Habemus Campeã da Europa!

João CamachoMaio 14, 20256min0

Habemus Campeã da Europa!

João CamachoMaio 14, 20256min0
Patrícia Sampaio é a nova campeã da Europa de até 78 kgs e João Camacho explica-te tudo o que se passou neste artigo para o Fair Play

Patrícia Sampaio é Campeã da Europa. A judoca da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, de Tomar, conquista o ouro da categoria dos 78Kg numa competição onde esteve imparável, não dando qualquer hipótese à forte concorrência. A cereja no topo do bolo foi a ascensão, esta semana, a líder do ranking mundial desta categoria de peso. Parabéns, Patrícia!

Campeonatos da Europa 2025, Podgorica

Com uma prestação, globalmente, bastante positiva, a seleção portuguesa, presente nos Campeonatos da Europa de Podgorica, no Montenegro, num universo de 47 seleções presentes, terminou num destacado 6.º lugar da classificação geral.

No que respeita à prestação portuguesa, além de Patricia Sampaio, destaque para a prata de Catarina Costa nos 48Kg e o 5.º lugar de Taís Pina nos 70Kg.

Em jeito de balanço, o nível competitivo foi altíssimo, com diversos campeões do mundo e olímpicos em ação. Destaco a reedição da final olímpica dos 100Kg masculinos, entre o Azeri Kotsoiev e o Georgiano Sulamanidze, desta vez com um desfecho favorável ao Georgiano, que “vingou” a derrota de Paris. O país em destaque foi a Rússia, ainda com condicionamentos pois os atletas em prova combatem como atletas neutros, com o dorsal da FIJ-Federação Internacional de Judo, sem direito a bandeira ou a hino nas cerimónias protocolares, que terminou com três títulos, três medalhas de prata e uma medalha de bronze. Saliento uma nova geração de judocas russos, todos a rondar os vintes anos de idade, dos quais destaco Lanvretev (ouro nos 73Kg), Arbuzov (Ouro nos 81Kg) e Kanikovskiy que não tendo participado é, como já referi num artigo, o melhor judoca da categoria dos 100Kg.

Patrícia Sampaio Campeã da Europa

A judoca da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, de Tomar, continua num fantástico momento. Arrancou 2025 com a convincente vitória na mais emblemática etapa do circuito mundial, o Grand Slam de Paris, a que juntou um bronze, tendo pago caro um erro que cometeu na meia-final, no Grand Slam Tbilisi. Em Podgorica, tendo acompanhado todo o percurso na competição até ao título Europeu, fiquei com a certeza que poucas, talvez só mesmo a Italiana Alice Belandi, Campeã Olímpica em Paris, podem disputar a hegemonia que Patrícia tem atualmente nesta categoria de peso.

Num percurso imaculado, só no combate da meia-final, frente à experiente francesa Audrey Tchemmeu, vice-campeã olímpica no Rio de Janeiro e com diversas medalhas em campeonatos do mundo (uma delas de ouro), Patricia não projetou pela vantagem máxima de ippon. Foi uma prestação de altíssima qualidade, sempre muito focada e determinada a atingir o objetivo.

Se ainda havia qualquer dúvida, há sempre umas vozes mais pessimistas ou céticas, Patrícia Sampaio é a judoca do momento. Conseguiu, com muito trabalho e uma enorme capacidade de sacrifício e superação, chegar ao patamar da excelência, e a ascensão a líder do ranking mundial, coloca-a entre as principais candidatas ao título mundial, que será disputado em Budapeste, a partir do dia 13 de Junho.

Catarina Costa 48KG Vice-campeã da Europa

À terceira não foi de vez, a francesa Shirine Boukli voltou a levar a melhor e Catarina terminou de prata ao peito, como tinha acontecido em 2022 e 2023. Foi uma conquista agridoce pois foi evidente que a final foi muito equilibrada, com Catarina a responder rápidamente a uma vantagem da Francesa, e só se decidiu no golden score, com um 3.º e decisivo castigo para a Portuguesa.

Catarina mostrou, mais uma vez, que é uma das melhores judocas desta categoria de peso, que o sonho de uma nova presença olímpica e, quem sabe, de superar a brilhante prestação em Tóquio, onde ficou em 5-º lugar, derrotada no combate para o bronze, pode acontecer. Este é o caminho!

Catarina Costa vice-campeã europeia (IJF)
Catarina Costa vice-campeã europeia (IJF)

Prestação bastante positiva

Relativamente à restante comitiva, gostei do que vi. Saúdo o regresso de João Fernando nos 81Kg! Um sorteio matreiro colocou João frente a um dos melhores judocas desta categoria, o Belga Matthias Casse, que terminaria na 3.ª posição. Apesar da derrota, já no golden score, foi emocionante e ficaram excelentes indicações. No que respeita aos restantes Portugueses em ação, ficaram à porta dos quartos-de-final, momento da competição em que o judoca entra na luta pelas medalhas. Diria que o judoca que acabou por ficar aquém das expectativas, foi o experiente Jorge Fonseca que, depois de derrotar o fortíssimo adversário Russo Niiaz Bilalov ,foi surpreendido por um judoca na posição 175 do mundo, o Letão Maksims Duinovs, que conseguiu marcar uma vantagem de Yuko, que conservou até ao final do combate.

Menção honrosa para o 5.º lugar de Taís Pina, nos 70Kg. Mais uma grande prestação desta jovem de 20 anos. No entanto, voltou a ficar evidente que tem de trabalhar alguns aspetos, fundamentais, para conseguir dar o salto até ao pódio nestas importantes competições. Foi penoso ver a forma como Taís saiu derrotada do combate para o bronze, pois ficou a nítida sensação de que era uma adversária acessível, mais nova e sem a experiência a este nível de Taís.

Para Terminar, um agradável regresso da arbitragem Portuguesa aos grandes palcos. João Guerra foi convocado e esteve à altura do desafio. Muito consistente, excelente capacidade de análise e sempre coerente nas decisões. Não será alheio o facto de ter sido um praticante e competidor de judo, o que lhe dá sensibilidade e bagagem para esta função. Pela consistência e qualidade que tem revelado, acredito que João Guerra irá rápidamente dar o salto para a alta roda, podendo ser convocado, num futuro muito próximo, para arbitrar etapas do circuito mundial.

Circuito Mundial de regresso

Menos de uma semana após os Campeonatos da Europa, e dos principais campeonatos continentais que decorreram em simultâneo (Africa, Ásia e Pan-americanos), o circuito mundial regressou com os Grand Slams de Dushanbe (Cazaquistão) e Astana (Cazaquistão), mas com uma fraca participação, pois muitos dos principais judocas já estão focados e de olhos postos nos campeonatos do mundo que arrancam dia de 13 de Junho, em Budapeste, como foi o caso dos judocas portugueses. Curioso, foi alguns judocas terem preterido a presença nos campeonatos continentais, como foi o caso de algumas das principais judocas francesas, em virtude de um Grand Slam atribuir mais pontos para o ranking mundial. A estratégia destes judocas e respetivas equipas técnicas compreende-se,  é somar pontos para tentar ter um posicionamento mais alto no ranking e entrar no sorteio do campeonato do mundo como cabeça de série, evitando os outros atletas mais bem classificados antes da decisiva fase dos quartos -de-final. No entanto, seria importante a FIJ repensar este modelo de atribuição de pontos, especialmente no que respeita aos Campeonatos da Europa, com um nível de exigência e dificuldade muito superior a muitos Grand Slams…


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