Miguel OliveiraFormação – Uma oportunidade que não podemos falhar.
Falhar é uma consequência natural da vida. Toda a gente, a determinada altura da sua vida, está sujeita ao ato de falhar, e é um momento importante para aprender e crescer. Para atletas de formação – neste caso do feminino, que nem sempre tiveram os patamares todos de formação, nos dias de hoje cada vez mais, as meninas estão a passar pelos escalões de formação e começam cada vez mais novinhas – o ato de falhar pode ser ainda mais importante, pois pode ajudar à atleta a desenvolver resiliência, perseverança e a fazer crescer o mindset de ‘jogadora’.
Quando uma atleta erra, é importante o treinador responder de uma maneira positiva. Na minha opinião, treinadores que não se focam no aspeto negativo do erro, seja um golo falhado, ou um jogo perdido, são treinadores que irão ajudar a atleta a melhorar e a ser melhor pessoa, irá ajudá-la a crescer e a aprender.
Existem muitas formas dos treinadores ajudarem as atletas a melhorarem com os seus erros. Os caminhos que acredito serem fundamentais para a formação de uma atleta jovem passam por criar ambientes onde as atletas se sintam confortáveis para correr riscos e experimentar coisas novas, assim como o uso de feedback positivo e encorajamento mesmo que as atletas errem.
Com estes dois pressupostos, acho fulcral os treinadores ajudarem as suas atletas a desenvolver estratégias para lidarem com o erro – talvez definir objetivos realistas para que possam aprender com os seus próprios erros.
Quando nós, treinadores, ajudamos atletas a aprender com os seus erros, estamos a prepará-las para o sucesso a longo prazo. O erro não é algo que deve ser tido como assustador ou evitado, é uma oportunidade para aprender e crescer e é extremamente necessário para a atleta ter sucesso. E no meio do feminino, onde existem ainda tantos receios e medos de fazer é, na minha opinião, extremamente importante deixarem as jogadoras errar.
No mundo desportivo, e de formação de jovens, sejam masculinos ou femininos, muitas vezes vemos o filme ao contrário, ou seja, o treinador, por vezes com sede de resultados – seja por pressão do lugar, seja por querer alcançar um patamar mais alto achando que é esse o caminho – perde-se na essência, e transforma-se num treinador resultadista em que só a vitória e títulos interessam. A meu ver, não é para isso que o treinador está na formação, existem contextos onde o resultado é o objetivo – patamares perto da especialização. Mas em boa parte da formação, é mais importante um treinador criar condições para que as atletas cresçam, saibam os fundamentos e aprendam gradualmente a ler o jogo e a jogarem – terem minutos de jogo e com isso conseguirmos que elas se expressem em campo de uma forma muito mais saudável.
Esta abordagem, é muito benéfica para atletas jovens, pois jovens estão ainda em fase de crescimento, seja locomotor, seja cognitivo, seja de identidade, e estar num ambiente que provoca essa liberdade é quando a atleta jovem pode prosperar.
E é preciso ser paciente, muitas vezes a evolução de uma jovem atleta não é vista em um, dois meses, mas sim em várias épocas, demora a que as atletas adquiram as suas qualidades e ganhem confiança.
Errar é uma parte importante do nosso crescimento, seja em que idade for, treinadores que consigam passar esta mensagem “errar é uma oportunidade de evoluir” vão de certeza dotar as suas atletas para serem atletas de eleição no futuro.
