21 Dez, 2024
Ficha TécnicaQuem SomosEstatuto EditorialContacte-nos
   
BasquetebolModalidades

Fenerbahçe bicampeão da Euroliga com louvor

Lucas PachecoAbril 18, 20245min0
BasquetebolModalidades

Fenerbahçe bicampeão da Euroliga com louvor

Lucas PachecoAbril 18, 20245min0
O Fenerbahçe voltou a conquistar o troféu mais importante do basquete europeu e Lucas Pacheco traça o caminho até à vitória da equipa turca

Chegou ao fim mais uma temporada da Euroliga, a maior competição de clubes da Europa e um dos torneios mais antigos e tradicionais do mundo, com o mesmo resultado da temporada passada. Após amargar uma década de espera, período em que seu arqui-rival (Galatasaray) alcançou o topo do continente, o turco Fenerbahçe faturou o bi-campeonato, de forma consecutiva.

Os prognósticos do início da temporada confirmaram-se, demonstrando a força que o dinheiro tem na montagem de equipes campeãs. Sem a participação das equipes russas, hegemônicas até então, por conta do boicote imposto pela Fiba, o dinheiro (e consequentemente os maiores talentos) migrou para a Turquia. Não à toa, as duas favoritas eram as turcas Çukurova Mersin (sede do Final Four, disputado no último final de semana) e o Fenerbahçe; como Mersin terminou em segundo em sua chave, o cruzamento colocou o clássico nacional na semi-final.

Foi um ótimo jogo de basquete, com prevalência dos ataques, muito fluidos, resultando em aproveitamentos excelentes e número alto de assistências. Mersin terminou com 48,4% e 27 assistências (para míseros 12 desperdícios), ou seja, dos 31 arremessos convertidos, 27 foram decorrentes de passes! O Fener foi ainda melhor: 53,7% de quadra, 29 assistências (16 turnovers) de 36 arremessos convertidos. Números que comprovam o alto nível de basquete, o equilibrio e o placar alto.

Não se engane em pensar que as defesas froam frouxas, muito pelo contrário – os ataques realmente deram um show. Em uma partida com tal dinâmica, brilham as jogadoras inteligentes, capazes de gerar pontos a partir da movimentação coletiva. Impossível não destacar o brilho absoluto da ala Kayla McBride, do Fenerbahçe, capaz de sair de bloqueios indiretos pronta para o chute, mestre em jogo de isca e atraindo a defesa para si. Ela terminou como cestinha do confronto, com 25 pontos, 83% da linha de três (sua especialidade) e 33 de eficiência. Em uma noite estrelada, McBride brilhou acima de todas as outras. Do outro lado, a protagonista do Çukurova teve atuação tímida, uma vez que depende excessivamente de jogadas de isolamento – Marina Mabrey fez 12 pontos em 14 arremessos. A vitória por 89 x 80 garantiu o Fenerbahçe na final.

Na outra semi-final, o favoritismo pendia para USK Praga, contra as underdogs de Villeneuve d’Ascq; Praga figura na lista de campeãs da Euroliga, possui uma técnica hall of famer e um elenco recheado e equilibrado, com mais de uma opção em todas as posições. Sua adversária estreava no Final Four e, na teoria, já deveria se dar por satisfeita por chegar ao Final Four. Ledo engano: as francesas impuseram seu ritmo ofensivo e pontuaram em profusão. Numa partida franca, Praga viu ruir um de seus pilares tatícos, o controle defensivo costumaz acabou envolvido nas movimentações da equipe francesa, que venceu por 84 x 78. Depois de um hiato de vinte anos, um time da França retornava à final da Euroliga.

No dia seguinte, Fenerbahçe e Villeneuve pareciam repetir o roteiro das semis, com ataques dominantes no primeiro quarto, finalizado com vitória mínima das turcas (28 x 27). Na parcial, Villeneuve acertou tudo do perímetro, equilibrando a partida; mas, confiar em demasia no aproveitamento, não costuma ser exitoso por longos períodos. Enquanto o Fenerbahçe seguiu pontuando no quarto seguinte, a equipe francesa estacionou e, sem grande variação de jogo, não conseguiu alternativas de pontos no garrafão. Tampouco suas armadoras e alas obtiveram sucesso nas infiltrações – a bem da verdade, no intervalo, a partida parecia definida.

Fenerbahçe, verdadeiro Golias contra Davi, leu magistralmente a partida; com a atenção da defesa voltada à dupla Emma Meesseman e Kayla McBride, e suas movimentações ofensivas incansáveis, explorou o jogo de costas pra cesta de Napheesa Collier. Simplificou seu jogo e deixou Napheesa cozinhar suas defensoras, finalizando com 33 pontos (em módicos 19 arremessos).

Em uma competição de estilo cadenciado, o placar final deixou inconteste o domínio do Fenerbahçe, com placar centenário de 106 x 73.

O clube de Istambul assegurou o título e abriu vantagem na disputa caseira contra o Galatasaray. Se a geopolítica do esporte no continente não se alterar, Fenerbahçe já se coloca como favorito ao tri, independente do elenco. Merece destaque, ainda, o excelente comando da técnica francesa Valeria Garnier: chamada para retornar ao clube, onde fracassou algumas temporadas passadas, para substituir Marina Maljkovic, que pediu demissão às vésperas da largada do torneio, Garnier impôs sua defesa característica, sufocante, aliada desta vez a um ataque fogoso, vibrante e de intensa movimentação. Dotada das melhores jogadoras da competição, o resultado não poderia ser outro.

Os prêmios individuais da temporada da Euroliga foram varridos pelo Fenerbahçe: McBride eleita MVP do Final Four, além de figurar no quinteto ideal da competição, ao lado de Emma Meesseman, MVP da temporada regular. A armadora sérvia Yvonne Anderson foi coroada a melhor defensora da temporada, além de pertencer ao segundo quinteto. Garnier não conquistou o prêmio de melhor treinadora em função do destaque de Rachid Meziane, grande arquiteto da campanha surpreendente de Villeneuve.

Com o término das competições europeias (London Lions venceu o Besiktas na Europa para conquistar o título – a primeira vez que um clube inglês de basquete atinge essa honraria), as ligas nacionais aproximam-se dos playoffs, de cujo desenlace depende as equipes participantes da próxima temporada da Euroliga. O que sabemos a priori é a luta para destronar o Fenerbahçe e diminuir a superioridade turca na Europa.

Entre na discussão

Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.

CONTACTE-NOS
Posts recentes
Dezembro 21, 2024

A movimentada offseason da WNBA e o draft de expansão

Dezembro 21, 2024

Liga Portugal Betclic 2024/2025: O campeonato da consistência

Dezembro 20, 2024

ATP 2025: de Sinner a Nuno Borges, o que aí vem?

Newsletter
Categorias