Tour de France – Entre o renascimento e a afirmação.

Diogo PiscoJulho 16, 20186min0

Tour de France – Entre o renascimento e a afirmação.

Diogo PiscoJulho 16, 20186min0
A 1ª Semana do Tour trouxe a firmação de uma nova geração de sprinters, mas, principalmente, trouxe o renascimento de dois grandes ciclistas que precisavam de uma grande vitória para relançar as suas carreiras.

Não será novidade para ninguém que, seja no ciclismo ou noutro desporto/área, os grandes palcos sejam lançadores e carrascos de grandes carreiras.

Tal como um jovem talento necessita de confirmar o seu valor no Tour para se afirmar entre os melhores, também foi o Tour que expôs as debilidades de grandes ciclistas, o que os levou a tomar a decisão de terminar a carreira. Alberto Contador foi o último exemplo disso em 2017.

Entre a confirmação e o término de uma grande carreira, decorre um espaço de tempo com altos e baixos. Mais uma vez um grande palco como o Tour volta a ter uma importância enorme com o poder de conseguir relançar uma carreira que está apagada.

Os grandes palcos são mesmo assim, têm um poder imensurável sobre as carreiras de quem os pisa. Esta é a grande conclusão que se pode retirar desta primeira semana de Tour.

O Renascimento

A vitória da semana e sem dúvida a melhor da etapa da semana. John Degenkolb (Trek-Segafredo) voltou a vencer em Roubaix, num dia em que voltou a ser o Degenkolb de outros tempos.

O alemão fez a 9ª etapa de forma perfeita, estando sempre bem posicionado e nunca se desgastando demasiado. Soube escolher a movimentação certa para atacar a corrida e quando chegou ao risco de meta, apesar de estar na posição menos favorável, não deixou que os adversários lhe roubassem a glória.

O Tour, juntamente com o pavé de Roubaix, fizeram renascer Degenkolb para o ciclismo. O ciclista passou uma fase complicada na sua carreira com quase três anos de ausência das grande vitórias devido a um atropelamento que sofreu enquanto treinava. Uma vitória muito acarinhada pelo adeptos e por todo o pelotão. Foi sem dúvida o momento alto da semana.

A etapa 6 levava os ciclistas a terminar na ascensão ao Mûr de Bretagne e mais uma vez o Tour foi generoso e fez renascer um grande ciclista para as grandes vitórias. Foi a vez de Daniel Martin (UAE Team Emirates) que atacou antes de entrar no último quilómetro e já só voltou a ter companhia depois de passar a meta.

Uma grande vitória, que voltou a mostrar aos adeptos do ciclismo o grande Dan Martin que é capaz de vencer em vários tipos de terreno. Um ciclista atacante, sofredor e inconformado.

O regresso de Martin às grandes vitórias! Fonte: pt.euronews.com

A Afirmação

Era uma das grandes esperanças para este Tour. Muitos esperavam ver se Fernando Gaviria (Quick-step Floors) conseguia confirmar toda a sua qualidade frente aos grandes nomes do sprint mundial. O jovem colombiano não desiludiu e venceu a sua etapa de estreia. 1ª etapa, 1ª vitória e 1ª camisola amarela.

Depois de cair na 2ª etapa ficando afastado da luta pela vitória, que acabou por sorrir ao seu grande adversário Peter Sagan, Gaviria voltaria a vencer na etapa 4 em mais um duelo com o campeão do mundo.

Com a demonstração de força demonstrada por Gaviria e por Sagan, que a meio da semana “bisou” num sprint bastante duro na etapa 5, os adeptos pareciam entregar de bandeja as vitórias ao sprint a estes dois atletas com os restantes especialista a ter de lutar pelo último lugar que sobrava do pódio.

No entanto, a 7º etapa voltou a ter história com o jovem sprinter Dylan Groenewegen (Team Lotto NL-Jumbo), que arrancou uma grande vitória frente aos dominadores de até então. Apesar de já ter vencido uma etapa no Tour de 2017, faltava este passo para Groenewegen enviar uma mensagem a dizer que isto estava longe de ser uma luta reduzida a dois.

Groenewegen não deixou a responsabilidade do que tinha feito no dia anterior por mãos alheias, e voltou a vencer logo na etapa 8. Mais uma grande vitória e sem dúvida afirmação como um dos melhores sprinters da atualidade. A partir deste dia toda a abordagem a uma etapa de sprint vai ser diferente. Já não serão só as rodas de Sagan e Gaviria as mais procuradas pois estará lá também o grande sprinter Dylan Groenewegen.

A mensagem estava dada. Vitória de Groenewegen na etapa 7 do Tour 2017. Fonte: Pulzo.com

A Geral

Foram 9 dias com muito para contar, entre pavé, ruas apertadas, quedas, furos, avarias, chegadas difíceis, de tudo foi acontecendo aos homens da geral.

No primeiro dia de descanso a camisola amarela está no corpo de Van Avermaet (BMC Racing Team), que se deve despedir dela já na etapa 10, no primeiro dia de alta montanha dos Alpes.

Quanto aos restantes homens da geral muitos sofreram dos vários azares enumerados e os que não sofreram acabaram por ter um contra-relógio por equipas menos conseguido o que faz com que a situação esteja mais equilibrada do que se esperava a esta altura. Só mesmo Geraint Thomas (Team Sky) escapou a todos os azares e teve um bom resultado no esforço por equipa contra o relógio.

O contra-relógio por equipas foi vencido pela BMC Racing Team, num dia em que a maior derrotada foi mesmo a Movistar team, fazendo os seus líderes perderem cerca de 50 segundos para os mais diretos adversários.

À entrada da segunda semana estas são as diferenças entre os favoritos:

  • 2º Geraint Thomas(Team Sky)/ +00:43/
  • 4º Bob Jungels (Quick-step Floors)/ +00:50/ +00:07
  • 5º Alejandro Valverde (Movistar Team)/ +1:31/ +00:48
  • 6º Rafal Majka (Bora-Hansgrohe)/ +1:32/ +00:49
  • 7º Jakob Fulgsang (Astana Pro Team)/ +1:33/ +00:50
  • 8º Chris Froome (Team Sky)/ +1:42/ +00:59
  • 9º Adam Yates (Mitchelton-Scott)/  +1:42/ +00:59
  • 10º Mikel Landa (Movistar Team)/  + 1:42/ +00:59
  • 12º Vincenzo Nibali (Baharain-merida)/ +1:48/ +1:05
  • 15º Tom Dumoulin (Team Sunweb)/ +2:03/ +1:20
  • 17º Romain Bardet (AG2R La Mondiale)/ +2:32/ +1:49
  • 19º Ilnur Zakarin (Team Katusha Alpacin)/ +2:42/ +1:59
  • 21º Nairo Quintana (Movistar Team)/ +2:50/ +2:07
  • 22º Rigoberto Uran (Educacion First – Drapac P/B Cannondale)/ +2:53/ +2:10
  • 24º Daniel Martin (UAE Team Emirates)/ +3:22/ +2:39
(posição na geral/nome/tempo para amarela/diferença entre os favoritos)

As diferenças entre os favoritos não são muito grandes e estão longe de ser irrecuperáveis o que nos faz entrar para a segunda semana com tudo em aberto.

O Carrasco

Como referido anteriormente o Tour dá, mas também tira. Nesta caso em particular muito tem tirado à carreira de Richie Porte ( BMC Racing Team). O ciclista voltou a cair na etapa número 9 e voltou a ser forçado a abandonar. Será mais um ano em que Porte não consegue confirmar as suas capacidades nas competições de três semanas.

Os seus fâs culpam o azar, mas na verdade, é difícil compreender o que faz Porte naquela zona do pelotão naquele momento da corrida. Numa etapa onde se antevia a existência de quedas, especialmente logo no início onde iria estar tudo muito nervoso, e com a sua equipa a comandar o pelotão com o camisola amarela não se compreende porque razão estava ali o líder da BMC.

Porte volta a ser o grande derrotado da primeira semana do tour.


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