Giro d’Italia – Grande 2ª semana de João Almeida
Foi sem dúvida uma semana extraordinária a que nos presenciou João Almeida (Deceuninck – Quick Step), sendo difícil realçar quais foram os seus momentos altos. No final da semana, o João tem a liderança segura por 15 segundos de diferença para o segundo classificado, Wilco Kelderman (Team Sunweb), e para isso bem que pode agradecer ao seus espirito de sacrifício e à sua vontade de lutar.
A semana começou com a 10ª etapa a ser vencida pelo grande Peter Sagan (BORA – Hansgrohe), com o João a ser posto à prova pelo então 3º lugar da geral, Pello Bilbao (Bahrain – Mclaren). O jovem português mostrou estar à altura da posição que ocupa e quando deixou de ter elementos da sua equipa para trabalhar, foi ele próprio a fechar o espaço para o homem que o atacava e a juntar novamente todos os favoritos num grupo. No fim, foi ainda capaz de sprintar para ser 3º da jornada e bonificar 4 segundos.
A segunda etapa da semana, foi sem dúvida a menos complicada na luta pela geral. Arnaud Démare (Goupama – FDJ), voltou a comprovar que é o melhor sprinter em prova e venceu mais uma etapa no Giro 2020.
À 12ª etapa as coisas voltaram a ferver entre os favoritos. Ora protegido pela equipa, ora com o próprio a dar o peito às balas e a responder aos ataques dos adversários, o João olhou olhos nos olhos dos grandes ciclistas da actualidade e mostrou-lhes que não iria entregar a sua camisola Rosa com facilidade. A etapa foi ganha por Jhonathan Narvaez (INEOS – Granadier), que consegiu ser superior a todos os elementos que vinham na fuga do dia.
No seguimento do que tinha feito no dia anterior, na etapa 13, o jovem português voltou a dar um murro na mesa. Desta vez com o desfecho muito mais alarmante para os adversários. Num dia que tinha tudo para ser decidido ao sprint, com a existência de apenas duas subidas de 4ª categoria no 40 kms finais, a corrida acabou por partir na ultima subida com os homens da geral a imporem ritmos insuportáveis para os sprinters. Assim, a vitória foi decidida ao sprint, mas pelos homens que lutam pela geral, com o João a ser 2ª atrás de Diego Ulissi (Team UAE- Emirates), ganhando 6 segundos de bonificação a todos os outros. Foi a segunda vez que bonificou na meta durante semana, a terceira no total das etapas decorridas.
O fim-de-semana chegou e com ele as duas grandes etapas da semana. Esperava-se o contra-relógio e uma bom prestação de um João Almeida que a cada dia que passa faz sonhar mais os Portugueses. Sendo 1º da classificação geral, João foi o último a partir e “partir” foi mesmo aquilo que o português fez. “Partiu” toda a concorrência direta, ganhando tempo a toda a gente no Top 10, com grande parte dos adversários a terem um dia mau. Apenas Kelderman conseguia minimizar as perdas para o líder da corrida, perdendo apenas 13 segundos. Numa etapa que foi ganha pelo campeâo do mundo da especialidade, Filippo Ganna (INEOS – Granadier), o mais importante foi mesmo o tempo ganho na estrada pelo João a toda a gente, com o 3º lugar a ficar já a 2 minutos e 11 segundos de distância.
O último dia da semana voltou a trazer a alta montanha ao pelotão do Giro 2020. Um dia duríssimo com chegada em alto em Piancavallo, onde todos os olhos estavam postos no grande João Almeida, na tentativa de perceber até onde iria aguentar o jovem ciclista. A equipa de Kelderman trabalhou durante toda etapa e na entrada da subida final não desperdiçou esse trabalho assumindo que queria reclamar a liderança da prova. Em superioridade numérica, a equipa impôs um ritmo fortíssimo toda a subida. Um a um, os homens do Top 10 da classificação geral, foram descolando até que apenas dois homens restavam atrás da armada da Team Sunweb. Tao Geoghegan Hart (INEOS – Granadier), que foi o vencedor da etapa, e João Almeida. O João acabou por ceder ao ritmo imposto pela equipa do seu adversário e sem nunca desistir, lutou bravamente, sozinho, subida a cima, conseguindo aguentar a sua camisola de líder da prova por apenas 15 segundos. Embora muito agradeça à equipa, e em boa hora o faz, foi com o tempo que ganhou no contra-relógio e com o tempo ganho nas bonificações que conseguiu manter a o seu 1º lugar e, assim, entrar na terceira e última semana da prova com a camisola rosa, a cor que faz sonhar os portugueses.