2024, o ano de Patrícia Sampaio

João CamachoDezembro 19, 20246min0

2024, o ano de Patrícia Sampaio

João CamachoDezembro 19, 20246min0
Mais uma medalha num ano de glória e sucesso de Patrícia Sampaio, sendo uma das principais notícias que nos traz João Camacho

Entrámos na reta final do ano de 2024! Um ano que ficará irremediavelmente marcado pela saída de cena da maior judoca de sempre do judo português, Telma Monteiro, e pela cabal afirmação de Patrícia Sampaio, como o nome maior do judo português da atualidade. Depois de uma prestação épica nos Jogos Olímpicos de Paris, que valeu uma medalha de bronze, Patrícia termina 2024 com uma medalha de bronze na emblemática e fortíssima etapa que encerrou o calendário de 2024, o Grand Slam de Tóquio. Parabéns, Patrícia!!!

Campeonatos de Apuramento da Seleção Nacional Séniores, e Campeonatos Nacionais, Paralímpico, de Judo Adaptado e Absolutos 2024

No primeiro fim-de-semana de dezembro, decorreram, no multiusos de Odivelas, os Campeonatos de apuramento da Seleção Nacional Séniores, Paralímpico, Judo Adaptado e Absolutos. O evento que deveria ser uma festa do judo, em todas as suas vertentes, ficou indubitavelmente marcado por num ambiente muito deprimente, com bancadas despidas de público e com uma fraca participação. 

No que respeita ao Campeonato AS Nacional de Séniores, o Sport Algés e Dafundo subiu ao lugar mais alto do pódio dos clubes medalhados. Em 2.º lugar ficou o Sporting Clube de Portugal e em 3.º a Associação Académica de Coimbra!

Foi muito positivo ver alguns dos principais atletas da atualidade a marcarem presença, destacando os Olímpicos Catarina Costa, Patricia Sampaio, Bárbara Timo e João Fernando, mas há sinais evidentes de que não estamos a promover o judo da melhor maneira, não estamos a aproveitar o facto de o judo português ter conquistado mais uma Medalha Olímpica, e Portugal não tem muitas, para mobilizar os media, o público, os jovens praticantes e os muitos seguidores desta modalidade.

O mais preocupante acaba por ser a total ausência de um plano forte, de uma estratégia, que possa reverter esta preocupante realidade. O que fará o recém-eleito elenco federativo, liderado por Sérgio Pina, para reverter esta tendência?

Para terminar, uma explicação prometida há algum tempo: A designação Campeonatos de Apuramento da Seleção Nacional Séniores, usada em detrimento da de Campeonatos Nacionais, corresponde à necessidade de impedir que atletas de outras nacionalidades possam participar. Ou seja, o anterior elenco federativo, encontrou esta “formula” para garantir que só os atletas que reúnam condições para representar o nosso país poderão participar nesta competição, por isso a alteração da denominação. 

Grand Slam Tóquio

Lá fora, decorreu entre os dias 7 e 8 de dezembro a derradeira etapa do circuito mundial, o emblemático e sempre espetacular Grand Slam Tóquio. 

A comitiva portuguesa foi mais reduzida que o habitual, composta apenas por três judocas, Catarina Costa (48Kg), Bárbara Timo (de regresso aos 70Kg) e Patricia Sampaio (78Kg). Relembro que ainda estamos em período de “ressaca” e retoma pós-olímpica e muitos dos principais judocas ainda recuperam de um desgastante ciclo olímpico.

Destaque para o 5.º lugar de Catarina Costa, sempre consistente e muito focada, e para mais uma épica prestação de Patrícia Sampaio, que conquistou o bronze da categoria dos 78Kg. Foi um fechar de ano em grande e Patricia mereceu, por tudo o que conquistou, pela sua capacidade de trabalho, pelo compromisso e dedicação para com o judo, este brilhante resultado! Na luta pelo bronze derrotou, num movimento espetacular (Ko-soto-gari) a experiente judoca japonesa, Hamada Shori, Campeã Olímpica em Tóquio 2020, o que valeu à judoca de Tomar a nomeação para IPPON do ano” nos prémios anuais da FIJ.

A derradeira etapa ficou marcada pelo domínio avassalador do país anfitrião, o Japão, que nas 14 categorias de peso em disputa (7 femininas e 7 masculinas), conquistou, nada mais nada menos, o ouro em 13! Curiosamente, a única categoria em que não tivemos o hino do Japão, foi a dos 100Kg masculinos, onde o ouro foi para o Russo Matvey Kanikovskiy (a combater com o dorsal da FIJ), que nos brindou com uma prestação épica! Lamentavelmente, este judoca foi impedido de participar na Competição Olímpica, como já tive oportunidade de partilhar, por uma lamentável, para não apelidar de outra coisa, decisão política do Comité Olímpico Internacional.

@judogallery

Top Ippons – Patricia Sampaio 🇵🇹🔝 #JudoTokyo #Judo #Japan #Tokyo #TopIppons #Ippon

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Ano novo vida nova…

A Federação Internacional de Judo (FIJ) anunciou que 2025 irá arrancar com uma revisão das regras de arbitragem. Nos corredores corriam fortes rumores de que seriam alterações significativas, nomeadamente a reintrodução de técnicas em que seria permitido aos judocas controlar a perna do adversário com a mão ou com o braço para projetar e marcar pontuação.

Na verdade, a alteração mais impactante parece ser a reintrodução da vantagem de Yuko, que faz algum sentido, mas cujo critério de aplicabilidade poderá gerar muita discussão e muitas visitas ao VAR-Video árbitro. O Yuko não é acumulável, podendo o judoca marcar vários durante o combate, e é uma vantagem inferior ao Waza-ri (que é acumulável, 2 valem um ippon) e ao Ippon. Quanto à reintrodução de técnicas em que é  permitida a projeção a controlar a perna do adversário, por agora nada foi anunciado, tirando alguns ajustes na definição de perna… sim, a FIJ tem a sua própria definição de perna! Convém ter presente que estas regras poderão ainda sofrer algumas alterações antes do início da qualificação para os Jogos Olímpicos de Los Angeles, marcada para junho de 2026.

O ano de 2025 fica também marcado pela ausência da etapa que nos últimos 3 anos marcou o arranque do circuito mundial, o Grand Prix de Portugal. A calamitosa situação financeira da FPJ levou ao cancelamento, provavelmente definitivo pois o contrato com a FIJ era de 4 anos, de um evento marcante na divulgação e promoção do Judo em Portugal. Será que não há mesmo patrocinadores interessados? Será que as entidades governamentais que tutelam o desporto têm a noção da importância deste tipo de evento para o País? 

Para terminar, e porque nunca será de mais…OBRIGADO TELMA!


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