Strade Bianche – O 6º monumento!
182 quilómetros; lama ou pó; terra batida e gravilha; subidas curtas capaz de deixar qualquer um a pé; ataques de longe; um pelotão completamente partido; quedas; desistências; uma chegada em descida após 600 metros de subida com uma inclinação média de 13% e máxima de 16%; uma corrida que todos os líderes das clássicas sonham ter no currículo; uma lista enorme de favoritos com os melhores especialistas do mundo em corridas de um dia; tragédia; entrega; sofrimento; alegria e um enorme sentimento de conquista. Se isto não são os ingredientes de um monumento, está muito perto.
Já são muitos os que não têm medo de afirmar que esta clássica italiana realizada na zona da Toscana, com final em Siena, é o 6º monumento do ciclismo. Os italianos chamam-lhe “sterrato“, nós chamamos terra batida. É este o tipo de terreno que dá nome à prova e que caracteriza um terço do percurso que será percorrido este sábado dia 9.
A prova já seria bastante difícil só com base num percurso técnico, carregado de subidas e descidas, um autêntico parte pernas. Para complementar, tem sectores da tal terra batida. Se estiver seca, significa menos tração e mais pó no ar, se estiver molhada, significa lama e tração a mais. Nenhuma das duas torna a vida mais fácil a quem anda de bicicleta.
As fotos resultantes deste dia parecem retiradas de outro tempo. Falamos de um dia em que todos deixam tudo na estrada e onde é normal ver ciclistas sucumbir após passar a meta.
As vitórias são vibrantes e memoráveis, resultando em narrativas e relatos que parecem jornadas dos cavaleiros da idade média. Nem parece credível quando se percebe que todo este elenco vai apenas para a sua 13ª edição.
As equipas do world tour vão com tudo. Uma vitória na Strade Bianche significa um arranque de ano em grande. Todos querem ganhar, basta olhar para a constituição das equipas para deduzir isso.
É muito difícil definir um favorito para esta prova, pois são tantos os factores que influenciam a história desta jornada, que definir um favorito à partida será um enorme erro. A vitória dependerá da sorte, do acreditar, de estar no momento certo na altura certa, das decisões, arriscar pode abrir a porta da vitória ou do vazio. No entanto não é difícil enumerar os nomes dos homens com mais capacidade para este tipo de prova.
Zdenek Stybar, assim como toda a Deceunink – Quick Step, serão os principais alvos a abater. A equipa venceu as 3 clássicas realizadas até ao momento, com 3 homens diferentes. Para além de Stybar, que já venceu esta prova, a equipa leva Julian Alaphilippe, Yves Lampaert e muita força para atacar com os restantes lobos.
Em grande forma também estão Greg Van Avarmaet (CCC Team), Tim Wellens (Lotto Soudal) e Alexey Lutsenko (Astana Pro Team). Do top3 do ano passado temos o vencedor, Tiesj Bennot (Lotto Soudal) e Wout Van Aert (Jumbo Visma), dois nomes que iram correr com tudo para vencer. Gianni Moscon (Team Sky) será alguém a ter em conta por aquilo que fez no fim da época passada nas clássicas de outono italianas, assim como Vincenzo Nibali (Bahrain Merida), vencedor em título da Milano San-Remo.
Muitos mais nomes se podem apontar à vitória numa lista com 148 ciclistas, onde facilmente se encontram dois nomes por equipa com possibilidade de se candidatar à vitória.
Vitória essa que pode sorrir a Portugal. Rui Costa (UAE Team Emirates), tem vindo a subir de forma neste início de época. Rúben Guerreiro (Katusha – Alpecin) e Nelson Oliveira (Movistar Team) também estarão presentes e não são totalmente desadaptados para este percurso, talvez a subida final seja demais para eles, mas se chegarem com tempo podem lutar por uma boa classificação.