Sistemas Energéticos e o Desporto: o que são e a sua utilidade
A energia é algo necessário para qualquer atividade física, sendo esta a chave para que os nossos músculos se possam contrair para criarem movimento. A energia que o organismo utiliza para a produção de movimento, e de outras funções fisiológicas, advém de um composto orgânico denominado de Adenosina Trifosfato (ATP). Independentemente da modalidade desportiva praticada, todas elas precisam de energia para que se possam executar. Contudo, a forma como produzimos energia será diferente. O ATP não é produzido sempre da mesma forma, havendo 3 vias energéticas responsáveis (ou sistemas) pela sua produção: Sistema Anaeróbio Alático; Sistema Anaeróbio Lático; e o Sistema Aeróbio.
É importante referir que os sistemas energéticos não são como “torneiras”, ou sejam, não se ligam nem desligam consoante a intensidade do exercício. Todos os sistemas energéticos funcionam de forma integrada e constante, o que muda é o nível de atuação, sendo que, consoante a intensidade dos exercícios, haverá um sistema energético que poderá ser recrutado com maior predominância em relação aos outros.
Sistemas Energéticos
Sistema Anaeróbio Alático
O Sistema Anaeróbio Alático, tal como o nome indica, é o sistema de produção de energia que não necessita de oxigénio (anaeróbio) para a produção de ATP, e que não terá produção de ácido lático (alático). Não havendo consumo de oxigénio nem produção de ácido lático, este sistema é extremamente importante para esforços altamente intensos, mas de curta duração (até cerca de 15 segundos). Neste sistema energético, ainda podemos contar com a ajuda da Fosfocreatina (PCr) para a produção de energia
São esforços tão intensos e tão curtos que não haverá tempo para que o organismo decomponha determinados compostos orgânicos para produção de energia. Poderá parecer estranho, mas a razão é muito simples. O organismo já detém alguns reservas finitas de ATP. Para álem destas reservas finitas de ATP, o PCr ainda é responsável por ajudar a produzir mais ATP. A partir da enzima Creatina Kinase (CK), o PCr será degrada e da sua degradação serão fosfato inorgânico e energia que poderão formar mais ATP.
Se apenas dependêssemos do ATP para estes tipos de esforços físicos, a duração da atividade será de cerca de 3 segundos. O PCr, por haver em muitas mais quantidades que o ATP, é que é o responsável por se conseguir manter estes esforços intensos durante um maior período de tempo. É durante este período em que este sistema é recrutado que conseguimos ter a maior potência produzida (Baechle & Earle,2000).
Quando a atividade supera o período de tempo em que recrutamos este sistema, o organismo terá de utilizar outra via energética.
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— Fair Play (@FairPlaypt) September 13, 2022
Sistema Anaeróbio Lático
Da mesma forma que o sistema anterior, o sistema anaeróbio lático não irá depender do oxigénio para a produção de ATP, contudo, este já irá contar com a presença de lactato.
A partir de um conjunto de reações enzimáticas cujo objetivo é a degradação de glicose, que advém maioritariamente dos hidratos de carbono, sendo esta preveniente dos hidratos de carbono, para obtenção de ATP. Este processo é denominado de Glicólise. No fim de tudo o processo enzimático, teremos a obtenção de ATP e de Ácido Pirúvico. O Ácido Pirúvico por sua vez poderá ser utilizado como substrato energético na mitocôndria no Sistema Aeróbio; ou poderá converter-se em Ácido Lático. A presença ou não de oxigénio irá acabar por determinar o que irá acontecer ao Ácido Pirúvico. A partir da degradação da glicose, também se formará hidrogénio.
Após os 10 segundas iniciais da atividade física, o metabolismo Anaeróbio lático irá começar a ser mais determinante. Após 30 segundos desde o início da atividade, este será o metabolismo predominante.
Dependendo da intensidade de exercício, este sistema energético poderá manter como predominante até aos 2 minutos de atividade. O fator que irá limitar o desempenho deste sistema será o aumento da acidez do organismo, devido à acumulação de lactato e de hidrogénio. Este aumento da acidez desregular diversos mecanismos fisiológicos, obrigando a cessar a atividade ou a diminuir a sua intensidade. Após este período teremos um ponto de colisão, em que o sistema aeróbio se tornará o predominante.
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— Fair Play (@FairPlaypt) September 13, 2022
Sistema Aeróbio
O último dos sistemas é o Aeróbio ou Oxidativo, tal como o nome indica, irá depender da presença de oxigénio, não conseguindo produzir ATP sem que este esteja presente.
O Metabolismo Oxidativo, é um pouco mais complexo que os outros, possuindo 2 processos para obtenção de energia, sendo que tudo irá acontecer dentro da Mitocôndria. O primeiro passo será o Ciclo de Krebs, que basicamente é um conjunto de reação químicas que poderá produzir ATP a partir dos 3 macronutrientes (Hidratos de Carbono; Gorduras e Proteínas), sendo que a sua degradação será diferenciada:
• Os hidratos de carbonos, a partir de glicose, serão degradados até formarem ácido pirúvico. Ao entrar na mitocôndria, o ácido pirúvico é convertido em Acetil coenzima A, iniciando assim o ciclo de krebs.
• As gorduras terão de ser degradas antes de entrarem no Ciclo de Krebs, sofrendo o processo de Lipolise, em que estas serão degradas em glicerol e ácidos gordos. Os ácidos gordos irão juntar-se a uma proteína transportados, sendo em bastantes casos a albumina, e serão transportados ate ás células para serem usados para produzir energia. Ao chegarem à célula, os ácidos gordos livres irão sofrer o processo de Beta Oxidação, tornando-os em Acetil Coenzima A
• As proteínas, são o macronutriente que será menos relevante para o processo, uma vez que estas não conseguem gerar uma grande quantidade de energia como os outros macronutrientes, tendo por isso uma contribuição energética muito reduzida. Contudo, em atividades muito prolongadas e exaustivas em que haja uma depleção quase total das reservas de glicose e de gorduras, as proteínas terão um papel muito mais importante. Contudo, pela quantidade de reservas de glicose e de gorduras, este cenário é praticamente impossível. A sua pequena contribuição acontece quando alguns aminoácidos (constituintes das proteínas) são convertidos em glucose, que após a sua degradação irá formar glicose, ou em intermediários do ciclo de krebs.
Os hidrogénios gerados por estes processos fisiológicos serão transportados para a Cadeia transportadora de eletrões. A Cadeia Transportadora de Eletrões é o segundo passo do processo oxidativo, sendo um conjunto de reações químicas em que os hidrogénios são combinados com oxigénio para formar água.
O uso dos hidrogénios ajuda a regular a acidez durante o exercício e ainda consegue gerar imensos ATP, sendo este o processo em que se formam mais ATPs.
Este sistema energético é um processo altamente energética em que se é capaz de se manter a atividade entre 3 minutos até vários horas, dependendo da intensidade da atividade. Neste caso, o fator mais limitador deste sistema energético é a sua capacidade de transporte de oxigénio, sendo este dependendo da capacidade e da quantidade de mitocôndrias.
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— Fair Play (@FairPlaypt) September 14, 2022