Vuelta a España 2020: O Guião
Esta é a 75ª edição da Vuelta a España, a terceira grande volta do ano. Numa edição diferente, motivada pelo contexto pandémico, a volta espanhola terá apenas 18 etapas nesta edição, pelo que os candidatos à geral terão menos tempo para fazer diferenças ou para recuperar tempo. 4 etapas planas, para os sprinters discutirem, 8 etapas acidentadas ou de média montanha, onde os puncheurs e especialistas de fugas vão tentar vencer (os homens da geral também terão de ter cuidado para não perder tempo), 5 etapas de alta montanha onde se vão fazer as maiores diferenças no top 10, e 1 contra-relógio individual. Será assim a Vuelta 2020. Quem sairá por cima?
Nota: À data da escrita deste artigo, estava a decorrer a primeira etapa, pelo que até é possível alguns nomes desiludirem logo ao primeiro dia
Candidatos
Primoz Roglic (Jumbo-Visma)
O atual campeão da Vuelta regressa para defender o seu titulo, depois de ter caído com estrondo ao perder o Tour para Pogacar. Aparenta estar em boa forma, mas o desgaste do Tour pode começar a fazer-se sentir nas pernas do esloveno, que terá uma equipa pronta a ajudar, mas dentro da própria equipa tem um rival à altura, Tom Dumoulin. Sepp Kuss, gregário de luxo, George Bennett, Robert Gesink e Jonas Vingegaard serão os apoios na alta montanha.
Tom Dumoulin (Jumbo-Visma)
É o regresso do holandês à Vuelta, ele que em 2015 esteve perto de vencer, mas um super Fabio Aru levou a vermelha para casa. Acabou o Tour em crescendo, e dificilmente a Jumbo vai novamente hipotecar as suas hipóteses para ajudar Roglic (no Tour, Dumoulin fartou-se de trabalhar para o esloveno e mesmo assim acabou em 7º). Gostaria certamente de ter mais kms de contra-relógio, mas a sua forma em crescendo tornam-no para alguns o principal candidato à vitória. Dumoulin e Roglic já disseram que o líder será decidido na estrada.
Richard Carapaz (INEOS Grenadiers)
Outro ciclista que acabou o Tour em crescendo, e que tem de ser considerado um forte candidato à vitória. Vencedor do Giro de 2019, Carapaz é uma ameaça na montanha, e é altamente explosivo, o que nas rampas acentuadas da Vuelta é uma enorme vantagem. Um dos nomes que dificilmente não estará no pódio, que conta na equipa com o lendário Chris Froome, e ainda com Andrey Amador, Iván Ramiro Sosa ou Dylan Van Baarle.
Enric Mas (Movistar)
O jovem espanhol foi segundo na Vuelta em 2018, o melhor resultado que já conseguiu numa grande volta. Este ano já foi 5º no Tour, e a correr em casa vai querer certamente lutar pela vitória, ele que normalmente vai crescendo com o passar das etapas. A Movistar traz um bom bloco para o apoiar, e com tanta montanha não seria surpreendente vermos mais um top 10 para Valverde, com Marc Soler também à espreita, numa equipa que conta ainda com o veterano Imanol Erviti e com o português Nélson Oliveira.
Guillaume Martin (Team Cofidis)
O francês falhou o top 10 do Tour, quando parecia ter tudo para o conseguir, e vem a esta Vuelta com o claro objetivo de lutar com os melhores. Um trepador de excelência, Martin quer finalmente assumir-se como um grande voltista, para assim conseguir colocar-se no patamar dos compatriotas Romain Bardet e Thibaut Pinot. Para o ajudar conta com nomes como Fernado Barceló, José Herrada e Luis Ángel Maté, a correrem em casa, e com o homem da Eritreia, Natnael Berhane.
Alexsandr Vlasov (Astana)
Era um dos candidatos no Giro, mas problemas gástricos fizeram-no abandonar ao segundo dia. Talvez uma benção, caso o jovem russo consiga um grande resultado em Espanha. Esteve muito bem no Tirreno Adriático, já venceu o Giro del Emillia este ano, e a sua capacidade na alta montanha deve deixar os adversários atentos. A juntar a isso tem ainda uma super Astana para o apoiar, com os irmãos Izaguirre, Luis León Sánchez, Merhawi Kudus e Alex Aramburu.
Daniel Felipe Martínez (EF Pro Cycling)
O jovem colombiano da Education First falhou na luta pela geral do Tour, mas a vitória no Dauphiné permite ter algumas esperança numa boa prestação do jovem de 24 anos. Bom trepador e forte no contra relógio, o futuro elemento da INEOS terá aqui uma ultima oportunidade para liderar uma equipa. Terá Hugh Carty e Michael Woods como apoios diretos e alternativas na geral
Daniel Martin (Israel Start-Up Nation)
O experiente irlandês apresentou-se em má forma no Tour, mas evidenciou claras melhorias nas últimas clássicas, fechando mesmo em 5º na Fleche Wallone. Com tão pouco contra-relógio, Dan Martin é um claro candidato ao top 10, e com a ajuda certa de elementos como Reto Hollenstein, Rory Sutherland e James Picolli pode ser uma ameaça.
Davide Formolo (UAE Emirates)
O campeão italiano de 2019 parte com legítimas aspirações na geral, querendo manter a toada na equipa depois da super vitória de Pogacar em França. Não terminou o Tour, pelo que deve estar fresco e com boas pernas para as rampas dificílimas da Vuelta. David de La Cruz será uma ajuda importante e uma alternativa boa para a classificação geral, numa equipa que andará à caça de etapas em alto com o nosso Rui Costa e com Sergio Henao.
David Gaudu (Groupama FDJ)
Na teoria o jovem francês é o principal candidato da equipa na luta pela geral, mas convém não esquecer Thibaut Pinot. Entre os dois, um deve lutar pelo top 10, de modo a salvar a época da equipa francesa no que toca às grandes voltas. Prova de fogo para Gaudu, que quer mostrar ter capacidade para liderar a equipa, equipa que traz muitos nomes experientes, mas todos eles roladores, com pouca capacidade na alta montanha.
Outsiders
O gregário de luxo Sepp Kuss (Jumbo Visma), Esteban Chaves (Mitchelton-Scott), Felix Grosschartner (Bora Hansgrohe), os manos Izaguirre (Astana), Hugh Carty (EF Pro Cycling), Wout Poels (Bahrain McLaren), o veterano e eterno Alejandro Valverde (Movistar) e Jan Hirt (CCC Team) são outros nomes que podem lutar pelo top 10.
Os Jovens
Enric Mas, Alexsadr Vlasov, Daniel Martínez e David Gaudu são os principais candidatos a vencer a camisola branca, que premeia o melhor jovem da prova. Nomes como Niklas Eg, Fernando Barceló, ou Iván Ramiro Sosa poderão entrar nesta luta.
Os Sprinters
Com apenas três etapas favoráveis aos homens rápidos (idealmente quatro), saltam à vista alguns nomes de destaque para vencerem nesses dias, caso haja uma chegada com o pelotão compacto. O nome principal é, sem dúvida, o de Sam Bennett (Deceunick-Quick Step). O irlandês é um dos melhores sprinters da atualidade e procura vencer mais etapas em grandes voltas, depois das duas já conquistadas na Volta a França, colecionando agora sete vitórias em provas de três semanas. A equipa da Deceunick não tem um líder assumido para a geral individual (talvez Bagioli) e procura ganhar o máximo de etapas possíveis.
Pascal Ackermann (Bora-Hansgrohe) será o principal adversário de Bennett. O alemão vai procurar estrear-se a vencer na Vuelta, depois das duas etapas conquistadas no Giro d’Italia de 2019, às quais juntou a camisola dos pontos. O jovem belga Jasper Philipsen (UAE-Team Emirates) é outro nome que promete dar que falar, e tem o apoio dos gémeos Oliveira, e do bielorrusso Riabushenko. Por fim, Jakub Mareczko (CCC Team). O italiano nunca venceu numa grande volta, apesar de já ter feito pódio em várias etapas no Giro d’Italia em 2017 e 2018, e com o fim da CCC em 2020, Mareczko irá aqui sprintar por um novo contrato.
One comment
Teresa Tavares
Outubro 21, 2020 at 4:13 pm
Desculpa Gonçalo…mas o Froome não vai participar..?