Andebol Feminino: 29 anos depois, as águias voam até ao título
Exatamente 50 anos depois do primeiro jogo realizado pelo andebol feminino do Sport Lisboa e Benfica, as encarnadas voltam a ser campeãs nacionais 29 anos depois, após ultrapassarem um interregno das competições oficiais.
A extinção e o regresso
O Sport Lisboa e Benfica extinguiu a secção da modalidade em 1993/94, devido a uma crise financeira vivida no clube, após ter aberto estas mesmas portas na época 1971/72 e onde até então tinham conquistado por sete ocasiões o Campeonato Nacional da categoria.
Depois de terem protagonizado um breve regresso em 1996/97, os encarnados voltaram revigorados em 2018 competindo na segunda divisão e com um projeto aliciante tanto para o clube como para o panorama do andebol feminino em Portugal.
Em 2018/19, o andebol feminino do Sport Lisboa e Benfica volta com todas as “ganas”, resultando num projeto jovem e aliciante que culminou, inicialmente, com um plantel sénior com uma média de idades a rondar os 22 anos e onde o foco de recrutamento foram jovens jogadoras a competirem em Portugal, provenientes de clubes como o SIM Porto Salvo, JAC Alcanena, SIR 1º de Maio, entre outros.
Em termos desportivos, a época correu de feição sendo que as águias conseguiram a subida à 1ª Divisão da categoria, apesar de não alcançarem o título – conquistado pelo ABC/Universidade do Minho, tendo, ambas as equipas, terminado com o mesmo número de pontos (38).
As duas épocas seguintes – 2019/20 e 2020/21 – vieram confirmar um cenário natural: a chegada de mais um candidato ao título da modalidade. Em 2019/20 – a primeira época que marcou o regresso à 1ª Divisão Nacional -, as encarnadas cimentaram um quarto lugar numa época em que o Colégio de Gaia levantou o troféu, seguindo-se um novo ano desportivo, também se seguiu um novo cenário classificativo. Em 2020/21, o Sport Lisboa e Benfica ficou na 2ª posição com os mesmos pontos (70) que a formação aveirense, o Alavarium, e a dois pontos da formação que se haveria sagrado campeã, o Madeira SAD.
O clube sediado na capital voltaria em força, tendo em vista, o topo do andebol feminino português – tal aconteceu esta temporada, sendo que se tornaram campeãs nacionais a quatro jornadas do fim do campeonato.
As caras novas das campeãs nacionais
Nesta temporada, a equipa comandada por João Florêncio apostaria forte na reconquista do título que lhe escapava há 29 anos, acabando por reforçarem com jogadoras com experiência fora de portas como é o caso de Yui Shibuya, Alina Molkova e Viktoriya Borshchenko.
Yui Shibuya, juntamente com Ana Ursu vieram reforçar a baliza das encarnadas, oriunas da Sony Semiconductor [Japão] e da AA São Pedro do Sul, respetivamente.
O centro do ataque encarnado também sofreu algumas alterações, sendo que o Benfica assegurou os préstimos de uma das mais promissoras centrais portuguesas, Mariana Costa que, na época transata acabaria por 180 golos em 31 encontros, ao serviço da ARC Alpendorada. Alina Molkova foi outra das aquisições para essa mesma posição, – apesar de que qualquer uma das duas atletas poderem atuar a laterais – vinda da Alemanha, mais concretamente do Buchholz Rosengarten, sendo que foi uma das peças importantes da época.
Para a lateral-esquerda foi contratada Maria Unjanque, uma das mais promissoras jogadoras do panorama do andebol feminino português, oriunda do SIM Porto Salvo, onde na época transata tinha dado nas vistas. A excelente época ao serviço das campeãs nacionais valeu-lhe quatro chamadas à Seleção Nacional A.
A ponta Odete Tavares, atleta que se tinha sagrado campeã nacional ao serviço do Madeira SAD, na temporada passada, foi outra das aquisições da turma orientada por João Florêncio. Para reforçar a posição de pivô, o Benfica contratou a jovem atleta de 20 anos, Rita Campos, oriunda da Juve LIS, sendo que já conta com 1 internacionalização A.
No início de março, o Sport Lisboa e Benfica teve ainda a oportunidade de assinar com Viktoriya Borshchenko – a melhor marcadora da história da seleção ucraniana -, devido à invasão que a Ucrânia sofreu promovida pela Rússia. Viktoriya, universal ucraniana de 36, atuava nos russos do Rostov-Dan e é vista como uma das melhores jogadoras do mundo, tendo terminado, de forma repentina, o vínculo contratual com o emblema onde conquistou cinco Campeonatos, sete Taças, sete Supertaças e uma Taça EHF, além de ter jogado a final da Liga dos Campeões em 2019. A atleta em seis jogos disputados pelas encarnadas apontou 20 golos.
O regresso aos títulos: época 2021/22
As encarnadas que têm ao seu dispor atletas internacionais portuguesas de qualidade inegável como Adriana Lage, Patrícia Rodrigues, Mihaela Minciuna, entre outras, estão a realizar uma época a roçar a perfeição.
Faltando três jornadas para o fim do campeonato, o Sport Lisboa e Benfica já recuperou o título nacional que lhe escapava há 29 anos, fruto de 68 pontos em 23 encontros, totalizando 22 vitórias e 1 empate (na casa do ABC/UM na 2ª jornada).
As águias possuem a oportunidade de terminar a temporada invictas no campeonato e ainda poderão conquistar a Taça de Portugal, que se jogará em formato Final Four, nos dias 4 e 5 de junho. Para isso acontecer terão que ultrapassar o forte coletivo do Alavarium e esperar pelo vencedor do encontro entre o Colégio de Gaia e o CA Leça.
Com a conquista do campeonato, as águias irão disputar a Women’s EHF European Cup, na próxima temporada.