Favoritos no feminino, não tanto assim no masculino
Não há que negá-lo. A seleção portuguesa de futsal feminino é claramente favorita a conquistar o primeiro campeonato europeu na modalidade. Primeiro porque a competição vai realizar-se em em Gondomar e depois porque está uns quantos passos à frente em termos de qualidade individual e tática.
Ora, o jogo amigável que a selecção feminina realizou frente à Hungria demonstrou o que estamos a constatar. A qualidade individual está bem assegurada bem como o conhecimento tático do jogo.
Vimos uma selecção a saber defender nas várias linhas da quadra, ora em pressão alta ora deixando o adversário iniciar a movimentação. Aí mostraram saber quando deveriam defender na zona e individualmente.
No ataque, jogadoras como Janice e Fifó são de facto uma grande esperança para Portugal, mas nem por isso a equipa se inibe de saber desenhar grandes jogadas ofensivas. Das tradicionais paralelas ou diagonais, às entradas duplas ou aos lances de bola parada ofensiva.
Face a esta capacidades das portuguesas reitere-se também o facto de Portugal estar bem à frente no que toca à aposta no futsal feminino. Estamos a ser um dos países pioneiros no investimento na modalidade.
Começa hoje a prova europeia e esperamos nós que, à semelhança do que aconteceu à um ano na Eslovénia, o ouro no final seja para Portugal.
No masculino, a história já não é tão linear assim.
Os jogos amigáveis contra a selecção do Brasil mostraram uma selecção portuguesa ainda refém da capacidade de Ricardinho de desequilibrar. Nomeadamente contra equipas de renome mundial.
Olhando para os dois amigáveis é facilmente perceptível o que aconteceu. Portugal tem uma selecção muito equilibrada, contudo ainda pouco experiente nos grandes jogos. Temos qualidade individual, trabalhamos bem o jogo, mas falta aquilo que distingue os muitos bons dos espectaculares: a esperteza em certos momentos do jogo. Nisso os brasileiros, bem como os espanhóis, são muito fortes.
Portugal ainda acusa o nervosismo, a vontade de querer fazer mais do que lhe é pedido, tanto mais que chega a ser em vão.
No final da carreira do futebolista espanhol Xavi, dizia-se muito que o jogador já tinha alguma idade, no entanto ninguém dizia que ele jogava mal, isto porque em vez de correr dez km corria sete ou oito, contudo sabia sempre para onde correr. Ganhou-o com a experiência mas também com a enorme capacidade de ler o jogo.
É com base nesta ideia que acreditamos que Portugal pode atingir outro patamar, até porque temos a forte convicção de que se trabalha tão bem a modalidade em Portugal com lá fora. Falta-nos apenas esta parte psicológica que parece estar enraizada nas selecções portuguesas.