Tour de France – Quem pode realmente vencer a classificação geral?!

Diogo PiscoJulho 6, 20186min0

Tour de France – Quem pode realmente vencer a classificação geral?!

Diogo PiscoJulho 6, 20186min0
É a Grande das grandes voltas e, como se viu no Giro, tudo pode acontecer. Glória e fracasso estão garantidos ao longo das próximas três semanas. Mas quem pode realmente vencer o Tour de France 2018 de entre tantos candidatos?

Após o sucesso deste artigo no Giro d’Italia, em que o Fair Play não falhou por muito na ante-visão que fez, voltamos a postar no artigo do género para reduzir a extensa lista de candidatos a quem realmente pode ser o vencedor deste Tour de France 2018.

À partida o Tour apresenta duas grandes diferenças do Giro, a complexidade do percurso e um número muito mais elevado de potenciais vencedores. Enquanto que no Giro podíamos afirmar que o vencedor se definiria nas montanhas e nos contra-relógios e se conseguiu reduzir a lista a 6 fortes candidatos à vitória final, no Tour a conversa é algo diferente.

De uma lista inicial de 16 potenciais candidatos, o Fair Play teve de se basear nas 3 chegadas em alto, no contra-relógio (equipas e individual), 3 etapas de alta montanha com chegada após longa descida, e 5 etapas todo o terreno onde está incluída uma etapa com 22 km de pavé.

Mais uma vez o Fair Play volta a justificar que o ciclismo, como todos os outros desportos, não é uma ciência exata. 2 + 2 nem sempre são 4 e existem muitas envolventes externas e internas que influenciam em muito os resultados. Perante este facto parece uma bocado contraditório escrever um artigo que afirma quem “pode”, e quem “não pode”, sair vencedor do Tour de France 2018.

Quedas, furos, dores de barriga, avarias, motas, vento, chuva, expulsões, entre outros, podem ditar o fim da estrada para uns e o caminho da glória para outros.  No entanto, todos estes fatores são externos ao ciclista e imprevisíveis. Assim, como a reação do corpo ao longo de três semanas intensas de competição. Tendo isto em consideração, este artigo é elaborado com base nas características e capacidades dos ciclistas, com a forma mostrada até agora na temporada e com a influência que uma equipa mais forte pode ter.

Guerra de Titãs

Os galos do poleiro! Os homens que no global parecem ter mais capacidades para dar uma boa resposta a todo o tipo de desafios que terão pela frente. São 3 os escolhido: Chris Froome; Vincenzo Nibali e Tom Dumoulin.

Nibali e Froome no Tour 2015. Desta vez Nibali impôs domínio no pavé e acabou por levar o Tour de vencida. Estes Titãs são velhos adversários. Fonte: Bettini

Equipas fortes, tanto para a montanha, como para o contra-relógio e para o todo o terreno. Também os três ciclistas se apresentam fortes nesta diversidade de características. Enquanto Nibali apresenta um contra-relógio mais fraco, acaba por se mostrar mais forte no pavé. Na alta montanha estarão mais ou menos no mesmo patamar.

Para além disso nestes três homens temos 11 grandes voltas, sendo que venceram 6, 4 e 1 respectivamente pela ordem que foram apresentados. Dois destes homens já venceram as 3 grandes e isto diz muito dos titãs que foram escolhidos.

Apenas dois vencedores de grandes voltas foram deixados de fora da lista de titãs e já vai ser justificado porquê.

Em desvantagem partem…

Não quer dizer que não possam ganhar. Apenas se consegue em todos identificar facilmente uma justificação para não os colocar na lista dos grandes favoritos.

O grande ausente dos titãs será Nairo Quintana, mas verdade seja dita, um Tour com pavé e tanto contra-relógio já seria difícil de vencer pelo colombiano. Para juntar a isso poucas chegadas em alto e algumas chegadas em descida justificam esta decisão de não inserir o ciclista entre os mais fortes candidatos.

Nairo Quintana sofrendo no pavé em 2015. Fonte: Tim de Waele

Também neste patamar de favoritos de segunda linha estão homens como Romain Bardet, Rigoberto Uran, Adam Yates, Richie Porte e Ilnur Zakarin, que até podem apresentar capacidade e características para responder aos vários tipos de desafios deste tour. Podem também já ter fechado pódio numa grande, mas mais que isso, para fazer parte dos titãs e ser considerado os mais fortes candidatos a vencer é preciso mesmo isso, vencer. Apesar de colocados um patamar abaixo estes serão as principais preocupações dos homens lá de cima e não seria de admirar ver um deste nomes de amarelo em Paris.

De foram ficam…

Estes homens têm capacidade e já o provaram. No entanto, parece que terão de ser vário fatores a alinharem-se para que possam discutir a vitória do Tour.

Alejandro Valverde é outro dos detentores de uma grande volta que ficou de fora dos titãs, mas que certamente ninguém levará a mal. Frente a homens mais jovens e com tanta qualidade poucos acreditarão que o veterano possa mesmo vencer. Ainda assim é possível e pode baralhar muito a prova.

Rafal Majka (Bora-Hansgrohe), Dan Martin (UAE- Team Emirates), Bob Jungles (Quick-Step Floors), Steven Kruijswik e Primoz Roglic (Team LottoNL-Jumbo), ou apresentam debilidades no contra-relógio; ou apesar de bons trepadores acabam por ceder sempre algum tempo; ou por terem equipas mais fracas, são definidos como candidatos ao melhor lugar possível dentro do Top 10 e não como candidatos à vitória. Para vencer teriam de arranjar argumentos não só para vencer um dos favoritos mas sim 9.

O caso Mikel Landa(Movistar Team). Não, não foi esquecimento. Landa não faz parte da lista de candidatos pela mesma razão que não o fazem os mencionado no parágrafo anterior. Lideranças partilhadas não existem a este ponto e Landa não é líder mas sim um substituto caso a opção Quintana falhe. Valever é Valverde e se já é duvidosa aquela ajuda que dá a Quintana, mais duvidoso seria ver o espanhol a ajudar Landa caso Quintana falhe. Ótimo trepador é um ciclista que perde para os favoritos no todo o terreno e no contra-relógio e que parece mais uma jogada da Movistar para confundir os adversário sobre a quem terão de responder. Landa alcançou o pódio no Giro e foi 4º no Tour, gozando do privilégio de na altura da corrida em que atacava ter sempre o seu líder à sua frente na classificação geral e os adversários terem de optar por não lhe responder para marcarem directamente o ciclista que representava maior no momento. Sempre que assumiu a liderança de uma equipa acabou por desiludir.


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