Andebol feminino português: nova época, planteis renovados pt.4

Ana CarvalhoSetembro 27, 20229min0

Andebol feminino português: nova época, planteis renovados pt.4

Ana CarvalhoSetembro 27, 20229min0
Continuamos a análise às equipas que vão estar a lutar neste campeonato feminino de andebol sénior nacional. Fica a saber tudo com Ana Carvalho

Já com o campeonato de andebol feminino sénior em andamento, continuamos a análise dos plantéis para esta nova temporada. Após esta primeira jornada, há logo paragem para trabalhos da seleção nacional de andebol e, portanto, as equipas ainda vão ter mais duas semanas para alinhar todas as suas estratégias para o campeonato.

ARC Alpendorada

O ARC Alpendorada chega a este início de época como um dos plantéis que mais atletas perdeu durante o defeso. Depois de ter vencido a sua primeira Supertaça de andebol no início da última época e se ter classificado na 6ª posição no final do campeonato, o clube está num momento de restruturação e construção de um plantel bastante renovado. A equipa do Marco de Canaveses foi protagonista da primeira surpresa da época, já que imediatamente a seguir ao término do primeiro jogo, Alexandre Monteiro, o treinador da equipa desde Março de 2020, anunciou a sua saída. Nesta altura da época, nada fazia esperar este desfecho, até porque o resultado da partida contra o Alavarium Love Tiles foi bastante positivo (26-20) e o conjunto do ARC Alpendorada foi claramente superior.

Nas próximas duas semanas prevê-se a entrada de um novo líder, o que poderá mudar claramente o modelo de jogo da equipa. Em relação ao plantel, muitas saídas e algumas entradas vieram mudar o perfil das atletas. Algumas atletas mais experientes decidiram não jogar nesta próxima época- Rita Alves, Cristiana Alves, Josefina Rodrigues- e das atletas mais jovens, várias foram as que trocaram de emblema durante o Verão- Beatriz Miranda (Alavarium Love Tiles), Maria Nunes (Sir 1ºMaio/ADA CJB), Ana Rita Silva e Maria Santos (ambas CA Leça), Catarina Reis (Colégio de Gaia), Francisca Montenegro e Cristiana Vieira (ambas CJ Almeida Garrett). A jovem guarda-redes brasileira Alice Ronchi também não fará parte do plantel.

Com todas estas saídas era importante reforçar a equipa com a entrada de novas atletas e Alexandre Monteiro, o ainda treinador da equipa feminina do ARC Alpendorada, trouxe de volta a primeira linha Ângela Pessoa, depois de um ano ao serviço da equipa do Madeira SAD, e contratou também a ponta esquerda Susana Silva (que nas duas últimas épocas esteve no estrangeiro). Mariana Almeida, uma primeira linha de formação do CA Leça, e a esquerdina Poliana Silva, sem atividade na última época, mas que na época 2020-2021 esteve ao serviço do Académico FC, ingressaram também no plantel. A pivot Maria Inês Pereira retorna ao ativo depois de uma época parada.

No plantel mantiveram-se a ponta direita Ana Silva, melhor marcadora do último campeonato, a ponta esquerda Rebeca Freitas e as 1ªs linhas Sofia Carolina Gomes, Beatriz Figueiredo e Sara Brás. Do contingente jovem fazem parte do plantel as pivots sub-21 Mariana Ramada e Margarida Fagundes (internacional A), a 1ª linha Matilde Ferras, as guarda-redes sub18 Rita Guimarães e Filipa Soares, a ponta direita Mariana Rodrigues e a pivot Maria Pinheiro.

Se na época passada o plantel foi construído para atacar logo a partir do primeiro jogo, o que se provou bastante proveitoso com a conquista da supertaça feminina de andebol, este ano o ARC Alpendorada aparece com um plantel bastante renovado e muito jovem, necessitando com certeza de um período maior de construção e adaptação. Com a saída inesperada do treinador, fica neste momento a dúvida de que estilo de treinador vai liderar a equipa e se irá ainda tentar trazer novas atletas para o plantel.

Neste momento, é difícil prever em que lote esta equipa se colocará em termos de classificação, mas com certeza neste momento o objetivo primordial será manter-se acima do 9º lugar, de forma a evitar a prova de manutenção na primeira divisão.

ABC UMinho

O ABC UMinho é uma das equipas que se apresenta como um dos melhores clubes para coordenar a vida académica com a vida desportiva já que apresenta uma parceria muito importante com a Universidade do Minho, sendo as atletas abrangidas por um estatuto especial que lhes permite viver, estudar e jogar de uma forma mais equilibrada em Braga. Com estas condições, o perfil de atletas que este clube apresenta é de atletas jovens, mas com grande margem de progressão na modalidade.

Manteve grande parte do plantel da época 2021-2022, sendo que, das saídas, aquela que irá fazer mais falta será a pivot Inês Duarte, que resolveu fazer uma pausa na carreira desportiva. A Inês Duarte junta-se Daniela Sottomaior e Beatriz Rocha, bem como a central Rita Vieira que voltou ao Alavarium love Tiles.

Fernando Fernandes fez retornar a primeira linha Marta Magno, que nas três últimas temporadas esteve ao serviço do ND Santa Joana, contratando ainda a este clube Caroline Costa, mais uma primeira linha com um excelente poder de 1×1. Para a posição de pivot, Joana Graça (ex-Didáxis) veio completar o plantel.

No plantel mantêm-se as guarda-redes Maria Costa (sub18), Filipa Henriques (sub21) e Rosa Gonçalves, na ponta direita as esquerdinas Maria Mirra (sub21) e Joana Garcês e na posição de pivot o plantel conta com Francisca Araújo. Para a primeira linha mantêm-se as irmãs Naide (sub18) e Nádia Gonçalves, ambas internacionais jovens com muito potencial e com grande qualidade tanto de remate exterior como de trabalho aos 6m. A acompanhar as irmãs continuam a esquerdina Inês Laranjeira, e as universais Ester Marques e Margarida Cardoso.

O jogo do ABC é sempre pautado por uma defesa agressiva, por vezes com linhas mais avançadas, variando dentro do mesmo momento entre um 6:0 alto ou uma defesa mais aberta com atletas em linhas mais subidas. Favorecem sempre um jogo de elevada velocidade, dando muito ênfase à primeira fase de posse de bola, acelerando sempre no ataque rápido. Na última temporada classificaram-se em 8º lugar, tendo garantido a manutenção bastante cedo na época. No entanto, este ano, o 8º lugar será o primeiro lugar que garante automaticamente a presença na primeira divisão na época seguinte, e eu acredito que a manutenção cedo na época será uma tarefa bem mais difícil de atingir.

O treinador está já no comando desta equipa há 5 épocas, podendo este ser um fator de estabilidade ou de desgaste. Com o decorrer da época iremos conseguir perceber. O ABC UMinho adiou o jogo da primeira jornada do campeonato de andebol, não tendo ainda iniciado a participação nesta nova temporada.

CS Madeira

A segunda equipa insular tem tido épocas sempre bastante instáveis, fazendo séries de maus resultados e depois conseguindo fazer bons, independentemente dos adversários que vai encontrando. No entanto, tem-se sempre classificado na parte intermédia da tabela do campeonato de andebol, nunca estando perto dos lugares de despromoção. Esta instabilidade deve-se à característica especial das equipas da Madeira, que fazem sempre jornadas duplas, tanto em casa como fora, combinando então fins-de-semana com dois jogos, seguidos de fins de semana sem jogos. Este ano o planeamento será diferente, com as equipas insulares a fazerem apenas jornadas duplas em casa, vindo ao continente fazer um jogo por fim de semana. Isto poderá dar mais consistência ao CS Madeira.

O plantel 2022-2023 é bastante similar ao da época passada, sendo um misto de atletas jovens da formação combinadas com atletas experientes com um excelente passado na competição. Desde logo Marco Freitas mantém-se à frente da equipa sénior, tal como nas últimas temporadas. Para a outra equipa insular (Madeira SAD) perdeu duas atletas, as pivots Jéssica Gouveia e Patrícia Fagundes. Mas esta parceria com a outra equipa madeirense também trouxe frutos para o CS Madeira com a inclusão da experiente guarda-redes Mónica Correia.

Ana Camacho e a ponta esquerda Carolina Saldanha (ex-SIM Porto Salvo) regressam, após terminarem os seus percursos académicos no continente. De regresso está também a 1ª linha Maria Kourdoulos, após um ano de paragem. Da Madeira, mas do CD Bartolomeu Perestrelo, e ainda com idade de sub21, veio Diana Mendonça, e do NAAL Passos Manuel, também com idade sub21, a atleta Alice Rodrigues.

A capitã Cláudia Aguiar, uma ponta esquerda com muitos anos de presença na seleção nacional de andebol, é uma das mais valias deste plantel. Mantém a qualidade no posto específico, aliando ainda a experiência e a liderança da equipa. Na ponta contrária mantém-se outra atleta igualmente experiente, a esquerdina Catarina Ascensão. Do contingente mais experiente, o plantel conta ainda com as primeiras linhas Patrícia Correia e Sara Sousa e a pivot Andreia Vieira. Para completar o plantel, mantêm-se as primeiras linhas Leonor Abreu e Sara Moniz, importantes no trabalho aos 6metros, a guarda-redes Ana Beatriz Pontes e ainda Petra Nóbrega, Alicia Turini e Marta Sofia Ferreira.

Uma das imagens do clube é a aposta nas atletas jovens do clube e, portanto, várias das atletas sub18 farão parte da equipa sénior: a lateral direita Joana Semedo, a central Maria Eduarda Costa, Valentina Mendonça, Beatriz Gouveia, Francisca Fernandes e a guarda-redes Sara Vasconcelos.

O CS Madeira varia entre jogo assente em contra-ataques diretos e ataques longos, derivado da experiência de algumas atletas no plantel. Apostam normalmente numa defesa 6:0 de linhas baixas, podendo fazer um sistema 5:1 de forma a cortarem a circulação de bola e diminuírem o tiro exterior da equipa adversária.

Esta será claramente uma época difícil para a equipa insular, já que a sua instabilidade a nível de resultados pode acabar por ser mais difícil de colmatar com o fato de mais equipas aparecerem nos lugares de risco. No entanto, esta é uma equipa que acaba sempre por estar bastante forte na parte mais decisiva do campeonato.

Iremos acompanhar o percurso desta equipa ao longo do caminho e perceber se este será o ano em que deixamos de ter duas equipas insulares na primeira divisão, ou se pelo contrário reforçam ainda mais a sua posição no campeonato de andebol.


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