Vuelta a España – 2ª semana, tudo em pratos limpos.

Diogo PiscoSetembro 10, 20188min0

Vuelta a España – 2ª semana, tudo em pratos limpos.

Diogo PiscoSetembro 10, 20188min0
Após um início de semana mais acessível, três dias de montanha a sério serviram para meter tudo em pratos limpos e reduzir para 4 a lista de candidatos à vitória da Vuelta.

O fim da segunda semana da Vuelta 2018 trouxe três etapas de montanha a sério. Apesar de não ter feito grande diferença entre os melhores trepadores, permitiu reduzir a lista de candidatos a 4.

O Fair Play faz um resumo da semana, analisou a situação atual da corrida e faz o lançamento da terceira e derradeira semana da última grande volta do ano.

Bonança antes da tempestade

Até se pode dizer que foi um início de semana amistoso para os homens da geral. Com as contas muito baralhadas da primeira semana, que apresentou um Top 10 separado por menos de 50 segundos, as diferenças e dúvidas em relação aos favoritos perduraram até à 13ª etapa.

A semana começou por consagrar Elia Viviani (Quick-step Floors). O italiano voltou a vencer na 10ª etapa, a única chegada ao sprint da semana, e somou a 17ª vitória da época.

17ª vitória de Viviani na temporada. Fonte: rte.ie

A 11ª etapa voltou a trazer a média montanha. Num dia que até foi bastante agitado, com Thibaut Pinot (Groupama – FDJ) a integrar a fuga, Alessandro De Marchi (BMC Racing Team), um dos que andou escapado, alcançou uma excelente vitória.

O dia estava previsto para uma chegada ao sprint. No entanto, na 12ª etapa, o pelotão teve mais uma vez imensa dificuldade em controlar os homens que saem para a fuga e permitiu que um grande número de fugitivos ganha-se uma vantagem demasiado confortável. Sem interesse ou força de perseguição no pelotão, os homens da geral deixaram Jesus Herrada (Cofidis, Solutions Crédits) reclamar a liderança com mais de 3 minutos de vantagem sobre o anterior líder, Simon Yates (Mitchelton-Scott). A etapa foi vencida por Alexandre Geniez (AG2R La Mondiale) num sprint a seis.

Fim-de-semana de tempestade

A tempestade começou devagar, agitou o mar e começou a separar as águas. A cada dia que passou, nas 3 etapas que fecharam a segunda semana, viu-se um ou mais homens da geral ficar para trás. As dúvidas foram-se dissipando quanto à capacidade de alguns ciclistas de lutar pela vitória, top 3 ou até mesmo pelo o top 10.

No fim da semana, apenas 4 homens parecem em condições de lutar pela vitória final, mas isto é ciclismo e nunca se sabe o que pode acontecer.

A primeira de três chegadas em alto era a mais curta em distância mas muito dura com pendentes a cima dos 20%. Os ciclistas chegaram a La Camperona, no final da 13ª etapa, onde enfrentaram 2 kms finais duríssimos. A vitória sorriu ao jovem Oscar Rodriguez (Euskadi – Murias) que superou ciclistas como Rafal Majka  (BORA – hansgrohe) e Dylan Teuns (BMC Racing Team), com Jesus Herrada a conseguir aguentar-se na liderança por mais um dia.

Etapa 13 – Subida final, La Camperona. Fonte: lavuelta.es

Entre os homens da geral, Nairo Quintana (Movistar Team) foi o mais forte e ganhou alguns segundos à concorrência. Grande parte do Top 10 minimizou as percas, com a etapa a deixar de fora das contas Fabio Aru (UAE- Team Emirates), Michal Kwiatkwoski  (Team Sky) e George Bennet (Team LottoNL-Jumbo), que diziam adeus ao Top 10.

A segunda chegada em alto da semana levou o pelotão até ao Alto les Praeres Nava, a 5ª contagem de montanha categorizada do dia e a 3ª contagem de 1ª categoria. No final da 14ª etapa, os ciclistas tinham pela frente 4 kms com 500 metros de desnível positivo acumulado, onde se registam novamente pendentes a cima dos 20%.

Final da etapa 14, Alto les Praeres Nava. Fonte: lavuelta.es

Les Praeres foi o “mar” onde a tempestade rebentou e as águas ficaram separadas. Kwiatkowski foi o último elemento da fuga a ser apanhado após um trabalho de perseguição muito forte por parte da equipa da Bahrain Merida Pro Cycling Team.

Simon Yates foi o primeiro a chegar ao alto com uma postura que fez lembrar o Yates dominador do Giro passado. Para além da vitória na etapa, o líder da Mitchelton-Scott recuperou a camisola de líder e ganhou alguns segundos à concorrência.

Na mesma onda de Yates ficaram Miguel Angel Lopez (Astana Pro Team); Nairo Quintana (Movistar Team);  Alejandro Valverde (Movistar Team); Thibaut Pinot (Groupama – FDJ) e Steven Kruijswijk (Team LottoNL-Jumbo), com o último a perder já 11 segundos mais as bonificações para o agora camisola vermelha.

Quem ainda conseguiu apanhar a onda, mas acabou por ficar um pouco mais para trás foram Rigoberto Uran (Team EF Education First-Drapac p/b Cannondale); Ion Izaguirre (Bahrain Merida Pro Cycling Team) e o jovem Enric Mas (Quick-step Floors), que chegou logo depois dos favoritos sendo o último a descolar e perdendo poucos segundos.

Para trás na maré ficavam  David de la Cruz (Team Sky) e Wilco Kelderman (Team Sunweb), cada vez mais longe do Top 10.

15ª etapa, os míticos Lagos de Covadonga. Alguns espanhóis dizem que é o Alpe D’Huez da Vuelta. A terceira chegada em alto da semana, a terceira seguida, a 1ª categoria especial, no fim de muita montanha e de duas 1ª categorias e uma 3ª.

Final etapa 15, Lagos de Covadonga. Fonte: lavuelta.es

Com tanta montanha esperava-se mais diferenças entre os favoritos, mas estas não se verificaram, novamente. Grande trabalho da equipa da Astana e o seu líder não desilidui, M. A. Lopez atacou bem cedo, mas não conseguiu fazer diferenças.

Também o camisola vermelha atacou várias vezes na tentativa de distanciar Valverde, que passou por dificuldades algumas vezes. Mas perante a falta de colaboração dos restantes, S. Yates acabou por conseguir ganhar pouco mais que os segundos das bonificações, tal como o líder da Astana.

Quem tirou partido da guerra de marcação entre os favoritos foi Thibaut Pinot. Aproveitou para vencer a etapa e entrar no Top 10, ocupando agora a 7ª posição a pouco mais de 2 minutos do líder.

Quintana fez algumas ameaças, mas muito longe do ataque que o levou à vitória no mesmo local em 2016. Foram mais as vezes que se movimentou para colar à roda de alguém que atacava do que as que atacou declaradamente.

Muito bem estiveram Kruijswijk e Mas, que fecham o grupo dos 7 ciclistas mais fortes desta competição. Com Pinot, estes são os três ciclistas que podem ainda podem entrar nas contas pela geral, mas que se encontram um pouco atrasados face aos quatro favoritos à vitória final.

Os Lagos de Covadonga deixaram para trás Jon Izaguirre, Uran e Emanuel Buchmann (Bora-Hansgrohe).

No fim da tempestade vem… a terceira semana

Neste momento os 4 favoritos à vitória da classificação geral final são S. Yates, Valverde, Quintana e M. A. Lopez.

S. Yates, Quintana e Lopez em marcação cerrada, com Valverde e Kruijswijk em perseguição. Lagos de Covadonga Fonte: eurosport.co.uk

Valverde e Quintana, assim como Lopez, tem as duas equipas mais fortes em prova, a Movistar e a Astana respetavimente, e devem tirar partido delas para endurecer bastante a corrida e complicar a vida a Yates.

Valverde parece ter vantagem sobre os seus adversários diretos no contra-relógio que irá abrir a última semana de competição. Por outro lado o espanhol já demonstrou algumas fragilidades na montanha onde os seus adversários se mostram muito fortes.

Com as forças tão equilibradas entre os favoritas na montanha, olha-se para o contra-relógio como o grande factor de desequilíbrio entre os favoritos.

Este dia também poderá fazer reentrar na luta os três homens mais afastados na geral que se mostram ao mesmo nível nas montanhas, Pinot, MasKruijswijk.

Está tudo em aberto para a última semana, mas muito mais condicionado. Uma coisa é certa, espetáculo sobre as duas rodas não vai faltar.


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