5 Lendas do Futebol de Praia que deixam saudades!
Jorginho (Brasil)
Chato, era a palavra com que melhor nos lembrávamos de Benjamim, pois sempre que jogava contra Portugal realizava uma daquelas exibições formidáveis que deitava por terra os sonhos da formação das Quinas. Um toque de bola perfumado, uns movimentos de ombros que faziam furar durante o mês de Carnaval no Rio e uma paixão eterna ao futebol de praia, Jorginho deixou uma marca profunda na variante.
Não era um goleador, raramente aparece no “livro” dos melhores marcadores ou dos MVP’s, mas a sua elegância com a redonda nos pés era e é inesquecível. Jogrginho, foi sempre ligado ao Vasco da Gama, permanecendo fiel ao Vascão durante largos anos no futebol de praia. Era mortal a dar aqueles toques na bola, movendo-se com relativa facilidade dentro de campo… a areia não era um problema, era sim uma vantagem.
Dos vários títulos que o Brasil ostenta, Jorginho foi octacampeão do Mundo pelos canarinhos, isto ainda desta competição entrar no calendário de competições da BSWW. Em 2004, conseguiu levantar não só o título de campeão do Mundo (pela oitava vez consecutiva), como também o o prémio de Melhor Jogador das “arenas” do futebol de praia. Um prémio mais que justo para um atleta que fazia o Brasil dançar ao seu gosto.
Infelizmente, não fez parte dos campeões do Mundo de 2006, 2007, 2008 ou 2009, altura em que o jogador e a Confederação brasileira estavam de costas voltadas. Reataram relações em 2010 e relembrou a todos a sua importância dentro de campo.
Voltaria a jogar num Mundial pelo Brasil em 2015, no Mundial que Portugal ganhou em terras lusas. Com 41 anos, Jorginho já não tinha a mesma agilidade do passado, mas o toque de bola ainda lá estava. Magia em estudo puro, uma enorme paixão pelo futebol de praia e um olhar especial para criar problemas aos seus adversários.
Hernâni (Portugal)
Um daqueles casos que foi minimamente conhecido no futebol de 11 e deu o salto para o futebol de praia mal terminou a carreira: Hernâni Neves. Jogou pelo SL Benfica, Vitória FC, tendo sido mesmo internacional português por duas vezes (Itália e Holanda). Uns casos extra-futebol complicados ameaçaram-lhe um final de carreira triste… contudo, passado um ano da sua reforma, Hernâni “emigrou” para os areais. E, aí, foi feliz!
É um dos capitães mais recordados e reconhecidos do futebol de praia, com um espírito de sacrifício sem igual e uma alma portuguesa inacreditável. Conquistou alguns mundialitos, faltando-lhe aquele título mundial que o poria nos astros da variante.
10 anos de serviço à selecção nacional de futebol de Praia, é a par de Madjer, Alan, Zé Miguel, um dos nomes que é impossível esquecer. Um defesa de extrema qualidade, que impedia bem o avanço dos avançados mais hábeis (que gosto dava de vê-lo travar aquelas batalhas com Benjamin ou Jorginho da canarinha) e relançava o jogo com facilidade (aquela “costela” do futebol ficou-lhe bem marcada), caracterizando o que de melhor Portugal tinha na altura.
Um jogador imenso, com um coração ainda maior, Hernâni Neves é um nome para nunca mais esquecer nos areais de Portugal. Aquelas combinações com Madjer, Alan, Portela, entre outros, deixam grandes saudades, não deixam?
Amarelle (Espanha)
Goleador, mágico, trabalhador, o avançado espanhol facilmente “vestia” o fato e atirava-se para dentro de campo com intuito de catapultar a sua equipa na direcção certa. Nunca conquistou um mundial, poucas foram as vezes em que foi campeão europeu (por quatro vezes em 12 participações) mas nunca desiludiu os adeptos espanhóis que gostavam de o ver a deambular nos estádios de futebol de praia.
Amarelle foi daqueles jogadores que teve uma formação “dura” no futebol de 11, aproveitando os anos de aprendizagem no Deportivo de la Coruña para conquistar o seu espaço nas playas espanholas.
Um problema complicado de ultrapassar no campo, pois a sua forte estrutura física permitia-lhe aguentar bem a agressividade dos centrais adversários.
Os duelos que tinha com Madjer eram incríveis, com os dois avançados a responderem como podiam aos golos um do outro. Foi até hoje o único espanhol a levantar o título de Melhor Jogador do Mundo num Mundial, isto em 2003 e 2008, numa altura que os espanhóis apresentavam um fulgor ofensivo de qualidade. Amarelle era cerebral no ataque, fazendo uso do seu bom posicionamento e leitura de jogo para garantir espaço suficiente para fazer a diferença.
Fez parte de uma das melhores alturas da Espanha enquanto selecção, entre 2000 e 2004, altura em que terminaram duas vezes no 2º lugar do Mundial (2003 e 2004) e 5 títulos como campeões da Europa da variante. Bota de prata em 2008, foi a par de Madjer um dos melhores avançados europeus de sempre.
Neném (Brasil)
O “show”, Carlos Alberto Lisboa, mais conhecido por Neném, fez as delícias do futebol de praia com o seu estilo único no futebol de praia. É considerado como um dos melhores marcadores de sempre do Brazil, com mais de 300 golos, que o próprio faz questão de lembrar.
Antes do Mundial passar para BSWW, Neném conseguiu ser bi-bota de Ouro, com 9 e 15 golos respectivamente. Era um daqueles artilheiros cruéis, especialmente modificados para aparecer bem naqueles últimos metros de campo e desviar a bola para dentro da baliza. Dotado de dois pés de ouro, Neném era como se fosse o Romário das areias (e o baixinho chegou a jogar futebol de praia como se devem recordar), rápido, artístico e matador.
Fez parte daquela equipa que ganhou diversos mundialitos e Mundiais de futebol de praia, ficando na História dos canarinhos como um dos melhores de sempre a jogar nos areais.
Mas realmente, Neném era assim tão dotado? Como dissemos, o facto de ter sido o melhor marcador em diversas competições ajudou muito à canarinha, com um futebol de luxo de altíssima qualidade. Para lá das qualidades, Neném gostava de compreender o jogo, perceber quais eram as suas valências e aonde podia ajudar com mais facilidade os seus colegas.
Não era um simples goleador… ia para além do fulminar de balizas, de ir atrás dos golos e de fazer as redes balançar, pois deliciava-se com os malabarismos, onde o jeitinho especial para controlar a bola fazia furor nas bancadas.
Eric Cantona (França)
Esta é a entrada mais polémica da nossa lista, mas a verdade é que o comandante trouxe visibilidade e marketing para a modalidade, tal como foi com Romário há uns bons anos atrás (década!). Mas Cantona foi assim tão importante para o futebol de praia? Chegou em 1999, após desistir do futebol de 11 e apaixonou-se rapidamente pelo carácter selvagem da variante.
Um futebol mais vibrante, emotivo e apaixonante, foi o suficiente para convencer a antiga estrela mundial da FIFA, ficar no Futebol de praia. Cantona voltou a assumir-se como um pêndulo que fazia bem a ligação entre a defesa e o ataque, sendo que agora tinha de ser mais rápido.
Naquilo que foram os primeiros anos à séria deste desporto, Cantona foi galvanizando-se com golos e jogos de alta categoria ao ponto que vários clubes de futebol 11 propuseram um regresso à competição… recusou-os sempre.
Cantona ficou ligado invariavelmente à História do Futebol de Praia ao ajudar a sua França a levantar o título de campeão europeu e do Mundo entre 2004 e 2005. Coincidentemente, os Les Bleus do futebol de praia estreearam dessa forma a nova competição, que tinha passado para debaixo do controlo da federação mundial da variante, a BSWW.
Nessa única edição conquistada pelos franceses, Cantona só marcou um golo (frente à Espanha na fase-de-grupos) mas foi importante no trabalho de controlo de bola, aplicando boas doses de calma à equipa em momentos importantes da caminha da França até à final. Nesse jogo, levaram de vencida a selecção nacional portuguesa, na marca das grandes penalidades.
Os últimos anos de Cantona nos areais não foram fáceis, tendo assumido o lugar de seleccionador Nacional. Não conquistou qualquer título, passaram de crónicos candidatos à final a equipa que tremia sempre nos apuramentos… em 2011, depois da França cair para a 2ª divisão de futebol europeu, Eric Cantona pôs fim à sua relação com a variante. Fica aquela intensidade que metia na areia, a raça com que disputava os lances (e com os árbitros) e aquela postura que só ele sabia fazer!