Europeu de andebol de praia: Portugal com melhor classificação de sempre

Ana CarvalhoJunho 4, 20235min0

Europeu de andebol de praia: Portugal com melhor classificação de sempre

Ana CarvalhoJunho 4, 20235min0
No Europeu de andebol de praia de 2023, Portugal esteve em grande e Ana Carvalho faz o balanço da prestação lusa

Em fim-de-semana de final da Taça de Portugal, as atenções não estavam só viradas para a cidade da Maia. Um pouco mais a sul, na cidade da Nazaré, realizou-se também o Campeonato Europeu de Andebol de Praia Feminino e Masculino. Esta simultaneidade de eventos fez com que algumas atletas que representam a seleção nacional de andebol praia não pudessem ajudar os seus clubes na final four da Taça de Portugal, algo que deveria claramente ser revisto a nível de planeamento por parte da Federação de Andebol de Portugal.

O Campeonato Europeu iniciou-se na quarta-feira dia 23 de Maio, com a participação de 16 equipas divididas por 4 grupos. No género feminino, Portugal não se apresentou na melhor performance logo no primeiro jogo, mas conseguiu dar a volta e vencer os dois jogos seguintes. Na primeira fase, Portugal classificou-se na segunda posição, garantindo assim a presença no mainround e consequentemente a presença nos quartos-final da competição. No mainround existem dois grupos de 4, onde a classificação obtida irá determinar com quem irão cruzar do outro grupo nos quartos-final. Portugal não conseguiu nenhuma vitória nesta fase e apresentava um jogo pobre de ideias, pouco dinâmico e muito estático.

Quando temos uma menor estatura devemos tirar partido disso e utilizar um jogo mais dinâmico, assente em transições rápidas, independentemente de termos ou não sofrido golo.

O andebol de praia é um jogo que apesar de ter um tempo curto (cada parte tem apenas 10 minutos duração), deve ser muito rico em estratégia e mudanças de táticas dentro do modelo definido. Se apresentamos a mesma estratégia com as mesmas jogadoras nos mesmos lugares, corremos o risco de sermos tremendamente previsíveis e de destruirmos a moral das atletas. No final do mainround, a passagem às meias-finais parecia uma miragem, até porque o nosso adversário seria a poderosa Dinamarca, vice-campeã europeia.

No jogo dos quartos-final o início da primeira parte foi tal como nos jogos anteriores, bastante pobre e muito aborrecido por parte da equipa portuguesa, mas a dois minutos do final da primeira parte o treinador português, Agustin Collado, finalmente alterou a estratégia, deixando de jogar com pivot e 3 primeiras linhas para passar a apresentar o 4 em linha. Embora a primeira parte acabasse por ser perdida, havia ainda a segunda parte para vencer.

Impulsionadas pela maior presença de público português no jogo de sábado de manhã, e também pela diferente estratégia ofensiva apresentada, o jogo tornou-se muito mais dinâmico e todas as atletas começaram a libertar-se da pressão que sentiram nos dias anteriores. Apresentaram uma segunda parte de nível mundial, não só a nível ofensivo, mas também com excelentes momentos defensivos, onde as bolas ganhas com muito suor e luta deram origem a golos rápidos no ataque. Desta forma conseguiram levar o jogo para o desempate por contra-ataques, onde Catarina Cunha que é uma das defensoras mais fortes a nível europeu, conseguiu travar o poderio dinamarquês e levar as portuguesas para as meias-finais, classificação nunca antes conquistada.

Catarina Cunha viria a ser nomeada melhor defensora da europa na escolha da equipa ideal do europeu.

No jogo das meias-finais, ainda no sábado à tarde, Portugal defrontou a equipa dos Países Baixos, equipa que já havíamos defrontado no primeiro jogo do europeu, e o desfecho foi o mesmo: vitória contundente por parte da equipa dos Países Baixos, que sempre se mostrou mais forte que a equipa nacional em todos os pontos. Ficava agora por conquistar uma medalha de bronze, no último jogo do torneio a realizar-se no domingo dia 28 de Maio.

Defrontando as vizinhas espanholas, o jogo foi bastante partido e equilibrado, tendo ficado empatado por partes, levando à realização do desempate por contra-ataques, onde as jogadoras lusas encontraram uma das melhores defensoras de contra-ataques, Asun Batista (MVP e melhor marcadora do europeu), não conseguindo ultrapassar esta muralha espanhola. Embora a medalha fosse o objetivo, Portugal saiu muito vitorioso deste europeu, já que com esta classificação apurou-se para várias competições vindouras: os jogos europeus a realizar em final de Junho na Polónia, os jogos mundiais de praia a realizar-se em em Bali, Indonésia em Agosto e ainda o Campeonato Mundial 2024 que se realizará no continente asiático, local ainda a definir.

Parabéns a todas as jogadoras portuguesas pelo espirito de luta e de sacrifício apresentados, bem como à equipa técnica lusa.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS