Xavi Barcelona melhor

Rute RibeiroJaneiro 29, 20247min0

Xavi Barcelona melhor

Rute RibeiroJaneiro 29, 20247min0
Depois da pesada derrota frente ao Villarreal, Xavi anunciou que estava de saída do comando da equipa a 30 de junho

Perdoem o trocadilho no título, mas foi a tentativa de trazer um pouco de humor à situação trágica que o Barcelona tem estado a atravessar. O clube catalão vive um mau período há algum tempo, algo que vem ainda da era Bartomeu ainda com Lionel Messi na equipa isso já se tornava evidente, mas o talento do camisola 10, combinado com alguns colegas ia mascarando o problema. No entanto, a 5 de agosto de 2021, a equipa deixou de poder contar com o astro argentino para espalhar magia no relvado e dessa forma disfarçar o que se passava.

Depois da sua saída, e ainda sob o comando de Koeman, a equipa entrou numa espiral de maus resultados sendo que, quando o treinador foi despedido a 27 de outubro (após a derrota por 1-0 em casa do Rayo Vallecano), o Barcelona ocupava o 9º lugar com 16 pontos em 33 possíveis.

Veio Xavi, contestado por uns por ter um currículo tão curto enquanto treinador e recebido de braços abertos por outros, que defendiam que ele poderia ser o autor da mudança que o clube precisava, tendo em conta que conhecia melhor que ninguém a essência de ser Culer.

Xavi na época de 2021/22, apesar de não conseguir impedir a eliminação na fase de grupos da Champions, e ter ainda visto a equipa a ser eliminada da Copa del Rey e da Supertaça, conseguiu devolver o Barcelona aos lugares que garantiam a presença na Champions na época seguinte, resgatando o clube do 9º para o 2º lugar (terminaram com 73 pontos e a 13 do primeiro).

A época de 2022/23

No verão chegaram os reforços, sendo que a transferência mais aguardada foi a de Lewandowski, letal na hora de marcar e um dos essenciais no plantel do Bayern.

2022/23 foi uma época que fez sonhar os adeptos. A harmonia e a boa forma pareciam estar de volta. A equipa assumiu em definitivo a liderança da liga na 14ª jornada e foram declarados campeões na jornada 34 em casa do Espanyol. Quem se lembra da invasão de campo dos adeptos da casa que rapidamente pôs termo às celebrações Culers?

Ter Stegen voltou ao auge. Em 38 jornadas, sofreu apenas 18 golos (os outros 2 que a equipa sofreu foram com Iñaki Peña na baliza) e conseguiu cumprir 26 jogos sem sofrer qualquer golo. Na frente contavam com o remate certeiro de Lewandowski que marcou 23 dos 70 golos e assegurou assim o troféu de melhor marcador da liga.

A somar ao primeiro campeonato ganho desde 2018/19, conquistaram ainda a Supertaça que teve um sabor muito especial por dois motivos – foi o primeiro troféu pós Messi e ainda contra o maior rival, o Real Madrid. Foi também um jogo em que Gavi assumiu um papel de destaque – marcou 1 e assistiu os outros 2.

Claro que nem tudo foi brilhante e na Europa as coisas não correram bem. Na Champions, o Bayern voltou a ser um obstáculo e a isso ainda só somaram 1 ponto frente ao Inter. Caíram para a Liga Europa, onde foram logo eliminados pelo Manchester United. Mesmo assim, tendo em conta a forma como o clube estava antes da chegada de Xavi, podemos considerar que foi uma boa época e parecia ser o ponto de viragem para o Barcelona regressar aos altos níveis a que habituou a massa adepta.

A época de 2023/24

 Entrou Cancelo e Félix por empréstimo, veio Gündoğan do Manchester City, entre outros, e todos os Culers começaram a época “ilusionados” de que a forma apresentada na época anterior se ia manter.

A primeira volta na Champions correu bem – 3 jogos, 3 vitórias – mas o resto já mostrava sinais de instabilidade. Na segunda volta na Champions perderam 2 jogos (mesmo assim asseguraram o 1º lugar no grupo), Ter Stegen nos 13 jogos que fez na liga (até se lesionar) sofreu quase tantos golos (13) como em toda a LaLiga de 22/23 (18), Lewandowski entrou em seca de golos (tem 8 golos na liga), Félix que parecia ter começado a todo o gás também o foi perdendo, o El Clásico da primeira volta da LaLiga acabou em derrota e o da final da Supertaça foi um resultado ainda mais pesado (4-1 a favor da equipa de Madrid), Gavi lesionou-se e a equipa ficou sem ele até ao final da época, assim como sem Balde, caíram da Copa del Rey e parece que a única coisa que passou a ser constante foram as más exibições, tendo passado a ser habitual ver a equipa a correr atrás do prejuízo e até a sofrer golos assim que o jogo começa:

– Villarreal na 3ª jornada – após uma vantagem de 0-2, estiveram a perder por 3-2, venceram por 3-4;

– Celta de Vigo na 6ª jornada – estiveram a perder por 2-0, ganharam por 3-2;

– Granada na 9ª jornada – sofreram golo no 1º minuto, estiveram a perder por 2-0, terminaram empatados a duas bolas;

– Alavés na 13ª jornada – sofreram golo no 1º minuto, venceram por 2-1;

– Real Betis na 21ª jornada – um pouco como o jogo da 3ª jornada. Estiveram a vencer por 0-2, deixaram-se empatar e depois lá conseguiram a vitória por 2-4;

– Na Copa del Rey foram eliminados pelo Bilbao num jogo em que mais uma vez sofreram golo no 1º minuto, deram depois a volta e estiveram a ganhar por 1-2, mas no final não seguraram nem aumentaram a vantagem e acabaram derrotados por 4-2;

– Já na Champions contra o Antwerp na 2ª volta, sofreram golo no 2º minuto, conseguiram empatar tanto a seguir ao 1º como a seguir ao 2º golo, mas o golo para lá do minuto 90’ dos belgas, ditou a derrota por 3-2.

A gota de água para Xavi foi a derrota a contar para a 22ª jornada frente ao Villarreal, onde o Barcelona chegou a anular a vantagem de 2 golos do adversário, mas terminou derrotado por 3-5. Após o jogo, o treinador decidiu então anunciar que está de saída no final da época, independentemente do que a equipa possa fazer após esta decisão.

O que é que mudou?

Para além das lesões que enumerei e as fracas exibições de alguns jogadores em particular e de toda a equipa no geral, acho que não é descabido afirmar que a saída de Busquets pode ser um dos pontos a ter influência nas prestações da equipa. Quem vê futebol com olhos de ver, sabe que Busquets redefiniu o significado de médio e aquilo que ele faz no meio campo é essencial e difícil de ser replicado por outro jogador. Algumas das frases que definem bem a importância dele foram ditas por grandes do futebol – Vicente del Bosque: “Se virmos o jogo, não vemos o Busquets. Se virmos o Busquets, vemos o jogo todo.”, e ainda Johan Cruyff:  “Vou querer ver o FC Barcelona quando Busquets já não estiver no plantel. Acho que toda a gente vai ficar chocada com a mudança que isso vai provocar.”. E se eles o dizem, quem somos nós meros adeptos e treinadores de bancada para o contrariar?

Olhando para o cenário que o Barcelona tem vivido, e em jeito de conclusão, deixo-vos as palavras que Lionel Messi disse após a conquista do título em 2018/19 e que fazem cada vez mais sentido: “Ganhámos 8 títulos da Liga em 11 anos! Não lhe damos o valor que merece, mas com o passar dos anos veremos como foi difícil.”


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