Guia da Euroliga 2022/2023: dos potenciais vencedores aos MVP’s
Após a WNBA e o Campeonato Mundial de seleções, tivemos uma pausa de duas semanas. Obviamente, excluídas as jogadoras, muitas delas emendando um torneio em outro, sem tempo para descanso. Agora, é hora de retomada do calendário de clubes do basquete feminino europeu. Muitas ligas nacionais já estão em andamento e os continentais também voltam com força. Vamos falar da Euroliga, principal competição do continente, além do mais tradicional.
O campeonato segue um formato consolidado: as 16 equipes são divididas em dois grupos, avançando as 4 primeiras de cada chave para as quartas. As semi-finalistas, vencedoras dos confrontos das quartas (melhor de 3 jogos), disputam o Final Four. No momento, há 3 vagas abertas na fase de grupos, com 8 equipes buscando a classificação nos qualificatórios. Se o formato permanece o mesmo, o favoritismo sofreu uma guinada com a expulsão das equipes russas, notadamente da potência UMMC Ekaterinburg. O Fenerbahçe, embora tenha perdido a final da última edição para o Sopron (Hungria), herdou o favoritismo. Outra ausência importante, esta pelo quesito tradição, é o TTT Riga (Letônia), maior campeão da história e imbatível até os anos 80; mesmo com papel coadjuvante, vinha sendo presença constante nos últimos anos.
???#EuroLeagueWomen | @DVTK_Basketball pic.twitter.com/Ob939DLY4X
— EuroLeague Women (@EuroLeagueWomen) October 11, 2022
Grupo A
Szekszard (Hungria), Polkowice (Polônia), Virtus Bologna (Itália), Bourges (França), Valencia (Espanha), Fenerbahçe (Turquia), USK Praga (Tchequia) e uma equipe egressa dos qualificatórios
O Fenerbahçe é o grande favorito ao título; sem os times russos, a concentração de investimento e reforços migrou para a Turquia. Na edição passada, o fiasco da inesperada derrota na final, em casa, causou a demissão do técnico Victor Lapeña; em seu lugar, assume a sérvia Marina Maljkovic, com o objetivo de conquistar o inédito título. Ao elenco estrelado, com Satou Sabally, Kayla McBride, Alina Iagupova, somam-se Emma Meesseman e Breanna Stewart. Um verdadeiro esquadrão, que não deve encontrar dificuldades para assegurar o topo do grupo. Logo abaixo, o tradicional e forte USK Praga, com seu motor Alyssa Thomas, líder de um conjunto coeso e bem dirigido pela lendária técnica Natalia Hejkova. Olho ainda na ala espanhola Maria Conde, em franco crescimento e cada vez mais destemida no ataque.
Valencia, Bourges e Bologna estão um degrau abaixo, disputando as duas vagas restantes. O Valencia possui um projeto de médio a longo prazo que começa a colher frutos; ano após ano tem diminuído a distância caseira frente o Avenida e inserido jovens valores. Raquel Carrera já é uma realidade, a dupla de armadoras Cristina Ouviña e Queralt Casas entrega muita organização e defesa, sem contar na adolescente (16 anos) Awa Fam, grande prospecto do basquete mundial.
Creditado pelos títulos francês e da Eurocopa na temporada passada, o Bourges perdeu sua grande estrela Iliana Rupert e paira incerteza quanto ao real potencial do elenco, dependente ainda da definição das norte-americanas a serem incorporadas. Rupert, aliás, será um dos principais empecilhos ao Bourges, uma vez que se mudou para o Bologna, time com pretensões altas. Além da pivô francesa, a equipe conta boas peças europeias, como a armadora croata Ivana Dojkic, a chutadora letã Kitija Laksa e a ala italiana Cecilia Zandalasini. Resta ver como será o entrosamento desse bom conjunto.
Polkowice e Szekszard contam com elencos caseiros, acrescidos de uma ou duas americanas de segundo escalão. Victoria Vivians e Ruth Hebard, por exemplo, sem grande destaque na WNBA, serão as estrelas da equipe húngara. Dificilmente os dois times terão perna para desbancar as favoritas, situação à qual deve se juntar o Olympiacos. O time grego não deve encontrar dificuldade em avançar em seu grupo das qualificatórias, em disputa nesta semana. O grande destaque do elenco é a pivô Megan Gustafson; em um estilo mais cadenciado, seu basquete floresce, principalmente pela excelência nos fundamentos ofensivos (jogo de pés, posicionamento e uso do corpo). Logo na estreia das qualificatórias, uma atuação de gala: 29 pontos, 13 rebotes e 41 de eficiência.
Statistics speak for itself ?@GustafsonMeg10 was everywhere tonight!
? 29 PTS • 13 REB • 3 AST • 2 BLK • 41 EFF#EuroLeagueWomen | @OlympiacosSFP pic.twitter.com/Kx43z01M5U
— EuroLeague Women (@EuroLeagueWomen) October 11, 2022
Grupo B
Çukurova Mersin (Turquia), Kangoeroes Mechelen (Bélgica), Schio (Itália), Landes (França), Sopron (Hungria), Avenida (Espanha) e mais dois times egressos dos qualificatórios
Grupo complicado para previsões, com equipes habituadas à Euroliga e dominantes em seus países. A equipe belga não carrega grandes pretensões e deve ser o fiel da balança (qualquer vitória sua impacta o resultado final do grupo); o grande atrativo é a andarilha pivô chilena Ziomara Morrison. O DVTK Miskolc sequer garantiu-se na fase de grupos; porém sedia seu grupo dos qualificatórios e já venceu o primeiro confronto por larga vantagem, 80 x 54 contra o israelense Ramla (nem a grande atuação de Shakira Austin gerou dificuldade às húngaras). Seu maior destaque é a cestinha do Mundial, Arella Guirantes.
⭐ @Theylove_kira is all that & a bag of chips:
19 PTS – 19 REB – 6 BLK in yesterday's #EuroLeagueWomen Qualifiers action ? pic.twitter.com/xV6s8GaUNL
— EuroLeague Women (@EuroLeagueWomen) October 12, 2022
Entre as outras seis equipes, esperemos muita emoção e qualquer resultado pode acontecer. O Mersin dispõe de muito dinheiro, atraindo um elenco digno de WNBA; embora não confirmado, o elenco pode contar com Jonquel Jones, Briann January, Tiffany Hayes, DeWanna Bonner, Temi Fagbenle, Chelsea Gray… Porém, o investimento dos últimos anos ainda não se traduziu em títulos expressivos; para galgar o próximo passo, a direção trouxe o técnico Emre Vatansever, assistente do Chicago Sky.
O Sopron tem a seu favor o entrosamento, oriundo da manutenção da espinha dorsal do elenco campeão da temporada passada: a armadora Zsofia Fegyverneky, a pivô Bernadett Hatar e o técnico David Gaspar. Brittney Sykes repõe a perda de Gabby Williams; tal qual sua antecessora, ela deve crescer muito sob a batuta de Gaspar. Sem contar duas contratações de peso: a pivô australiana Ezi Magbegor e a (super)armadora Courtney Vandersloot. Novamente, sem ser a franca favorita, a equipe pode surpreender e corre por fora na luta pelo bi-campeonato.
O Avenida precisa de tempo para encaixar suas peças; o técnico Roberto Iñiguez perdeu suas principais estrelas (Katie Lou Samuelson e Kahleah Copper) e apostará em jogadoras menos experientes nesta temporada. Não convem duvidar da tradicional equipe, com fanática torcida, mas sim aguardar o início da competição para uma avaliação mais precisa. Mesma situação do Schio, que perdeu sua grande referência Sandrine Gruda e aposta suas fichas na rookie Rhyne Howard. O Landes não sofreu tantas alterações em seu elenco, favorecendo a boa técnica Julie Barennes. Na temporada passada, a equipe fez uma campanha digna, capitaneada pela (cada vez melhor) armadora Marine Fauthoux, protagonismo que deve se repetir.
Por fim, a última equipe do grupo B virá do confronto qualificatório entre Girona (Espanha) e ESBVA (França). Difícil fazer prognósticos em estágio tão inicial da temporada; entretanto, o Girona faturou a Supercopa Espanhola. Rebekah Gardner permanece no plantel, reforçado por boas jogadoras (Crystal Bradford, Irati Etxarri, Laura Cornelius, Marianna Tolo). O início promissor de temporada de Laia Flores barrou a melancolia pela aposentadoria de Laia Palau (agora na direção do time). Se o nível do elenco manteve-se similar, resta ver como o novo técnico (Bernat Canut Font) encaixará o equilibrado elenco.
Who’s making it to the Regular Season? ?
The #EuroLeagueWomen Qualifiers start today! ?
— EuroLeague Women (@EuroLeagueWomen) October 11, 2022