrota italiana frente aos gauleses não ditou a eliminação imediata da Itália, mas colocou-a no caminho da seleção portuguesa nos quartos após ter terminado o grupo A na terceira posição, enquanto que a seleção francesa, segunda classificada do grupo ficou com uma tarefa mais facilitada enfrentando o Chile nos quartos de final.

Ainda assim a Itália não esteve longe de garantir as meias finais, e deixar Portugal pelo caminho logo no primeiro jogo a eliminar. Naquela que foi a partida menos conseguida da turma de Renato Garrido, os italianos entraram com tudo e aos 6 minutos já venciam por 2-0. Portugal viu-se forçado a correr atrás do prejuízo durante praticamente todo o jogo, sem nunca ter estado em vantagem, chegou ao empate já perto do intervalo, mas no arranque do segundo tempo voltou a ser a Itália a entrar melhor e a voltar aos dois golos de vantagem. Foi já dentro dos últimos 10 minutos que Hélder Nunes, com uma excelente assistência para João Rodrigues, e um fantástico golo num tiro ainda dentro da meia pista portuguesa, levou o jogo para prolongamento.

Um prolongamento onde Portugal voltou a sofrer cedo, fruto de dois cartões azuis praticamente consecutivos, um no final do tempo regulamentar e outro no inicio do tempo extra. Valeu neste período a Portugal aquele que seria a figura maior de todo o Campeonato do Mundo, Ângelo Girão opôs-se a quatro livres directos transalpinos, e a mais quatro penaltys no desempate por grandes penalidades.

Mas voltando à fase de grupos, e ao Itália x França, referir que esta partida acabou por ser, por ventura, o jogo com mais história deste Mundial. Com a vitória gaulesa a colocar a equipa dos irmãos Di Benedetto no caminho do Chile nos quartos, um jogo em que os franceses eram favoritos, e que acabaram mesmo por vencer, o técnico Fabien Savreux, e a geração de ouro francesa fizeram história no hóquei do seu país ao chegarem pela primeira vez às meias finais de um Mundial. Um feito que seria bem mais difícil de alcançar caso os italianos se tivessem imposto perante os vizinhos gauleses.

Outro dado histórico nesta partida, que contribui ainda mais para a imagem negativa deixada pelos italianos nesta prova, é que a França não vencia a Itália em partidas a contar para Europeus ou Mundiais desde o Campeonato do Mundo de 1974, à portanto 45 anos.

Espanha com pior prestação em casa

A seleção espanhola entrava em prova rotulada de favorita, para além de ser a campeã mundial em título, a formação espanhola havia conquistado o Europeu em 2018, disputado na Corunha, e agora voltava a disputar uma grande competição em casa.

A prestação na fase de grupos foi a melhor, num grupo teoricamente mais difícil, os espanhóis derrotaram França (3-1), Itália (5-3) e Angola (6-2), sendo a única equipa a chegar à fase a eliminar com um registo 100% vitorioso. Nos quartos de final o adversário era a Colômbia, a equipa mais acessível da prova, que para além disso vinha de um jogo muito desgastante na véspera frente à Suiça, nos playoff de acesso aos quartos, uma partida em que os colombianos precisaram de prolongamento para marcar presença na fase final da prova. A vitória por 9-0 não surpreendeu, sendo que aos 6 minutos de jogo a equipa do país vizinho já vencia por 6-0.

Surgia então nas meias finais a principal prova de fogo para a seleção espanhola, o adversário era Portugal, que tinha passado por muitas dificuldades para derrotar a Itália no dia anterior. Para muitos tratava-se da final antecipada, as duas seleções ibéricas haviam protagonizado a final do Europeu de 2018, e do Mundial de 2017, em ambas as ocasiões com vitória da Espanha, agora em Barcelona, a equipa de Alejandro Dominguez era favorita para repetir o resultado.

O primeiro golo do jogo surgiu apenas a 14 segundos do intervalo, num período em que Portugal jogava em inferioridade numérica, e esse golo solitário era o que separava as equipas ao intervalo. Na segunda parte Portugal teria de arriscar mais para contrariar o favoritismo da Espanha, e assim o fez. A meio do segundo tempo Portugal já vencia por 2-1, e à medida que o tempo chegava ao fim parecia cada vez mais uma realidade que a formação da casa iria falhar a final, mas já dentro dos últimos dois minutos Ignacio Alabart, o prodígio espanhol, numa jogada individual levou tudo para tempo extra. No prolongamento Portugal foi mais forte adiantando-se no marcador numa jogada de superioridade numérica, e selando a vitória com o quarto golo, numa altura em que a Espanha jogava com guarda-redes avançado.

Tal como sucede no SL Benfica, a Espanha de Alejandro Dominguez neste Mundial foi uma equipa que valeu pelas suas individualidades, sendo das três principais favoritas à conquista do título nesta fase avançada da prova, aquela que apresentou um colectivo menos esclarecido. Algo estranho uma vez que a equipa espanhola sempre foi a formação mais coesa defensivamente, e que mesmo sem apresentar um estilo de jogo mais vistoso, conseguia sempre chegar aos seus objectivos.

Neste Mundial, porém, assistimos ao inverso, uma Espanha em muitos momentos pouco organizada, uma Argentina que sempre valeu pelo talento individual, muito forte defensivamente, e uma equipa portuguesa sem jogar o hóquei de melhor nível mas a conseguir, nos jogos a eliminar, alcançar os seus objectivos valendo-se de um jogo mais defensivo.

Este desaire espanhol significa a pior prestação de sempre desta seleção em Mundiais disputados em Espanha. Nas nove edições anteriores a formação espanhola havia conquistado o título em seis ocasiões, tendo nas restantes três sido derrotada na final (Madrid 1960 contra Portugal, Corunha 1988 frente a Itália, e Reus 1999 diante da Argentina).

Com a derrota nas meias finais, e o terceiro lugar final, o técnico argentino do Benfica Alejandro Dominguez faz história pelos piores motivos, deixando a Espanha pela primeira vez fora da partida decisiva num Campeonato do Mundo disputado em casa.

Espanha falhou a final pela primeira vez desde 2003  (Foto: S. Akimova/WRG)

Vencedor da Intercontinental também fala português

O Campeonato Intercontinental, a segunda divisão do Mundial, acabou com um vencedor que igualmente fala a língua de Camões. Com Alemanha, Suíça, Moçambique e Andorra apontados à luta pelos dois lugares que poderiam dar acesso aos quartos de final do Mundial, acabaram por ser as seleções da Suíça e de Moçambique a vencer os respectivos grupos e a disputar o playoff com os últimos classificados da principal prova do Mundial, pelo acesso a um lugar nos quartos de final.

Apesar da boa primeira fase realizada, nem Suíça nem Moçambique conseguiram carimbar o acesso aos quartos, a seleção europeia perdeu frente à Colômbia no prolongamento por 6-5, os africanos foram goleados por Angola por 6-1.

Estas derrotas significaram o regresso de ambas as selecções à segunda divisão do Mundial, com a equipa moçambicana, liderada pelo ex. treinador do Benfica Pedro Nunes, a impor-se diante da Austrália (23-3), Alemanha (7-5) e na final à jovem seleção de Andorra (4-3) conquistando assim o Campeonato Intercontinental.

Uma seleção moçambicana recheada de jogadores de nacionalidade portuguesa, e a actuar em várias equipas lusas, com destaque para Marinho, avançado ex. Barcelos e Follonica, que actualmente representa o Alenquer e Benfica do segundo escalão, a terminar a prova com 22 golos apontados. Dos 22 golos destcam-se seis dos sete com que Moçambique derrotou a seleção alemã.

Para além de Marinho, Moçambique contou ainda com Nuno Araújo (AD Valongo), Bruno Pinto (Riba d’Ave HC), Filipe Vaz (SC Marinhense), Pedro Martins (SC Tomar) e Filipe Nabais (GD Sesimbra).

A jovem Andorra e o veterano Brasil

Depois de no Campeonato da Europa de 2018 ter sido uma das grandes surpresas, a jovem seleção de Andorra voltou a mostrar-se a bom nível neste Mundial.

Com uma média de idades abaixo dos 21 anos, a formação de Andorra terminou a prova no 10º lugar final à frente de seleções mais experiente como a Suíça ou a Alemanha, tendo apenas averbado duas derrotas, ambas frente a Moçambique, por 3-1 na fase de grupos, e por 4-3 na final do Campeonato intercontinental.

Gerard Miquel, avançado de 21 anos que nesta temporada jogou no Vendrell por empréstimo do Igualada, capitaneou a seleção tendo sido igualmente a figura de destaque da equipa andorrenha. O jovem avançado marcou em todas as partidas disputadas, fazendo um total de 14 golos, e apresentou uma excelente eficácia nas bolas paradas, 5 em 7 livres directos, e 4 em 5 grandes penalidades.

Uma equipa familiar onde jogam três pares de irmão, os Antequera (Oriol e Adrià), os Miquel (Gerard e Llorenç) e os Dilmé (Arnau e Nil), a seleção de Andorra voltou a mostrar muita maturidade em pista, apesar juventude de todo o seu plantel. Numa seleção onde o jogador mais velho é Llorenç Miquel com 24 anos, a seleção recém regressada aos grandes palcos terá aqui uma geração para neles se manter durante vários anos.

No outro lado da barricada está o Brasil, uma seleção histórica que conta com 29 presenças em Mundiais, mas que poderá ter o seu futuro próximo em risco.

Se o hóquei em patins tem vivido um bom desenvolvimento em vários países dos quatro cantos do Mundo, no Brasil isso parece não acontecer. Fruto disso foi a convocatória brasileira para este Mundial que contou com cinco jogadores acima dos 35 anos, e dois acima dos 45. Tendo falhado o Mundial o melhor jogador brasileiro da actualidade Cacau, bem conhecido dos adeptos portugueses tendo passado por cinco equipas ao longo de 12 anos em Portugal, ele que conta com 39 anos.

Se em vários outros países de menor expressão hoquística temos jovens referências, alguns até a alinhar nos principais campeonatos europeus, no Brasil isso não acontece, deixando adivinhar um futuro preocupante para uma seleção que nas últimas três décadas chegou por três ocasiões às meias finais de Mundiais.

Várias surpresas na Taça Challenger

Na Taça Challenger, o terceiro escalão do Mundial, participaram onze seleções, e aqui era onde se faziam esperar as maiores goleadas da competição.

De entre as onze seleções tínhamos, por um lado, equipas como a Holanda ou a Áustria, formações europeias com maior experiência e qualidade, por outro lado tínhamos a estreante China ou o Taipé Chinês, locais onde o hóquei em patins tem muito menor expressão.

Era expectável assistimos a grandes goleadas, e foi isso que se verificou, com a equipa da China mostrou ainda ter um longo caminho para percorrer no desenvolvimento da modalidade. Os chineses foram goleados por 25-0 frente aos Estados Unidos, 35-2 pela Índia, e naquela que foi a maior goleada da prova, 38-0 perante a Holanda. Seleção holandesa que confirmou o favoritismo e venceu esta prova com registo 100% vitorioso, batendo na final a Bélgica por 8-0.

A seleção belga que, apesar do resultado na final, foi uma das surpresas desta competição. Após o regresso no Europeu da Corunha, em 2018, onde não foi além do último lugar, os belgas chegaram ao Mundial com alguns jovens talentos que se estrearam na seleção e mostraram estar à altura. Destaques belgas para dois jovens que lideraram a sua seleção na tabela de melhores marcadores, Lucas Delhaye com 11 golos e Axel Claesen com 10, jogadores de 17 e 18 anos, respectiamente.

Lucas Delhaye foi internacional pela França nos sub17, optando agora por representar a Bélgica, joga nos escalões de formação de um dos principais emblemas franceses, o Saint Omer.

Mas não foi só a Bélgica a apresentar-se nesta Taça Challenger com jovens jogadores e uma seleção renovada, também o Japão e a Áustria chegaram a Barcelona com equipa jovens, alimentando a esperança de ver ambos os países durante vários anos nestes palcos.

A Áustria apesar de um resultado modesto, 21º lugar final, 5º da Taça Challenger, levou aos World Roller Games uma seleção com uma média de idades a rondar os 20 anos, e com quatro atletas com 17 anos de idade. Dois deles, afirmaram-se como os dois destaques da sua seleção na prova, Kilian Laritz e Jonas Fassler, este último já havia participado no Europeu do ano passado. De notar ainda a ausência de Kilian Hagspiel, jogador de 19 anos que foi a principal figura da Áustria no Europeu de 2018.

No Japão o resultado foi mais modesto, 24º lugar final, mas o futuro pode estar assegurado na seleção nipónica. Ainda que a um nível qualitativo naturalmente mais baixo, o Japão apresentou-se com sete atletas com idade igual ou inferior a 25 anos, um dado que para um país que voltou a uma prova internacional na primeira edição dos World Roller Games em 2017, depois de sete anos sem participar em Mundiais, abre boas perspectivas para o futuro do hóquei nipónico.

Lucas Delhaye foi um dos destaques da Taça Challenger (Foto: Nationaal Rinkhockey Team België)

Jovens talentos em todo o Mundo

Ao longo da semana e nas três divisões do Mundial, vários jogadores de tenra idade se apresentaram a muito bom nível, principalmente em países de menor expressão no mundo do hóquei. Ainda que dificilmente algum deles se venha a tornar um craque da dimensão de um Hélder Nunes, um Ângelo Girão, ou um Pablo Alvarez, até pelas condições de treino e desenvolvimento limitadas nos seus países, a verdade é que muitos deles apresentam potencial para se tornarem figuras maiores nas respectivas seleções durante vários anos.

Alguns deles foram já destacados, na seleção belga os jovens Lucas Delhaye e Axel Claesen são já duas das principais figuras de uma seleção que voltou às grandes competições no Europeu do ano passado, 18 anos depois da última participação em provas internacionais.

Na Áustria, uma das seleções mais jovens deste Mundial, Jonas Fassker e Kilian Laritz são igualmente jogadores para liderarem as próximas décadas do hóquei austríaco.

Na segunda divisão deste Mundial três jovens europeus, que já no Campeonato da Europa do ano passado foram figuras das suas seleções, voltaram a apresentar-se em bom plano neste Mundial. Na seleção inglesa do português José Carlos Amaral, Alex Mount, jogador de 21 anos da Sanjoanense, mostrou mais uma vez que os anos que leva no hóquei em patins português o diferenciam dos restantes britânicos, sendo claramente o jogador de maior qualidade técnica e táctica da sua seleção.

Na Alemanha encontramos dois jogadores de 19 anos que fazem já parte da base da seleção, Alexander Ober e Max Thiel. Ambos jogam no campeonato alemão, mas mostram talento suficiente para num futuro próximo poderem emigrar para campeonatos mais exigentes. Thiel foi mesmo o principal marcador de livres directos da Alemanha, fazendo golo em 3 dos 4 que marcou.

Na principal divisão do Mundial, na seleção do Chile, jogou uma das revelações deste Mundial. Felipe Marquez, jogador de 21 anos do Vilanova, do Chile, está a ganhar o seu espaço numa seleção experiente, com vários jogadores com passado ou presente no hóquei português, espanhol e francês, e não será surpreendente se Marquez for o próximo chileno a transferir-se para a Europa. Com uma exibição, e um golo, impressionantes no jogo frente à seleção portuguesa, Marquez não poderia ter escolhido melhor rival para mostrar as suas competências técnicas.

Por fim, na Taça Challenger, mais dois jogadores se evidenciaram, um uruguaio e outro holandês. Na seleção do Uruguai que terminou a prova no 19º lugar, 3º da Taça Challenger, Facundo Dufrechou de 21 anos foi a figura principal. Com 10 golos apontados Dufrechou foi um dos lideres em pista dos uruguaios.

Na Holanda destaque para o jogador mais novo da competição. Django Bogers tem apenas 16 anos mas jogou a um excelente nível neste Mundial. Foram igualmente 10 os golos apontados pelo holandês que “picou o ponto” contra todos os oponentes que enfrentou. Tal como os irmão Vives, as grandes figuras do hóquei da Holanda, Bogers é catalão de origem holandesa, jogando actualmente no Lloret.

Jovens talentosos oriundos dos quatro cantos do Mundo, que fazem com que se possa olhar com optimismo para o futuro do hóquei em patins a nível mundial.

 

Foto de Capa: S.Akimova/WRG


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