Fixo: a grandeza esquecida pelas fintas e golos espetaculares.

Rafael RaimundoDezembro 28, 20184min0

Fixo: a grandeza esquecida pelas fintas e golos espetaculares.

Rafael RaimundoDezembro 28, 20184min0
Por norma, todos gostam das fintas do Ricardinho, das excelentes finalizações de jogadores como Cardinal e Dieguinho e dos duelos individuais de Robinho. Mas e os fixos? Sabes qual é a importância desta posição?

No último artigo abordámos a importância de qualquer equipa ter um grande guarda-redes para conseguir ter sucesso a nível de resultados. Hoje, continuando a falar da importância de cada posição, vamos falar da relevância do Fixo – o jogador mais recuado da equipa a seguir ao guarda-redes.

Esta posição não é para qualquer jogador e desengane-se quem acredita que todos os jogadores podem jogar nessa posição.

Como último jogador é ele quem vê o jogo todo. É o fixo que percebe as movimentações adversárias e é ele quem coordena a defesa da equipa. Se o fixo diz que o ala ou o pivot devem defender de determinada forma é porque ao estar a ver todo o terreno de jogo se apercebe de que é daquela forma que a equipa deve defender.

Por exemplo, numa situação em que o adversário tem a bola pouco controlado é do fixo a decisão de pedir a cada jogador que pressione um dos adversários para assim tentarem roubar a bola. Desta forma a outra equipa é obrigada a errar ou a tentar sair da pressão em individualidades.

A defender em baixo, o fixo é a voz que mais se ouve. Ora para defender a zona central, ora para fechar a linha de passe lateral ou mesmo para fazer as trocas defensivas ala-pivô.

Já a defender em pressão alta, os seus colegas muitas vezes não se apercebem para onde vão os adversários e o fixo, permanecendo atento ao seu adversário direto, é responsável também por avisar os colegas para onde foram os seus oponentes diretos.

Não só em defesa organizada, mas também em situações de desequilíbrio defensivo, é por norma o fixo quem comanda a transição defensiva e, por isso, é ele o elemento mais importante na manobra defensiva de cada equipa. Em situação de 4×3 ou 3×2 é ele quem posiciona os colegas para melhor defender a situação, seja para atacar a bola, para “tapar” o pé direito ou esquerdo do jogador com bola ou mesmo para apenas defender a zona central sem que pressione nenhum jogador.

Normalmente, para um fixo um corte numa situação de inferioridade numérica é equivalente ao golo marcado por um ala ou pivô. Isto porque muitas vezes o fixo não é dos jogadores mais dotados tecnicamente nem tem grande aptidão para fazer golos.

E é mesmo aqui que pretendemos chegar.

Uma vez que é um jogador mais “rijo” de pés, o fixo é muitas vezes quem inicia as jogadas de ataque, mas raras são as vezes que lhe cabe a ele finalizar ou a tarefa de desequilibrar. Vejamos o caso do capitão leonino João Matos.

Não é um jogador de golo, tão pouco a bola é lhe colocada nas alas para que ele assuma os duelos individuais, no entanto, se se perguntar a qualquer entendido de futsal João Matos é imprescindível na estratégia do campeão nacional. Repare-se que nesses mesmos lances de duelos individuais é ele quem está na cobertura para caso a equipa adversária roube a bola.

Não só nesses lances se torna peça chave como também o é na defesa dos pivôs. Duelos como Rafael Fits (Benfica) – João Matos ou Erick Mendonça (Sporting), Cardinal ou Dieguinho (Sporting) – André Coelho ou Marc Tolrà (Benfica) não acontecem por acaso. Acontecem sim porque estes são os jogadores mais aptos para defender a qualidade técnica destes goleadores.

Em Portugal, nomeadamente no campeonato português, temos inúmeros casos destes. Quem afirma que João Matos, Erick Mendonça (ambos do Sporting), André Coelho, Marc Tolrà (ambos do Benfica), Nilson (Braga AAUM), Marquinhos (Burinhosa) ou Djô (Leões de Porto Salvo) são jogadores de elevada qualidade técnica? Poucos. Contudo, são eles os melhores elementos das respetivas equipas a defender.

Não só porque defendem bem, mas também porque são eles quem melhor percebe o jogo taticamente.

Nilson (Braga AAUM) e André Coelho (Benfica).
Fotografia: Instagram André Coelho

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