As novas ideias que prometem alterar o futsal: baliza, foras e muito mais!
O Fair Play enumera-lhe quais são as possíveis alterações, não abdicando de analisar o impacto que estas ideias podem ter no próprio jogo. Contudo, as mesmas ainda não passam de especulação.
As alterações são: a bola lançada à mão pelo guarda-redes tem de bater primeiro no meio-campo defensivo para ser possível chegar à zona ofensiva; o guarda-redes avançado só é permitido em casos de inferioridade numérica; os desempates por penáltis passarão a ter séries de cinco, em vez das três da atualidade; por fim, e talvez a mais polémica que é o facto de ser possível marcar os lançamentos e cantos ou com as mãos ou com os pés.
Vamos então percorrer cada ideia individualmente e perceber quais as consequências que isso vai trazer ao jogo.
A bola lançada à mão pelo guarda-redes tem que bater primeiro no meio campo defensivo para ser possível chegar à zona ofensiva. Aqui, vai tornar-se fulcral o trabalho das equipas nas saídas de pressão em zona recuada. Uma vez que não podem colocar a bola diretamente na zona do pivot, as tabelas curtas e as saídas para criar espaços vazio onde o guarda-redes possa colocar a bola vão ganhar relevo.
Ainda assim a bola pode chegar ao pivot sem passar antes por ninguém, contudo, ao ter de bater no chão primeiro vai criar o risco de o passe ser antecipado pelo defesa bem como uma recuperação defensiva mais rápida por parte da equipa. Essencialmente privilegiar-se-á a componente tática do futsal em detrimento do jogo direto que muitas vezes ocorre.
O segundo caso é o do guarda-redes avançado. Por norma quando uma equipa joga de guarda-redes avançado isso é sinónimo de golos, seja da equipa que ataca seja de quem defende. Porém, a função principal do jogo de 5×4 tem sido desvirtuada e utilizada abusivamente. Por um lado, assim que uma equipa está em desvantagem se opta por se colocar de imediato com guarda-redes avançado acaba por estragar o jogo, circunscrevendo-o a uma parte do campo. Quantos jogos não se assistiram já em que a equipa que está a perder coloca 5×4 ainda no decorrer da primeira parte comprometendo a espetacularidade do jogo.
No entanto, além de ser utilizada em excesso também pode desvirtuar as raízes do futsal. Isto acontece quando a equipa que está em vantagem utiliza o guarda-redes avançado para fazer o adversário baixar as linhas e dessa forma controlar o jogo. Embora se pense que esta situação é mais prejudicial para a equipa que utiliza o 5×4, muitas são as equipas que o fazem e que nesse momento estão em vantagem no jogo.
É, por isso, uma das novas ideias restringir o tempo e as condições em que as equipas podem beneficiar de ter o guarda-redes como jogador de ataque.
O número de grandes penalidades marcadas em caso de desempate por penálties vai passar a ser de cinco ao invés dos três existentes antes. Esta é certamente a regra que menos discussão vai criar uma vez que no futebol funciona dessa mesma forma e o público já está habituado a que o jogo seja desempatado com direito à marcação de cinco grandes penalidades. Assim há uma maior margem de erro.
Por último, e cuja ideia é das que mais controvérsia promete criar, é a marcação de foras com a mão ou com o pé.
Ainda que a ideia não seja a mais sensata é importante que se defina de imediato uma coisa: só se pode jogar com uma das opções. Ou se marcam sempre com o pé ou sempre com a mão, não pode nem deve haver duas opções.
Ainda que apenas se escolha uma das opções, e sendo a mesma a de marcar com as mãos, vai perder-se a beleza do futsal. Certamente golos de cabeça vão ser mais comuns e vai permitir um jogo mais rápido, no entanto as consequências são na sua maioria piores. Numa primeira fase porque vai haver mais choque entre os jogadores e vai perder-se muito da essência do futsal: a técnica. Os foras em que um jogador faz um passe pelo ar para o colega rematar de primeira vão perder a beleza, uma vez que com a mão perde a autenticidade.
Sendo o futsal jogado em espaços curtos e através de movimentações de desmarcação, os foras marcados com a mão vão tornar o jogo mais direto. Se a ideia de alteração da reposição de bola pelo guarda-redes é evitar o jogo direto, ou pelo menos condicioná-lo, esta última regra vai de encontro a essa mesma tentativa.
Contudo, cabe à FIFA tomar a decisão final sobre estas alterações. O Fair Play acredita que as três primeiras ideias têm capacidade para melhorar o futsal, já a última deixa algumas dúvidas quanto à sua necessidade.