MLB: Liga em greve pela primeira vez em 27 anos

Felipe MartinsDezembro 23, 20214min0

MLB: Liga em greve pela primeira vez em 27 anos

Felipe MartinsDezembro 23, 20214min0
Felipe Martins conta ao Fair Play os detalhes de mais uma greve envolvendo a Major League Baseball, desta vez após 27 anos!

O ano de 2021 está chegando ao fim. Deveria ser uma época com bastante movimentação no mercado de agentes livres da Major League Baseball, mas a Liga enfrenta o primeiro lockout desde as temporadas de 1994-1995. Embora não exista um motivo específico, o cerne da greve está em razões financeiras. O Fair Play apresenta os detalhes do que ocorre neste momento entre épocas na principal liga de beisebol no mundo.

Para entender melhor o atual momento e quais as expectativas para a virada de ano, é importante saber que a ‘briga’ não começou hoje: as demandas da MLBPA (Major League Baseball Players Association, em inglês), o sindicato dos atletas profissionais, vêm se arrastando já há algumas décadas. Confira a coluna desta semana e fique por dentro do que está acontecendo no mundo da MLB!

CBA – o acordo trabalhista

O CBA é o documento que rege as relações trabalhistas entre os atletas do beisebol e os donos das equipes de beisebol, e cobre diversas nuances da prática do esporte em nível profissional (protocolos de viagens, política salarial, divisão de rendas, política anti-dopping, etc). Com validade de 5 anos, em geral, o atual venceu no dia 1° de dezembro.

Com o contrato expirado, a MLB perdeu o direito de uso de imagem dos atletas, e todo o contato entre times e atletas está suspenso. As negociações param, o acesso de atletas às instalações do clube é restrito e nada de fato acontece, até que as partes cheguem a um acordo. Este é o grande motivo da greve, mas outros pontos também são discutidos.

Por a negociação de agentes livres com os times ser a parte mais impactada, diversos nomes badalados do esporte ainda estão sem contrato, e não estão autorizados a manter conversas formais com as equipes interessadas durante a greve. Os times ainda podem realizar contratações para as ligas menores, mas os principais atletas sem contrato estão de mãos atadas.

O comissário de beisebol Rob Manfred e o diretor executivo da Major League Baseball Players Association, Tony Clark, falam antes do primeiro jogo da World Series (Foto: AP Photo/Ron Blum)

Expectativa – contrato deve vir logo ou temporada atrasa

Sem que as partes negociem, nada de fato acontece. Até o momento isso não é um grande problema, visto que apenas as negociações costumam acontecer no período entre dezembro e janeiro. Mas a partir da virada do ano é quando as equipes começam a movimentação para o início da pré-temporada, o que pode ser afetado com a greve.

A primeira ‘grande data’ está marcada para dia 14 de fevereiro – o ‘Pitchers and Catchers Report’, quando arremessadores e receptores chegam nos centros de treinamento -, e sem que haja um novo CBA confeccionado até lá, pode haver atraso. Neste caso, todo o cronograma pode sofrer alterações, com risco real de atraso e até cancelamento da temporada.

O cenário seria parecido com o ocorrido em 1994, quando houve a oitava pausa por completo na MLB por razões trabalhistas. Na ocasião, a greve encerrou a temporada em 12 de agosto de 1994 e o esporte não voltou até 2 de abril de 1995. Foi a primeira vez em todos os esportes americanos que uma pós-temporada (e a consequente briga por título) foi cancelada por uma disputa trabalhista.

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Principais motivações – dinheiro falando mais alto

Não dá para negar que a principal questão segue sendo a divisão dos lucros – majoritariamente, a disputa é sobre as cotas televisivas, da renda de ingressos e de qualquer outra renda que o esporte tenha. A reclamação dos atletas é porque os times recebem muito, enquanto os atletas (que são responsáveis por trazer gente aos estádios), recebem menos. Estima-se que a atual divisão está em 47% para atletas e 53% para os donos.

Se por si só este não fosse um grande entrave, há outros pontos: existem suspeitas de que os executivos dos times manipulam o tempo de serviço de atletas da base e, consequentemente, atrasando o início nas grandes ligas. Isso afeta diretamente a política salarial da liga, uma vez que quanto antes uma promessa do esporte começa a atuar, mais cedo o relógio de salário inicia a contagem.

Por fim, existem pormenores que também precisam de espaço nas discussões (aumento de vagas nos playoffs, uso de rebatedores designados, aprimoramento de regras defensivas, entre outros), mas que perdem espaço devido ao grande interesse financeiro. Para o fã de beisebol, resta aguardar um desfecho o quanto antes, ou amargar uma provável paralisação total.


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