Andebol feminino português: nova época, planteis renovados pt.5

Ana CarvalhoSetembro 27, 20229min0

Andebol feminino português: nova época, planteis renovados pt.5

Ana CarvalhoSetembro 27, 20229min0
Continuamos a análise às equipas que vão estar a lutar neste campeonato feminino de andebol sénior nacional. Fica a saber tudo com Ana Carvalho

Já com o campeonato de andebol feminino sénior em andamento, continuamos a análise dos plantéis para esta nova temporada. Após esta primeira jornada, há logo paragem para trabalhos da seleção nacional de andebol e, portanto, as equipas ainda vão ter mais duas semanas para alinhar todas as suas estratégias para o campeonato.

Maiastars

Em 2021-2022, foi já no último jogo que o Maiastars garantiu a permanência na primeira divisão, classificando-se em 10º lugar, evitando assim a liguilha. Nas últimas temporadas, a equipa maiata tem procurado um perfil de atletas bastante jovens, atletas que possam ser totalmente moldadas aos princípios da casa. Isto tem levado a uma grande volatilidade no plantel, sempre caracterizado com muitas saídas e entradas de uma época para a outra.

Paulo Costa, no clube há 4 temporadas, vai manter-se aos comandos da equipa sénior, sempre ladeado por José Ribas, uma figura incontornável do clube maiato. O jogo do Maiastars é sempre muito físico, com defesa a variar entre os sistemas 6:0 e 5:1, mas com princípios muito individualizados. Aposta bastante nas transições rápidas como forma de finalizar num curto período de tempo. Em termos de ataque posicional tem apresentado atletas que lhe permite variar entre trabalho de penetrações aos 6m, trabalho com a segunda linha e remate exterior. Parece-me que o plantel deste ano não terá tanto poder de tiro exterior, portanto o jogo com o pivot vai com certeza ser uma arma maior no ataque posicional.

Neste defeso contou com as saídas das rematadoras Luciana Rebelo (transferência para o SLBenfica), Francisca João (transferência para o ADA São Pedro do Sul) e da internacional jovem brasileira Nathalia Baliana. Mariana Gomes, outra primeira linha, rumou para a equipa do CA Baltar-CRD, enquanto a central Bárbara Mendes foi para o recém-despromovido CJ Almeida Garrett. A ponta direita Vera Costa também saiu do plantel maiato, rumando a São Pedro do Sul.

Como entradas, o Maiastars reforçou-se com muitas atletas jovens de clubes da zona, excetuando a contratação da guarda-redes Yui Shibuya ao SLBenfica. Ao CD Xico Andebol foi buscar a esquerdina Emília Oliveira e ao ND Santa Joana a guarda-redes Nádia Ribeiro (um retorno a casa) e a universal Francisca Martins. Ao Colégio de Gaia CDE contratou três atletas, as irmãs Patrícia e Sofia Viera (primeira linha e guarda-redes, respetivamente) e também Ana Castro (primeira linha). No plantel mantiveram-se as experientes pivots Dulce Oliveira e Eloise Deslile, e a ponta esquerda Catarina Silva. Na baliza, o Maiastars apresenta mais quatro elementos, para além das três contratações: Maria Cálix, Beatriz Lopes, Diana Teixeira e Maria Pinto. O restante plantel é constituído por atletas sub21 e conta com as pontas esquerdas Carolina Sousa e Sara Sousa, a ponta direita Mariana Rocha e as primeiras linhas Madalena Figueiredo, Ana Reis, Cláudia Moreira, Mariana Silva e Sara Borges.

CA Leça

O Clube de Andebol de Leça foi o último classificado na época 2021-2022 a ter possibilidade de participar na primeira divisão nesta nova época. Após uma primeira parte da época bastante forte, fazendo até prever que a manutenção seria atingida cedo, na parte final da época perderam jogos muito importantes e acabaram por ser relegadas para a fase da liguilha, tendo de lutar pelo último lugar na primeira divisão com outro clube primodivisionário, o SIM Porto Salvo, e o segundo classificado da 2ª Divisão, o ND Santa Joana. Acabou por se apresentar muito mais forte e, como sempre, manteve-se na primeira divisão mais um ano. Digo “como sempre”, pois este é um clube conhecido como o campeão das liguilhas, já que a história dos últimos anos nos indica que luta pela manutenção sempre com muita dificuldade, mas na fase decisiva, este é o clube que nunca desce.

Nesta nova temporada, esse título pode não ser suficiente, pois o crivo está bem mais apertado, e a dificuldade é bem maior. Manteve toda a equipa técnica, com Pedro Borges como líder, bem como a maior parte do plantel. Acabou por se reforçar bastante bem, mas com o plantel curto que apresentou o ano passado, era imperioso que as entradas fossem em maior número que as possíveis saídas.

Sendo assim, apresentou apenas a saída de Beatriz Barradas, contratada pelo ADA São Pedro do Sul ainda antes do término da época anterior. Para colmatar esta saída, reforçou-se da melhor maneira possível, já que foi buscar ao Alavarium Love Tiles aquela que é, para muitos, a terceira melhor guarda-redes portuguesa no momento, Andreia Costa. Do ARC Alpendorada chegam a primeira linha Maria Santos, que retorna a uma casa que bem conhece, e a ponta esquerda Ana Rita Silva. A pivot Júlia Ventura (ex-Sir 1º Maio/ADA CJB) e a primeira linha Ana Chaves (ex- KHF Ferizaj-KOS) fecham o lote de entradas no plantel.

O resto do plantel conta com as pivots Filipa Ventura, Patrícia Rocha, Ana Frade e Beatriz Pesqueira e com as extremos Catarina Oliveira, Madalena Barbosa, Diana Gomes e a esquerdina Beatriz Prata. A primeira linha do CALE é constituída por Beatriz Barros, Cátia Ferreira, Filipa Moreira, Sheila Langa, Vera Monteiro e Francinete Carneiro. Na baliza está muito bem serviço com Bárbara Ferreira e a jovem Helena Cruz.

Embora se tenha reforçado bem e de forma a colmatar as lacunas que existiam na época transata, avizinha-se uma época normalmente difícil para um clube que tem na formação a sua base de sustentação e o seu maior foco. No entanto, são claramente o plantel mais bem preparado para momentos adversos, já que está no seu ADN manterem-se sempre à tona nesses momentos. Veremos o que esta época nos reserva para o clube de Leça da Palmeira.

CDE Gil Eanes

Depois de dez anos ausentes no principal escalão do andebol feminino nacional, que deixou por motivos financeiros, o CDE Gil Eanes sagrou-se Campeão Nacional da 2ª Divisão na última época, garantindo assim um lugar na 1ª divisão. Este clube algarvio aparece com um projeto ambicioso de promoção das jovens atletas da zona, levando a modalidade a todas as pontas do país. A chegada do Gil Eanes à primeira divisão, vem concretizar o desejo da Federação de Andebol de Portugal de levar este campeonato a todo o território nacional.

Para esta nova temporada o plantel mantém-se inalterado, não por falta de tentativa por parte da jovem treinadora Sofia Osório, mas pela impossibilidade de trazer atletas mais experientes capazes de se deslocarem de malas e bagagens para Lagos, tal como referido pela treinadora em entrevista.

Assim sendo, o plantel conta com apenas duas atletas seniores, a pivot de 33 anos, Tânia Afonseca, que assegura alguma experiência à equipa, e a ponta esquerda Ana Luz, com apenas 21 anos. Ainda com idade sub21, o plantel apresenta as pivots Amanda Assunção, Laura Espada e Bianca Osan, as gémeas Bruna e Bianca Almeida, e ainda Beatriz Chito. Maria Pico, ponta esquerda da seleção nacional de sub19, é uma das atletas mais influentes e concorre para se apresentar como a melhor marcadora do conjunto algarvio.

Mas é no contingente mais jovem do plantel que estão as “joias” do CDE Gil Eanes. Falo das sub18, Carmen Figueiredo, lateral esquerda rematadora já com internacionalizações pela seleção A, e Matilde Rosa, a guarda-redes que tem já o seu lugar reservado como futura guarda-redes da seleção nacional. Compõem ainda o plantel as sub18 Martina Marreiros, Matilde Correia, Joana Maurício, Cristina Hrihor e a guarda-redes Joana Candeias. Por fim, falta-nos referir Miriam Martins, uma central de apenas 16 anos, que já sabe liderar a sua equipa. Creio que será a atleta com maior crescimento este ano, pois assim que aprenda a ser organizadora e criar situações para as outras conforme o que o adversário dá, vai dar um salto bem grande no seu desenvolvimento enquanto atleta.

O modelo de jogo desta equipa está ainda em construção e constante evolução, assim como as suas atletas. Esta será uma época de grande crescimento para todos no plantel, desde a treinadora às atletas. Creio que ao longo da época veremos várias caras neste CDE Gil Eanes, à medida que forem compreendendo como funciona o campeonato da primeira divisão. O ano passado, a equipa algarvia apresentava um andebol físico e agressivo, algo que poderá não funcionar tanto no escalão máximo. A nível de ataque, forçam muito o remate exterior, não por ser a melhor opção, mas mais por princípio de jogo. Creio que à medida que forem tendo estes jogos de dificuldade mais elevada, vão afinando agulhas e percebendo melhor o jogo. Dada a juventude do plantel, é muito natural que esta seja a experiência mais transformadora para estas atletas enquanto jogadoras de andebol.

O país andebolístico conta muito com esta fornada de atletas como base da seleção nacional nos próximos anos e espera que nos façam sonhar com maiores patamares a nível internacional.

Se for necessário o link para a notícia original que refiro (a entrevista foi ao jornal O Jogo do dia 23-09-2022 https://portal.fpa.pt/wp-content/uploads/2022/09/Revista-de-Imprensa-–-23.09.2022.pdf – link no instagram do gil


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